Depois de se recuperar de uma torção no joelho direito que o tirou de combate desde 9 de janeiro, Kevin Durant deve fazer sua estreia pelo Phoenix Suns nesta quarta-feira (1º/3), contra o Charlotte Hornets, no Footprint Center, no Arizona. Ao defender a quarta franquia da carreira, KD terá mais uma chance de ir atrás de um sentimento que, até o momento, o tem evadido na NBA: a felicidade.
Kevin Durant é bicampeão, MVP da temporada regular, duas vezes MVP das Finais e 13 vezes All-Star da NBA. Além disso, ganha um salário de US$ 44 milhões por ano (ou, aproximadamente, R$ 225 milhões), o quarto maior da liga, segundo a ESPN. No entanto, com todas essas credenciais, que o levaram a ser considerado um jogador top-75 da história da NBA, KD ainda não conseguiu encontrar a sua casa no basquete — apesar de já ter morado em verdadeiras mansões.
Já em 2007, quando fez sua estreia na NBA pelo extinto Seattle SuperSonics (atual Oklahoma City Thunder), Durant teve um impacto imediato, registrando uma média de 20,3 pontos e levando para casa o prêmio de Calouro da Temporada. Ao longo dos anos, se estabeleceu como uma das forças mais letais da liga, se desenvolvendo ao lado de nomes como Russell Westbrook, James Harden e Serge Ibaka.
Com esse núcleo, e em nove anos de KD como protagonista, o jovem time de Oklahoma chegou aos playoffs em seis oportunidades. Dessas seis, o Thunder esteve duas vezes nas finais da Conferência Oeste e uma vez nas Finais da NBA, em 2012, quando foi derrotado pelo Miami Heat de LeBron James em cinco jogos.
Pós-final, esperava-se que o jovem núcleo do Thunder pudesse se desenvolver em uma dinastia. No entanto, lesões, a troca de James Harden, derrotas inesperadas em playoffs e a indefinição de protagonismo entre Durant e Westbrook foram minando o projeto. O derradeiro capítulo foram as Finais da Conferência Oeste de 2016, contra o Golden State Warriors.
O Thunder chegou a abrir 3 a 1 na série, tinha uma liderança de 8 pontos de vantagem entrando no último quarto do Jogo 6, mas viu Klay Thompson pegar fogo, acertar 11 cestas de três e empatar o duelo. No Jogo 7, os Warriors fecharam a série e encerraram a era Kevin Durant em OKC.
Down 3-2, Klay and the Warriors wouldn’t be denied ?
Warriors vs. Thunder, 2016 WCF Game 6 – 2pm ET on NBA TV! pic.twitter.com/poYcwlURHf
— NBA TV (@NBATV) May 4, 2020
O próximo capítulo de Durant
“Foi sobre basquete”, limitou-se Durant a explicar sobre a decisão que chacoalhou a NBA em 4 de julho de 2016, quando o jogador anunciou que havia optado por assinar com o Golden State Warriors. “Minha principal prioridade era tomar uma decisão baseada no meu potencial de crescimento como atleta (…) e que encorajasse a minha evolução como homem”, escreveu para o The Player’s Tribune.
Apesar de toda a polidez ao explicar suas motivações, isso não livrou Durant de sofrer todo tipo de abuso, nas redes sociais e arenas, por parte de torcedores e também da imprensa. KD teve sua determinação como atleta e até o seu caráter postos em xeque por ter se juntado a uma equipe que já era campeã e que havia derrotado o próprio Thunder poucos meses atrás.
Em quadra, no entanto, tudo correu como o esperado – pelo menos no início. Nas duas primeiras temporadas, os Warriors de Durant, Curry, Thompson e Green venceram 67 e 58 jogos, respectivamente, e foram bicampeões, com KD levando para casa seus dois MVPs de Final.
O bicampeonato poderia ter sido um tri não fossem as lesões de Durant (rompimento do tendão de Aquiles) e Klay Thompson (rompimento do ligamento cruzado do joelho esquerdo) nas Finais de 2019, contra o Toronto Raptors de Kawhi Leonard. Apesar da derrota na decisão, já havia indícios de que a temporada 2018-19 não seria feliz para KD e acabaria como a sua última na Bay Area.
No livro The Victory Machine: The Making and Unmaking of the Warriors Dinasty, o repórter Ethan Strauss detalha que Durant começou a se sentir preterido pelos fãs devido à popularidade de Stephen Curry. Além disso, em termos de basquete, KD já não se sentia totalmente confortável com o ataque comandado pelo técnico Steve Kerr, chegando a sugerir que suas táticas eram “limitadas”. A gota d’água, no entanto, pode ter acontecido em um jogo contra o Clippers, em novembro daquela temporada.
