O caso de violência doméstica envolvendo Kevin Porter Jr. pode ser uma grande chance para a NBA enterrar o histórico “passador de pano” diante da violência contra a mulher.
Na última segunda-feira (11), o jogador do Houston Rockets foi preso pela polícia em Nova York após ter espancado a namorada, Kysre Gondrezick, que já teve passagens pela WNBA.
De acordo com o boletim médico, a vítima teve uma das vértebras do pescoço quebradas pelo atleta, que tentou enforcá-la com as mãos, além de diversos hematomas no rosto, um corte acima do olho direito e dificuldade para respirar.
Uma investigação preliminar no quarto do hotel em que tudo aconteceu determinou que um indivíduo conhecido bateu nela várias vezes. Em sua queixa criminal, a jogadora e modelo afirmou que Porter Jr. só parou de agredi-la quando ela conseguiu fugir para o corredor coberta de sangue.
Até o momento, nem a NBA, nem o Houston Rockets tomaram alguma decisão sobre o futuro de Kevin na liga, apenas afirmaram que estão em fase de apuração de fatos.
As possíveis punições podem variar em um determinado número de jogos de suspensão e até mesmo retirada definitiva do campeonato nacional de basquete —caso opte pela segunda opção, a liga poderá corrigir a vista grossa que fez ao longo dos anos quando diversos de seus atletas se envolveram em casos de violência contra a mulher.
Kevin Porter Jr. não é caso isolado de violência contra a mulher
O caso mais recente de violência doméstica na NBA aconteceu no ano passado, quando Miles Bridges foi preso por agredir a então companheira, Mychelle Johnson, com quem teve dois filhos.
O jogador do Charlotte Hornets foi condenado pela justiça e pegou um gancho de 30 jogos de suspensão. Durante a prisão, não contestou a acusação feita pela vítima em troca de liberdade condicional e nenhuma pena de cárcere.
Quando as investigações sobre o caso foram encerradas pela NBA, Miles já havia cumprido 20 jogos de suspensão, de modo que restassem ainda 10 partidas até que se cumprisse a punição oficialmente anunciada.
Com isso, Bridges poderá retornar às quadras no começo da próxima temporada pelos Hornets, que ofereceram extensão de contrato com um salário ainda maior.
A franquia da Carolina do Norte, inclusive, abafou outro caso de violência contra a mulher ao selecionar Brandon Miller como a 2ª escolha geral no Draft de 2023.
O jovem talento se envolveu em um feminicídio em janeiro deste ano, quando forneceu a um de seus amigos a arma que matou Jamea Jonae Harris, jovem que estava sendo importunada pelo colega do jogador que puxou o gatilho. Não houve sequer uma palavra sobre isso por parte da liga, muito menos por parte da franquia.
A punição de Ja Morant por mostrar uma arma nas redes sociais foi o estopim para a negligência da NBA diante da violência doméstica. O astro do Memphis Grizzlies foi punido, ao total, com 33 jogos de suspensão —três a mais que Bridges, que de fato cometeu um crime.
Morant, inclusive, está proibido de participar do training camp da pré-temporada da NBA, enquanto Porter Jr. ainda tem a chance de aparecer por lá —mas não pelo Houston Rockets, que já trabalha para trocá-lo.
Histórico de violência doméstica na NBA
Assim como Kevin Porter Jr. e Miles Bridges, outros jogadores de basquete também já foram presos por violência contra mulheres.
Em fevereiro deste ano, a presença de Karl Malone no All-Star Weekend gerou revolta, já que durante sua carreira na NBA, o ex-jogador, aos 20 anos, engravidou uma garota de apenas 13 anos. Pela lei da Lousiana, qualquer relação com alguém menor de 17 anos é considerada estupro, mas a família da vítima não denunciou o atleta.
Em 2018, Jabari Bird foi afastado por tempo indeterminado pelo Boston Celtics após ameaçar, agredir e sequestrar sua então namorada. O jogador foi trocado para o Atlanta Hawks, mas acabou migrando para o México.
Em 2007, Jason Kidd foi acusado de violência doméstica pela então esposa. O ex-jogador já havia sido preso em 2001 por agredir a ex-namorada, mas sua carreira na NBA não foi afetada. Atualmente, ele é o técnico principal do Dallas Mavericks.
O caso de maior repercussão aconteceu em 2003, quando Kobe Bryant foi acusado de estupro pela recepcionista de um hotel no Colorado onde ele estava hospedado.
O astro do Los Angeles Lakers sempre negou a acusação, mas admitiu a relação sexual e fez um pedido de desculpa à vítima e pagou uma indenização de US$ 2 milhões (R$ 9,7 milhões, na cotação atual) por danos morais.
Para se livrar do peso da acusação, Bryant criou a mentalidade “Black Mamba” para voltar à popularidade e recebeu total apoio dos Lakers, da NBA e da Nike, sua patrocinadora.