A pergunta parece ser de uma arrogância imensurável e até meio ridícula. E, sem dúvidas, é uma pergunta arrogante e meio cafona. Mas quando se trata de New York Yankees, o maior campeão, de longe, da MLB, a pergunta tem um certo fundamento. Com 27 títulos de World Series, a franquia sempre esteve sob os holofotes, mas desde 2009 não conquista um título, muito menos vai à decisão.
São 11 anos de ‘seca’, 11 anos sem disputar uma World Series. Isso parece quase nada para a maioria dos times da MLB, mas para os Yankees é uma enormidade.
Mas e aí, quando o New York Yankees vai voltar a ganhar uma World Series? Logicamente não temos a resposta, mas é possível discutir o tamanho do time o e seu peso nessa seca e como foram as últimas temporadas para tentar ver o que virá pela frente.
Um gigante adormecido?
Uma marca global. Não é difícil ver alguém usando um boné dos Yankees, ou qualquer outra parte do vestuário com o logo. Sendo que, na maioria das vezes, a pessoa nunca viu um jogo de beisebol. Mas o símbolo do time está lá. A equipe rompe todas as barreiras do esporte, e flerta com a magnitude da cidade de Nova York.
Segundo a “Forbes”, o New York Yankees vale cerca de US$ 5 bilhões. Não, não vamos converter em reais, evitaremos ficar mal.
São 27 conquistas de World Series em 119 anos de histórias, duas em Baltimore e 117 em New York. De maneira tosca, é como se a média da equipe fosse de um título a cada quatro anos. É muita coisa. Não existe um time nos Estados Unidos tão vencedor, nem na NFL, NBA ou NHL. E quando os títulos não vêm, a pressão ultrapassa a razão.
São 11 anos de seca. Ou seja, mais de uma década sem títulos. E na história da equipe, isso é uma tragédia. Mas não é o maior período sem levantar a taça. O time foi fundado em 1901 e só foi vencer sua primeira WS em 1923.
Depois, os Yankees ficaram sem vencer de 1962 a 1977 (15 anos). Mas ganharam em 78, de novo. Então veio a ‘grande seca’, de 78 a 95 (17 anos). Mas em 96, com John Wetteland, de MVP, e os hall da fama Wade Boggs, Derek Jeter, Tim Raines e o maior fechador da história da MLB, Mariano Rivera, todos sob o comando da lenda Joe Torre, os Yankees voltaram a vencer uma World Series.

Desde então, foram mais quatro títulos, o último em 2009, quando Hideki Matsui venceu o MVP e Jeter e Rivera ainda estavam na equipe.
Em 2020, o time bateu na trave, caindo na Final da Liga Americana, ficando a um jogo de retornar à World Series. E olha que perdeu para o Tampa Bay Rays, time de um mercado pequeno, que não faz grande contratações, mas é mestre em draftar e realizar trocas atrás de trocas.
Para se ter uma ideia da disparidade financeira entre Yankees e Rays, Gerrit Cole teve de salário em 2020 cerca de US$ 36 milhões. Toda a folha salarial do Tampa Bay Rays gira em torno de US$ 28,3 milhões.
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Não tem mais bobo na MLB
Foi se o tempo em que comprar as principais estrelas da liga era garantia de títulos. O time sempre se valeu do poderio econômico e do glamour da cidade para atrair jogadores do mais alto escalão. Foi assim com Babe Ruth, Herb Pennock e Waite Hoyt, que vieram dos Red Sox, e conquistaram o primeiro título da equipe e marcaram época.
Por outro lado, os Yankees sempre foram sinônimo de competência em selecionar jogadores das ligas menores. Foi assim com Yogi Berra, Lou Gehrig e Joe DiMaggio, três dos melhores de todos os tempos. Essa combinação vencedora de contratar quem já se destacava na MLB e selecionar, com muita propriedade, prospectos das ligas menores, transformou o time em um grande papa-títulos.
Mas isso começou a mudar, um pouco, em 1947, quando a liga instituiu uma espécie de teto salarial. Até então, não havia limite para contratar um jogador, então o dinheiro falava mais alto. Só que a medida restritiva não deu muito certo, visto que as equipes mais ricas assinavam os jogadores por um valor mais baixo, mas davam dinheiro de forma ilegal para compensar e seguir contratando.

Com o surgimento do Draft da MLB em 1965, isso mudou bastante as coisas. Basta ver que os Yankees venceram ‘apenas’ sete WS depois que as regras do jogo mudaram. O dinheiro segue falando mais alto, mas as regras contratuais equilibraram as contratações e abriram um leque muito maior para que outras franquias, principalmente as de mercados menores, também possam brigar pelo topo.
Fora que as informações estão mais acessíveis para todos. Se há algum destaque em qualquer canto do mundo, não há como escondê-lo. E outra, cada arremesso, cada rebatida, cada passo vira estatística. Então, não são só olheiros que apontam quem pode ser um bom jogador ou uma estrela. Há toda uma matemática por trás e cada equipe tem a chamada ‘fazendinha’, onde os jogadores draftados ou contratados jogam nas ligas menores e vão evoluindo.
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Torcedores calma
Após cair na final da Liga Americana em 2020, os Yankees chegam para 2021 com praticamente o mesmo elenco e com um grande reforço no montinho. Corey Kluber, duas vezes vencedor do Cy Young, acertou um contrato de $11M por um ano e vai melhorar a rotação titular da equipe. Resta saber como ele irá retornar após uma lesão no ombro.
Fora que outros nove jogadores seguem com a equipe em 2021. DJ LeMahieu, melhor jogador dos Yankees no bastão na última temporada, assinou por seis anos e $90M. Aaron Judge fechou seu último ano de contrato em $10.1M. Outros sete jogadores promissores também acertaram seus contratos: Gary Sanchez, Luke Voit, Gio Urshela, Gleyber Torres, Chad Green, Jordan Montgomery e Clint Frazier.

Ou seja, potencial o time tem, para chegar nos playoffs e ir longe. Ser campeão é outra história. Há muitos motivos para empolgação, mas como tudo nos Yankees fica amplificado, o pessimismo também segue grande. Principalmente com as lesões que temem em desfalcar o time. Judge mesmo é uma constante no departamento médico, assim como Giancarlo Stanton.
Entre empolgação e pessimismo, é fato que os Yankees vão chegar para a temporada 2021 como favoritos ao título da World Series e só um desastre tira o time dos playoffs. Mas é fato que qualquer outro resultado que não seja a conquista da WS será um desastre completo. Ainda mais com tantos contratos chegando ao fim.