No final da partida, Kevin Durant pediu, mas não recebeu a bola de Draymond Green. Os dois começaram uma vigorosa discussão dentro de quadra que foi parar nos bancos. Green teria ofendido KD agressivamente e acabou sendo suspenso pela franquia.
1 year ago today, Draymond Green called Kevin Durant a bitch after he decided not to give him the last shot with seconds ticking down in regulation pic.twitter.com/9mKCJsuDSS
— Lee Harvey (@AyeThatsLee) November 12, 2019
Confusões em Brooklyn
Diferentemente de sua saída de Oklahoma, Durant utilizou o tom “sincerão” para explicar porque optou deixar Golden State, afirmando que nunca se sentiu inteiramente aceito pela franquia e torcedores. “Conforme o tempo foi passando, eu comecei a perceber que eu era diferente do resto dos caras. Não é algo ruim, é só sobre as circunstâncias nas quais eu me desenvolvi na liga. E além disso, a imprensa sempre nos separou entre KD e os Warriors. Então ninguém nunca me aceitou completamente ali”, concluiu, na coletiva de apresentação em sua próxima parada, o Brooklyn Nets.
Durant escolheu desembarcar em Nova York ao lado do amigo Kyrie Irving para a temporada 2019-2020. No campeonato seguinte, a dupla se transformou em um trio imponente, com a chegada de James Harden via troca. No entanto, a ameaça ofensiva imposta por esse grupo de jogadores ficou só no papel.
Devido a lesões, KD, Harden e Kyrie atuaram apenas 16 vezes juntos. Mesmo desfalcados, os Nets estiveram perto de eliminar o eventual campeão Milwaukee Bucks nas semifinais de Conferência Leste de 2021. A partir daí, os problemas começaram a se acumular.
Segundo o repórter Jake Fisher, do Bleacher Report, James Harden teria se frustrado com a postura antivacina de Kyrie, que só permitia ao armador atuar em jogos fora de casa. O Barba, então, foi trocado para o Philadelphia 76ers, e Brooklyn recebeu, de volta, Ben Simmons, Seth Curry, Andre Drummond e escolhas de draft. Nos playoffs de 2022, com Durant e Kyrie em quadra, os Nets foram varridos pelo Boston Celtics ainda na primeira rodada.
Na off-season, Durant pediu para ser trocado, alegando “falta de estabilidade e comprometimento” dentro da franquia. Além disso, o jogador teria requisitado a demissão do técnico Steve Nash, algo que viria a acontecer meses depois. KD permaneceu, porém, o fator Kyrie voltaria a dar as caras.
Após a crise com relação à pandemia de Covid-19, Irving voltou a ser suspenso por comentários antisemitas. Apenas com Durant em quadra do Big 2, Brooklyn teve um começo de temporada vacilante, o que levou KD a reclamar publicamente de seus companheiros para o repórter Chris Haynes, do Bleacher Report. O que poderia ser um princípio de crise, no entanto, teve o efeito inverso. Os Nets começaram a empilhar vitórias e, com Kyrie de volta, finalmente começaram a jogar como uma das melhores equipes da Conferência Leste.
Porém, como tem acontecido na história recente de Brooklyn, o bom momento não durou muito tempo. Em janeiro, KD sofreu uma torção em seu joelho direito. E no último 6 de fevereiro, os Nets oficializaram a troca de Kyrie Irving para o Dallas Mavericks.
Ao sol
Três dias depois da saída de Kyrie, Kevin Durant foi trocado para o Phoenix Suns por Mikal Bridges, Jae Crowder, Cam Johnson e quatro escolhas de primeira rodada desprotegidas. O preço pago por KD indica que, mesmo aos 35 anos, o ala continua em alto nível, registrando médias de 29,7 pontos, 6,7 rebotes e 5,3 assistências por partida.
Confira a análise do influencer Dois Por Cento sobre a chegada de Durant ao Suns:
No Phoenix Suns, time que esteve nas Finais da NBA há duas temporadas, ele atuará ao lado de um dos maiores armadores da história da NBA em Chris Paul, um talentoso e produtivo pivô em DeAndre Ayton e uma jovem estrela em pleno auge de seu jogo em Devin Booker.
— Sei que sempre haverá pressão porque eu sou um dos melhores jogadores de todos os tempos. Sempre que eu entro em quadra, as pessoas vão esperar que eu realize grandes feitos — afirmou em sua coletiva de apresentação.
