A dois dias do início das finais da NBA, Las Vegas aponta o Boston Celtics como o grande favorito ao título. Na cotação feita pelas casas de apostas, a vantagem oferecida ao time de Jayson Tatum sobre o Dallas Mavericks é de 6.5 pontos. Ou seja: acredita-se que as chances de os Celtics vencerem por seis pontos são maiores do que a dos Mavericks ganharem por um.
Mas isso é apenas o que diz Las Vegas, e casas de apostas não entram em quadra. Apesar de o confronto deste ano colocar frente a frente o quinto colocado da Conferência Oeste e a equipe que mais ganhou na temporada regular, a série que definirá o novo campeão da liga promete ser mais equilibrada do que as duas decisões de conferência. E se você é torcedor do Mavs, são boas as chances de nas próximas semanas estar comemorando o segundo título na história da franquia.
Luka Doncic e Kyrie Irving: uma dupla para a história
A montagem do elenco que levou Dallas à disputa do título depois de 13 anos não foi fácil. Enquanto os rivais chegam à final com um elenco montado ainda na última offseason, o time do Texas precisou se ajustar em meio à competição. Antes do encerramento da janela de trocas, os Mavericks adicionaram Daniel Gafford, então no Washington Wizards, e PJ Washington, à época jogador do Charlotte Hornets. Os dois mudaram a fotografia do grupo e deram uma nova cara ao garrafão, que junto de Dereck Lively II passou a ser mais atlético em ambos os lados da quadra, uma fragilidade antiga.
Mas o grande motivo para equipe treinada por Jason Kidd ter chegado a esta decisão é outro. Ou outros: Luka Doncic e Kyrie Irving. Depois de um primeiro ano frustrado, com Kyrie chegando em meio à temporada em que os Mavs não conseguiram classificação nem para o Play-in, a dupla conseguiu reverter as expectativas deixadas pela decepção de 2023.
Se antes havia questionamentos sobre o encaixe com os dois tanto no ataque quanto na defesa, o que se viu ao longo de 2024 foi a consolidação daquela que parece ser a mais letal dupla da NBA na atualidade. A dúvida sobre quem seria o responsável por ter a bola nas mãos já não existe mais, com Kyrie aceitando desempenhar um papel mais “off ball”, semelhante aos tempos em que tinha a parceria de James Harden no Brooklyn Nets. Enquanto isso, Luka também passou se movimentar mais sem a posse.
No caso de Luka, isso aparece nas estatísticas de usage e também na de arremessos de “catch and shoot”, quando a conclusão é feita de forma automática ao receber o passe. Seu usage em 2024 foi de 35.9%, segundo menor na carreira, ficando atrás apenas dos 30.4% do seu ano de calouro. Na fase classificatória, também foram 51 chutes de catch and shoot, o maior em toda a carreira. A temporada que mais se aproximou disso foi sua primeira na NBA, 49, e depois disso nunca tinha sequer chegado a 30 chutes deste tipo.
O ápice desta parceria – ao menos por enquanto – se deu na série diante do Minnesota Timberwolves pelo troféu da Conferência Oeste. Eles combinaram para 59.4 pontos de média, sendo 32.4 de Doncic e 27.0 de Irving. Ambos tiveram também um ótimo aproveitamento nos arremessos de quadra, com Kyrie registrando 49.0% de acerto, e Luka 47.3%. O esloveno ainda ficou acima dos 40% dos perímetro, com 43.4% nas bolas do perímetro. Nestes Playoffs, eles se tornaram a primeira dupla de armadores a marcar 30 ou mais pontos na mesma partida em mais de duas ocasiões, tendo feito em quatro oportunidades diferentes.
Dallas Mavericks está acostumado contra adversários fortes
Foram 14 vitórias a mais para o Boston Celtics na fase regular, 64 a 50. Se em outros anos esta estatística assustaria qualquer adversário, este ano é preciso levar em consideração também o contexto. Houve uma clara disparidade técnica entre as duas conferências nesta temporada, como você pode ler aqui, e apenas duas equipes do Leste conseguiram atingir a barreira de 50 resultados favoráveis.
Isso resultou em caminhadas bastantes distintas para as duas equipes até esta final. Os Celtics, por exemplo, não enfrentaram nenhum nesta faixa de 50 vitórias. Deixaram pelo caminho Miami Heat (46), Cleveland Cavaliers (48) e Indiana Pacers (47). Do outro lado, os Mavericks fizeram o caminho quase que oposto: cruzaram somente com rivais que venceram 50 ou mais jogos, batendo Los Angeles Clippers (51), Oklahoma City Thunder (57) e Minnesota Timberwolves (56).
Esta foi apenas a quinta vez na história da NBA que um time precisou passar por três adversários que terminaram a fase classificatória com 50+ vitórias. Os casos anteriores ocorreram com Houston Rockets (1995) e Los Angeles Lakers (2001, 2008 e 2010). Destes, apenas os Lakers de 2008 não conseguiram terminar com o título, perdendo a taça justamente para o Boston Celtics. Naquele ocasião, porém, os celtas bateram pelo caminho um Detroit Pistons que havia terminado com 59 resultados positivos.