O Los Angeles Lakers está em crise.
Há poucas semanas, escrevi sobre o bom momento vivido pelo time de LeBron James e Anthony Davis, que havia acabado de conquistar o torneio de temporada da NBA. Se no início de dezembro a equipe dava indícios de que entraria de vez na briga pelo título, o começo de 2024 apresenta uma realidade cheia de incertezas. Foram 12 jogos e apenas três vitórias de lá para cá.
A derrota mais recente veio na noite de quarta-feira (3), diante do Miami Heat, em LA, por 110 a 96. LeBron James marcou apenas 12 pontos, sua pior marca na temporada. Ele não quis falar depois da partida, mas o técnico Darvin Ham relacionou a fase aos desfalques.
— Não vamos ser consistentes até ficarmos saudáveis, simples assim — declarou.
Apenas Taurean Prince e Austin Reaves estiveram disponíveis em todo os 12 compromisso desde a final contra o Indiana Pacers. Desfalques sérios, no entanto, Ham teve apenas o de Gabe Vincent. No mais, foram sempre ausências pontuais – o próprio LeBron, por exemplo, ficou de fora duas vezes.
A desculpa dada por Darvin Ham é justa, mas soa apenas como… Desculpa. Nesta quinta-feira, o repórter Shams Charania, do The Athletic, trouxe a informação de que existe um descontentamento de parte do elenco com recentes ajustes feito pelo treinador na rotação da equipe. As mudanças de Darvin Ham, bem como a resposta do grupo a elas, fazem mais sentido do que não ter 100% do time à disposição.
Entre as tentativas recentes, Jarred Vanderbilt ganhou um lugar entre os titulares afim de melhorar a defesa. A melhora não aconteceu. Contra o Heat, Vanderbilt ficou de fora para que jogasse Austin Reaves, um pontuador. Resultado: 96 pontos, segunda marca mais baixa na temporada. A esta altura, Ham parece perdido, e os relatos de Charania mostram que os jogadores parecem saber disso.
Os números que preocupam nos Lakers
O “problema” LeBron James
Para tentar entender melhor o que está acontecendo, vamos analisar alguns números de Los Angeles nesta sequência. Um dos mais alarmantes é o desempenho do time com LeBron James. Com ele em quadra, o time perdeu por 92 pontos nos últimos 10 jogos, o pior plus/minus do elenco. Neste recorte de quase um mês, apenas atletas de equipes como Detroit Pistons, Charlotte Hornets, Washington Wizards e Brooklyn Nets tiveram desempenhos inferiores.
Para quem vê as estatísticas cruas, talvez seja difícil compreender. Ainda que tenha oscilado, as de LeBron seguiram altas no período: 25.1 pontos, 9.2 assistências e 7.0 rebotes. O problema mesmo se dá no outro lado. Ele é só o sétimo no ranking de arremessos de 2 pontos contestados, com média de 1.9. O Rei ainda contesta 2.0 chutes do perímetro, totalizando 3.9 por partida.
Uma das explicações para isso é obviamente a idade. Aos 39 anos, LeBron é o jogador mais velho em atividade na NBA. Ele é também o segundo com mais minutos disputados na história da liga, mais de 55 mil, atrás apenas de Kareem Abdul-Jabbar. Não espere vê-lo dando tudo de si na defesa em jogos de temporada regular, especialmente tão longe da reta final.
A promessa da comissão técnica era dar ao camisa 23 menos 30 minutos por jogo esta temporada. Após a Copa NBA, ele teve média de 36.5 minutos de participação. O líder deste quesito na liga é Fred VanVleet, com 37.4.
Inconsistência no ataque
Lembra da entrada de Vanderbilt para melhorar a defesa? Ela também significou a promoção de um atleta que, em cinco aparições como titular, teve apenas 5.4 pontos – a estatística baixa para 3.2 se levarmos em consideração todo o período analisado. Além dele, outro titular exaltado pelas características defensivas, Cam Reddish contribuiu com singelos 5.8 pontos nas noites em questão
Anthony Davis (30.0), LeBron James (25.1) e Austin Reaves (17.6) são responsáveis por 63.3% dos 114.8 pontos de média do time nos últimos 25 dias. Na derrota diante de Miami, Reddish e Prince começaram entre os titulares e terminaram zerados em pontos. Prince atuou por 28 minutos, tentou seis arremessos e não converteu nenhum. Terminou com um plus/minus de -14, o segundo pior de Los Angeles, atrás apenas de LeBron (-20).
Futuro dos Lakers está fora de Los Angeles?
Se você acompanha LeBron James e os Lakers, sabe que os meses de janeiro e fevereiro costumam ser movimentados no mercado de trocas. Já escrevi aqui por que não considero Zach LaVine uma boa opção, mas o fato é que o interesse existe de maneira quase pública. Em um momento de crise como o que se instalou na Crypto.com Arena, é bem possível que algo seja tentado.
Vale ficar de olho também na novidade trazida por Shams Charania. Em 2016, o Cleveland Cavaliers demitiu David Blatt e promoveu ao seu lugar Tyronn Lue, então assistente técnico. Foi o movimento necessário para que a franquia terminasse a temporada com o único título da sua história.
Este Lakers de LeBron já no seu terceiro treinador, mas é bem possível que as coisas mudem se não continuarem assim. Com o que tem em mãos, Darvin Ham não conseguiu transformar os atuais vice-campeões do Oeste em postulantes ao troféu da NBA.