NBA: eliminação dos Warriors indica fim da dinastia?

Matheus Costa | 17/05/2023 - 20:08

Depois de uma série de seis jogos com altos e baixos, os Lakers eliminaram os atuais campeões Warriors para avançar às finais da Conferência Oeste da NBA com um belo 4 a 2. A eliminação foi dolorosa para os fãs da equipe que montou uma dinastia nos últimos anos na liga. Mas por que ela aconteceu?

Para explicar por que a temporada dos Warriors não saiu como planejada, é necessário relembrar o que aconteceu durante a pré-temporada, logo após o título da franquia. Após uma breve discussão, Draymond Green deu um soco e praticamente nocauteou Jordan Poole. A cena foi gravada e vazada por um funcionário, virando assunto no mundo inteiro. Mas além de um vazamento básico, a agressão indicou um racha no vestiário — que o tempo mostrou ser verdadeiro.

O elenco teve, sim, algumas mudanças. Nenhuma importante ou relevante o suficiente para justificar a queda de rendimento durante a temporada. Trocar DiVicenzo por Otto Porter Jr ou JaMychal Green por Nemanja Bjelica não deveria influenciar a alteração do curso de um navio. E isso não aconteceu. O que aconteceu foi o clima no vestiário que azedou de vez antes mesmo dos jogos começarem. E isso se refletiu em quadra.

Pela primeira vez em muito tempo, os Warriors mostraram uma defesa ineficiente, tiveram jogos tecnicamente ruins e foram incrivelmente inconsistentes durante toda uam temporada. Além das inúmeras lesões, que só pioraram as coisas. De quebra, Jordan Poole passou longe de repetir a performance incrível nos playoffs do ano interior. Quando mais Steve Kerr precisou dele, especialmente contra os Lakers, ele não estava lá para ajudar. E ficou difícil.

Steve Kerr, técnico do Golden State Warriors. Foto: Gary A. Vasquez / SUSA / Icon sport
Kerr teve dificuldades com parte física do elenco. Foto: Gary A. Vasquez / SUSA / Icon sport

Historicamente, a franquia sempre confia em seus três pilares (Stephen Curry, Klay Thompson e Draymond Green) quando se encontra em momentos de dificuldades. No entanto, é preciso afirmar que os Warriors nunca enfrentaram um momento de incerteza e insegurança tão grande como o de agora visando o futuro. Implodir? Reconstruir? Reparar? O que fazer?

Green tem uma opção de jogador de US$ 27,5 milhões para exercer, mas seu futuro é incerto. Thompson já mostrou que pode render, mas que não como antes de suas lesões. Curry completou 35 anos e segue tendo problemas com seus tornozelos. Poole, em seu primeiro ano de longo e caro contrato, mostrou que está bem distante de seus companheiros em todos os sentidos. Andrew Wiggins segue inconsistente. Os novatos escolhidos nos últimos drafts não corresponderam. De quebra, a franquia ainda viu James Wiseman, trocado para os Pistons, despontar com as atuações que eles tanto precisavam e nunca tiveram do jovem atleta. Tudo isso com bela quantia de US$ 480 milhões em taxas que a franquia irá precisar pagar nos próximos anos.

A declaração recente de Jordan Poole sobre seu relacionamento com Draymond Green depois do incidente da agressão mostra que, basicamente, o vestiário está dividido. O atleta de 23 anos deixa claro que eles são apenas companheiros de time que tentam vencer jogos, mas que não sabe responder qual é o relacionamento de ambos fora das quadras.

— Eu não tenho uma resposta para você. Nós entramos em quadra e somos companheiros de time, e tentamos vencer jogos. O que eu me lembro de ter dito no início da temporada foi: ‘nós estamos chegando, vamos jogar em quadra e vamos tentar vencer o campeonato’. Nós somos companheiros de times. São apenas negócios, sinceramente. E é tudo o que sempre foi. Apenas negócios. Apenas basquete.

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Os Warriors construíram uma cultura de coletividade nos últimos anos e isso resultou em quatro dos últimos oito títulos da NBA. Uma dinastia que pode ser comparada com a dos Bulls e a dos Celtics. Um legado irreparável. Mas nunca antes na história desta dinastia, os principais fundamentos de uma cultura intocável pareceram ser tão problemáticos.

Após a saída de Kevin Durant em 2019, também causada por um problema com Draymond Green, os Warriors desenvolveram um planejamento chamado “plano de dois caminhos”. Basicamente, manter seus pilares e desenvolver uma nova geração de jovens para seguir o legado sob a filosofia previamente estabelecida por Steve Kerr. O plano falhou e parece ser o motivo da crise.

Como diz o ditado popular: “para tudo tem jeito nessa vida”. Inclusive, para os Warriors e sua dinastia. Mas uma mudança é necessária. Elenco, interna, filosofia… uma mudança precisa acontecer e ela precisa ser drástica. Ou, como toda a história, o legado de Steph Curry e seus companheiros chegará ao fim. Mas não de uma forma tão amigável e bonita como muitos pensavam.

Escrito por Matheus Costa
Matheus Costa é jornalista, repórter e redator com passagens por MMA Brasil, LANCE!, O Dia, Yahoo! e outros. Sua carreira no jornalismo iniciou na cobertura do MMA, depois se expandindo para a cobertura do futebol e dos bastidores de televisão esportiva brasileira. Já cobriu in loco eventos de MMA, futebol, basquete e jiu-jítsu.