NBA: Lillard brilha, mas fidelidade aos Blazers impede voos mais altos

Paola Zanon | 21/03/2023 - 06:00

Damian Lillard não se cansa de enfileirar grandes atuações na NBA. No jogo contra o Boston Celtics, na última sexta-feira (17), o armador marcou 41 pontos, que não foram suficientes para a vitória do Portland Trail Blazers. A sua equipe, inclusive, está cada vez mais perto de ficar fora dos playoffs.

A pontuação fez com que o jogador atingisse uma marca que não aparecia na liga desde a temporada de 2005-06, com Kobe Bryant: jogos com 30, 40, 50, 60 e 70 pontos em uma mesma temporada.

A realidade que, no momento, não deixa os Blazers nem perto da zona de play-in — seriam necessárias cinco vitórias em 10 jogos contando com as derrotas de quem está na frente — fez com que o jogador fizesse um desabafo ao final do jogo.

— Praticamente saímos da corrida pelo 10º lugar. Adoro jogar, adoro a competição e não estou pronto para desistir disso. Mas chega um momento em que você para de colocar sua natureza competitiva na frente — declarou, ao sinalizar que, por enquanto, não há nenhuma intenção de deixar a franquia.

Amor à camisa

O armador de 34 anos começou a carreira na NBA ao ser draftado pelo Portland na 6ª escolha geral em 2012, ali assinou e ali permaneceu.

Em 11 anos de carreira, foram 676 jogos, 16.408 pontos, oito idas aos playoffs, sete All-Star Games e nenhum anel de campeão. A fidelidade ao time, no entanto, parece falar mais alto do que a possibilidade de ser trocado em busca de um título em uma franquia melhor.

Em alguns casos, a história pode ser bem escrita, como vem sendo a de Giannis Antentokounmpo no Milwaukee Bucks e a de Stephen Curry no Golden State Warriors, ou como foi a de Kobe no Los Angeles Lakers, com nada menos que cinco títulos da NBA.

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Mas em outros casos, a fidelidade pode não ser tão grata assim. Bradley Beal, por exemplo, se encontra na mesma situação de Lillard. Draftado também em 2012, como a terceira escolha geral pelo Washington Wizards, o ala-armador tem números impressionantes e já marcou 15.288 pela franquia.

Mas assim como Damian, Bradley também não tem nenhum anel e, ao menos nesta temporada, está longe de conseguir a maior conquista da NBA.

Era de empoderamento

Jogadores de alto nível como James Harden e o próprio LeBron James já deixaram de lado equipes que ficaram marcadas por eles em busca de melhores oportunidades na carreira.

LeBron, draftado pelo Cleveland Cavaliers, chegou a ser eleito MVP duas vezes, mas não conquistou nenhum título em suas sete primeiras temporadas. O primeiro anel só veio com o Miami Heat, em 2011-12. O segundo veio na temporada seguinte.

Depois de quatro temporadas fora, com dois anéis nas mãos, o maior pontuador da história da NBA voltou aos Cavs e os fez conquistar o título em 2015-16. Quando o time perdeu força mais uma vez, se despediu de LeBron, mais uma vez. O ala foi para o Los Angeles Lakers, onde conquistou seu quarto campeonato em 2019-20.

O movimento de James abriu portas para que outros jogadores de alto nível também pudessem sinalizar o interesse em deixar suas franquias que, na época, não tinham condições de ganhar um título.

O Houston Rockets foi marcado pela era de ouro do Barba, que levou o time às finais de conferência na temporada de 2017-18 e foi eleito o MVP daquele ano. A franquia não tinha um jogador de mais valor desde 1994, com Hakeem Olajuwon.

Apesar da frustração de perder para o Golden State Warriors, Harden seguiu nos Rockets na temporada seguinte e chegou à semifinal de conferência.

Mais um ano sem títulos foi o suficiente para que ele deixasse a franquia e arrumasse as malas em direção ao Leste. Hoje, com o Philadelphia 76ers e a parceria com Joel Embiid, ele tem, mais uma vez, chances reais de chegar à final.

Não é uma coincidência que a maioria dos “jogadores de um time só” que já foram campeões da NBA também já estejam aposentados —assim como suas camisas.

Escrito por Paola Zanon
Paola Zanon é jornalista formada pela Cásper Líbero, repórter e redatora com passagens pelo Notícias da TV, R7 e UOL Esporte. A carreira no jornalismo esportivo começou com a cobertura dos Jogos Pan-Americanos de 2019 pelo R7 até chegar ao Quinto Quarto em fevereiro de 2023. São-paulina de coração e apaixonada por basquete, futebol e viagens.