Referência na transmissão da NBA, Alana Ambrósio revela que já se emocionou com mensagem de fã

Paola Zanon | 23/04/2023 - 07:00

Alana Ambrosio tem se tornado uma importante voz feminina na transmissão da NBA para o Brasil, mas isso nem é o que mais motiva a comentarista de basquete do Amazon Prime Video e da ESPN.

Mais do que informar com precisão, com números, dados, estatístiacas e tudo mais que envolve uma partida, a paixão da jornalista está em espalhar o amor que tem pelo esporte da bola laranja. Exemplo disso foi quando se emocionou com a mensagem de uma família nas redes sociais.

Narradoras, comentaristas e repórteres mulheres já não chega mais a ser uma surpresa em um meio que durante muito tempo foi bastante masculinizado. O sucesso no microfone — e também nas redes sociais, com 85,5 mil seguidores no Instagram — faz com que ela se consolide como uma referência nas transmissões.

— Vejo isso como como uma honra, mas acho que ainda tem muito espaço para mulheres ocuparem, para mulheres falarem de basquete. É muito legal ver que em pouco tempo esse cenário já mudou bastante, tem mais abertura, mas ainda é um lugar muito limitado e existem barreiras. Existe um mundo inteiro ainda para se ocupar espaços, para normatizar a presença feminina — declarou ela, em uma conversa com o Quinto Quarto.

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A representatividade tem feito com que ela receba muitas mensagens e comentários de mulheres que passaram a sentir mais intimidade com o basquete através do conteúdo criado por ela e do trabalho na transmissão da NBA.

— É muito legal receber esse tipo de mensagem, de garotas que estão começando a acompanhar basquete, ou que já acompanham faz tempo, e falam: ‘me sinto feliz quando você está, porque é uma visualização diferente do que a gente está acostumada’.

Uma mensagem em especial chamou a atenção da apresentadora no Instagram. “Ouvimos uma garota de 12 anos dizendo para o pai: ‘Não, pai! Eu quero a do Chicago Bulls, o time da Alana!’, saiba que seu trabalho está influenciando a nova geração”, comentou um internauta.

— Eu chorei com esse post, achei uma coisa muito bonita, é a realização do que eu pretendo com o meu trabalho, que é, além de informar, fazer as pessoas se apaixonarem pelo basquete.

Apesar do sucesso nas redes sociais, Alana ainda sente que existe uma resistência por parte do público masculino. “Às vezes, as críticas vêm com teor diferente das críticas que seriam feitas a um homem, então procuro fazer o trabalho com mais seriedade ainda, para que em breve a gente nem fale mais nisso”, afirmou.

Jornalista e torcedora dos Bulls

Alana Ambrosio começou a acompanhar o basquete ao lado do pai, junto com várias outras modalidades — o coração corintiano entrega a paixão pelo futebol, que também faz parte do seu trabalho.

Os 30 anos entregam que a paixão pelo Chicago Bulls não é por causa de Michael Jordan, já que ela era uma criança quando o maior jogador da história estava em seu auge.

— Foi uma coisa minha do meu pai, que foi natural, a gente foi começando a assistir aos jogos juntos e virou meio que um ritual. O Chicago Bulls foi porque o primeiro jogo que eu lembro de assistir, e que me marcou muito, foi talvez o melhor primeiro round de playoffs entre Bulls e Boston Celtics, foi um jogo que teve três prorrogações, e o Chicago venceu aquele jogo e perdeu a série.

Alana Ambrosio com a camisa do Chicago Bulls. Foto: Reprodução/Instagram
Alana Ambrosio com a camisa do Chicago Bulls. Foto: Reprodução/Instagram

A rodada aconteceu na temporada de 2008-09, em uma série que contou com os sete jogos. O confronto com três prorrogações e vitória dos Bulls deixou a série empatada em 3 a 3, mas os Celtics venceram o Jogo 7 e seguiram na competição.

— Gostei muito do jeito que eles jogaram, com muita intensidade, muita defesa. Tanto que dois anos depois, eles chegaram na final do Leste, no auge do Derrick Rose. E eu falei: ‘Vou torcer para o Chicago Bulls’. É engraçado, porque eu sou uma das poucas pessoas que não associa em nada com a época do Jordan.

Quando começou a carreira como jornalista, seguindo os passos da mãe, Alana nunca pensou que se tornaria uma comentarista esportiva, até porque não existiam mulheres exercendo essa função.

— Foi algo que eu fui tendo que desmistificar na minha própria cabeça também, fazer essa desconstrução e perceber que passava por mim, no sentido de poder ocupar esse espaço. É uma coisa que eu ficava tão insegura, que até hoje eu passo horas estudando, mas na época [que eu comecei], eu sempre tinha aquela síndrome de impostora, tipo, será que alguém poderia fazer esse trabalho melhor que eu?

A falta de referências femininas no Brasil foi responsável por essa síndrome de impostora, então ela passou a buscar inspiração de fora ao observar o trabalho de jornalistas esportivas como Rachel Nichols, Malika Andrews, Maria Taylor e Doris Burke.

— Eu olhava e pensava: ‘que legal esse trabalho que elas fazem, mas elas estão tão distantes. E hoje já cobri Mundial de Basquete, NBA Finals, já viajei para cobrir All-Star Game. É um passinho de cada vez — celebrou Alana Ambrosio.

Por Paola Zanon

Escrito por Paola Zanon
Paola Zanon é jornalista formada pela Cásper Líbero, repórter e redatora com passagens pelo Notícias da TV, R7 e UOL Esporte. A carreira no jornalismo esportivo começou com a cobertura dos Jogos Pan-Americanos de 2019 pelo R7 até chegar ao Quinto Quarto em fevereiro de 2023. São-paulina de coração e apaixonada por basquete, futebol e viagens.