NBA: finais de conferência expõem força do streaming sobre TV a cabo

Paola Zanon | 19/05/2023 - 06:00

A transmissão das finais de conferência da NBA no Brasil mostraram, pela primeira vez, a força que as plataformas de streaming vêm ganhando sobre os canais de TV a cabo. Pelo menos em relação ao basquete.

O Amazon Prime Video fez uma jogada de mestre ao contratar Romulo Mendonça para comandar não só os jogos da NBA, mas também da Copa do Brasil — motivo pelo qual ele, inclusive, aceitou a proposta.

Os consumidores de basquete seguiram o locutor e também migraram para o streaming, principalmente pela quantidade de jogos transmitidos, às vezes, até de forma simultânea.

O resultado foi tão positivo, que o SporTV perdeu bastante espaço, mesmo na temporada regular, da qual poucos jogos tiveram transmissão.

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Até a temporada passada, ESPN e SporTV dividiam a hegemonia do basquete, sobretudo nas finais de conferência, quando cada canal tinha a transmissão exclusiva do Leste ou do Oeste.

Este ano, pela primeira vez, a tradição foi quebrada. O canal do Grupo Disney continua com a exclusividade de uma das conferências — no caso, a Oeste. Apesar disso, jogou a transmissão do Jogo 2, entre Los Angeles Lakers e Denver Nuggets, para a ESPN Extra, enquanto a partida entre 123 Minas e Sesi Franca não terminava pelo Jogo 3 da semifinal do NBB.

Mas o canal do Grupo Globo foi obrigado a dividir as transmissões das finais do Leste com o Prime Video, no streaming, e com a TNT Sports, no canal fechado e no YouTube. O serviço de streaming da Amazon, inclusive, levou Romulo e o comentarista Ricardo Bulgarelli aos Estados Unidos para fazerem as transmissões in loco.

A presença do narrador e do comentarista nos ginásios, primeiro no TD Garden e depois no Kaseya Center, dá não somente mais ambientação do que acontece no jogo como permite conteúdos exclusivos ao longo da programação. Aí mora também a valorização dos profissionais.

Isso também é um reflexo da perda da hegemonia da Globo como um todo no meio esportivo, visto que emissoras como Record, SBT e Band investiram na disputa dos direitos de transmissão de campeonatos regionais, nacionais e internacionais de futebol — e conseguiram espaço.

NBA no streaming

A transmissão online tem muito mais prós do que contras a seu favor. Um dos trunfos é que não existe uma grade de programação para que os jogos, que duram de três a quatro horas, sejam encaixados.

Esse é um dos principais motivos pelos quais a NBA não tem conseguido espaço na TV aberta: ninguém quer abrir mão da programação regular para transmitir um jogo de basquete, ainda que seja de elite. Por esse motivo, inclusive, a Band está disposta a abrir mão dos direitos sobre a liga norte-americana.

Já no Prime Video, o tempo está longe de ser um problema. A estrutura da plataforma conta com um pré-jogo de 30 minutos, além da transmissão de outros campeonatos como a WNBA e a NCAA, e um mesacast semanal para falar sobre as partidas, franquias e jogadores; o Panela NBA.

O telespectador também tem a vantagem de pausar o jogo, voltar lances e até mesmo assistir após o fim da transmissão, além de poder acessar a partida de qualquer lugar através do aplicativo para celular. O atraso na chegada do sinal, em relação ao que está acontecendo e o que chega para o telespectador, ainda é um ponto a ter a tecnologia evoluída.

Uma importante razão pela qual a ESPN não ficou para trás com o SporTV, além da tradição, é que ela também tem transmissão em plataforma de streaming, o Star+, que conta com as mesmas facilidades.

O serviço do Grupo Disney, no entanto, não se popularizou tanto quanto o Prime Video. Isso por causa da falta de campanha nas redes sociais — no Twitter, a hashtag das transmissões é #NBAnaESPN, enquanto a do concorrente é #NBAnoPrimeVideo.

Outro ponto, bem mais importante, é o investimento: a NBA pode ser acompanhada no streaming da Amazon pelo valor de R$14,90 mensais. Os planos do Star+ começam a partir de R$32,90 ao mês, mais que o dobro do valor.

Por Paola Zanon, do Quinto Quarto

Escrito por Paola Zanon
Paola Zanon é jornalista formada pela Cásper Líbero, repórter e redatora com passagens pelo Notícias da TV, R7 e UOL Esporte. A carreira no jornalismo esportivo começou com a cobertura dos Jogos Pan-Americanos de 2019 pelo R7 até chegar ao Quinto Quarto em fevereiro de 2023. São-paulina de coração e apaixonada por basquete, futebol e viagens.