A surpreendente marca de Doc Rivers com os Bucks em fevereiro

Antônio Henrique Pires Collar | 01/03/2024 - 12:29

Depois de um início bastante atrapalhado, as coisas finalmente vão se ajeitando para o Milwaukee Bucks de Doc Rivers. Na noite desta quinta-feira (29), a equipe não tomou conhecimento do Charlotte Hornets e bateu o time de Steve Clifford pela segunda rodada consecutiva, a terceira na temporada. O adversário ficou abaixo da barreira dos 100 pontos nas duas noites.

A amostra ainda é pequena, é verdade. Nos discursos externos, ainda fica claro de que o próprio elenco sabe que é preciso evoluir para brigar pelo título. Em entrevista publicada pelo Sports Illustraded nesta semana, Damian Lillard falou até sobre a dificuldade de estar longe da família após 11 anos atuando em Portland. Em conversa com o repórter Chris Mannix, também comparou o estágio atual dos Bucks com o principal adversário na Conferência Leste.

– Pensei que estaríamos como Boston (Celtics) está agora. Mas acho que aprendi que algumas coisas levam tempo, especialmente as que o prêmio vem no final. Você não pode chegar e achar que tudo será fácil. Tivemos nossos altos e baixos, uma mudança de treinador – comentou o camisa zero.

Bucks correm contra o tempo

Lillard tem razão em sua fala. O discurso, aliás, não foi muito diferente do de Doc Rivers em sua apresentação, quando afirmou que era grande o desafio de assumir um trabalho já com a temporada em andamento. Com cinco derrotas nas primeiras seis partidas no comando do time, não demorou para as explicações serem apontadas como desculpa por parte da mídia especializada dos Estados Unidos. Desde sua contratação, Rivers lide com as desconfianças geradas pelos insucessos em Los Angeles Clippers e Philadelphia 76ers, onde sofreu eliminações traumáticas nos Playoffs e nunca conseguiu chegar às finais de conferência.

Pois o tempo, enfim, vai mostrando a Milwaukee que o futuro da equipe na temporada ainda não está perdido. Desde o retorno do All-Star, foram três vitórias consecutivas, duas sobre os Hornets e uma contra os Sixers. A média de pontos sofridos neste recorte foi de 94.0 por noite. A melhor defesa em pontos sofridos na NBA hoje é do Minnesota Timberwolves, com 106.3, uma diferença de 12.3 para o número conseguido pelos Bucks na semana – ainda que a amostragem aqui seja pequena e contra adversários fragilizados.

O aspecto defensivo é justamente o principal ponto de atenção do time, como publicado aqui no Quinto Quarto no momento da contratação do técnico. Quando Rivers chegou aos campeões de 2021, o elenco tinha o 20º Defensive Rating na temporada, com 116.7 pontos sofridos a cada 100 possses. Em janeiro, o número foi ainda pior, e os Bucks acabaram o mês como o 22º no quesito (118.5 a cada 100 posses).

Sob comando do novo treinador, os adversários conseguiram passar dos 116 pontos em somente cinco de 14 jogos. Em fevereiro, os Bucks conseguiram o 3º melhor Defensive Rating em toda a NBA, levando 103.8 de média, uma diferença de quase 15 pontos na comparação com o mês anterior. O Net Rating, soma dos pontos somados e sofridos a cada 100 posses, ficou em 6.2. Portanto, a cada 100 posses em fevereiro, a equipe marcou uma média de 6.2 a mais do que seus adversários.

Ataque piorou, mas equlíbrio é maior

O sistema ofensivo nunca foi exatamente uma das principais preocupações em Winsconsin. Quando Doc chegou, o time era o segundo em Offensive Rating, 120.6 pontos. Com Adrian Griffin, os Bucks jogavam e deixavam jogar, sofrendo especialmente na transição para a quadra de defesa. Em janeiro, o OR ficou em 118.1, o 11º na classificação geral.

Em fevereiro, apesar da melhora sem a bola, os Bucks passaram também a pontuar menos, 115.1 por 100 posses (15º colocado no quesito). Ainda assim, o crescimento defensivo gerou um crescimento de 6.5 pontos no Net Rating – em vez de marcar média de 0.3 pontos a menos do que seus rivais, passou a marcar 6.2, como explicado acima.

Com a chegada de março, resta pouco mais de um mês para o início dos Playoffs, e Milwaukee segue tentando confirmar a segunda posição na Conferência Leste, lugar hoje do Cleveland Cavaliers. Mesmo que a parceria entre Lillard e Giannis Antetokounmpo ainda não gere a empolgação que se imaginava, é sempre cedo demais para descartar uma equipe com tanto talento.

Como todas as falas vindas do vestiário admitem, ainda levará tempo e trabalho para vermos a melhor versão deste Bucks. Nas últimas semanas, ao menos, vimos uma mais equilibrada.

Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.