Um Sonho Possível: vale a pena ver?

André Garda | 02/06/2018 - 23:38

The Blind Side (o ponto cego ou o lado invisível, em tradução bem livre), intitulado Um Sonho Possível em português, conta a história do jogador de linha ofensiva Michael Oher – que jogou pelo Baltimore Ravens, Tennessee Titans e Carolina Panthers e foi campeão do Super Bowl XLVII durante sua carreira na National Football League.

Vale a pena ver este filme em um domingo à tarde sem NFL e nada para fazer? É isso que vamos tentar te ajudar a decidir. O outro filme que falamos sobre nessa seção é Moneyball: O Homem que Mudou o Jogo.

(Crédito: Wikimedia Commons)

O filme – que rendeu o único Oscar da carreira de Sandra Bullock e que era para ter Julia Roberts como protagonista – começa de uma maneira no mínimo interessante.

Leigh Anne Tuohy, personagem da atriz americana, começa falando um pouco dos momentos antes do início de uma jogada de futebol americano e, contando em Mississipis, revela como o Hall of Famer Lawrence Taylor, um dos pass rushers mais dominantes da história da liga, quebrou a perna de Joe Theismann, quarterback do Washington Redskins, em um sack.

E isso fez a liga dar ainda mais importância ao left tackle. Esta posição, por algum acaso, cuida das costas do signal caller, ou melhor dizendo, o ponto cego dele, o que dá o nome ao filme.

A partir daí está dada a largada para a história de um garoto que vivia mudando de escolas e a família que cuidava dele o abandona. Com um tamanho acima da média, ele é adotado pela família Tuohy, que sempre frequentou Ole Miss, a Universidade de Mississipi, e lhe dá toda a estrutura de apoio.

Isso gera um evidente sucesso: ir para uma faculdade e depois ser draftado pelo Baltimore Ravens na 23ª escolha geral do draft de 2009.

Coisas legais a se notar em “Um Sonho Possível”

Entre todas a idas e vindas do filme, alguns pontos interessantes da história são interessantíssimos e se destacam. O primeiro deles é a atenção que a personagem da Sandra Bullock dá às informações que ela tem em mãos. Sabendo que Big Mike (Michael Oher), personagem protagonizado por Quinton Aaron, tem instinto de proteção, ela consegue indicar que a melhor posição para ele é na proteção do quarterback.

Conhecendo o menino, ela mostra ao técnico do high school que a melhor maneira do jovem garoto assimilar as instruções são metáforas ligadas a família e com um jeito específico de se falar, sem usar gritos. Com isso se passa um pouco a ideia de que não é possível tratar todos da mesma maneira e cada um tem um jeito que receber as informações, algo que acontece no meio esportivo e em empresas bem administradas.

Além disso, Um Sonho Possível mostra um pouco os bastidores da NCAA (National Collegiate Athletic Association), entidade que cuida do esporte universitário nos Estados Unidos. O principal ponto é como a organização tenta evitar que atletas sejam pagos para atuarem na faculdade.

Nesse caso, houve a desconfiança e investigação que a família, doadora de fundos para Ole Miss, “investiu” na criação do menino para ter o retorno esportivo adiante. A investigação realmente existiu, especialmente porque Oher tinha várias outras propostas para jogar com bolsa: Alabama, Auburn, Tennessee, etc. No fim, foi provado que Ole Miss não cometeu nenhuma irregularidade no recrutamento.

Por fim, é interessante destacar a importância dada nos Estados Unidos para que o esporte seja ligado aos estudos, possibilitando que atletas universitários que não se profissionalizem estejam prontos para entrar no mercado de trabalho. Além da exigência das universidades para os atletas terem uma média mínima para conseguirem jogar.

Também é importante destacar que, apesar do filme ser amado por muitas pessoas, Michael Oher já disse não ser fã do filme por toda a repercussão que ele gerou e como as pessoas olham para ele a partir de Um Sonho Possível.

Muito legal, mas e o filme… é bom?

Como tudo na vida, a resposta é depende. O filme vai emocionar e gerar algumas lágrima para os mais ou as mais chorões/choronas. A história é bonita e o fato de ter acontecido de verdade gera ainda mais a ligação com o personagem e a situação.

Um Sonho Possível não é o filme que vai mudar sua vida e tanto em roteiro como atuações e desenvolvimento da história, é inferior a Moneyball. Mas vale sim a pena assistir, especialmente se você não está a fim de ver um filme com explosões e carros capotando mas também não quer pensar demais e cair de cabeça no cinema soviético.

Escrito por André Garda
Amante de esportes em geral e ex-jogador de beisebol. Apesar de preferir o passatempo americano e torcer pelo New York Yankees, me redimo ao acompanhar o sofrido Miami Dolphins na NFL e fico sem time da NBA.