Manter o nome Indians se tornou insustentável para a franquia de Cleveland

Joao Fraga | 15/12/2020 - 15:03

Todos sabem, ou deveriam saber, que racismo é errado. Ponto final. Não há discussões. É por isso que Cleveland vai abandonar o nome Indians. Mas existem outras razões para a batida do martelo. Afinal, o debate sobre os Indians é antiga. Iniciou-se por volta dos anos 70, mas ganhou força neste ano e a manutenção do nome ficou insustentável por uma série de fatores sociais e econômicos.

A mudança de nome da franquia de beisebol de Cleveland era certa desde que o time de futebol de americano de Washington anunciou a sua troca. Para os que acham que isso é uma mudança tola e oportunista, é preciso deixar claro que o uso de nomes indígenas por franquias dos mais variados esportes gera debate há muito tempo. É um longo processo que não vai terminar apenas com o fim do nome da franquia, visto que existem casos parecidos na própria MLB (Atlanta Braves), na NHL (Chicago Blackhawks) e na NFL (Kansas City Chiefs).

E para os que acham isso babaquice, mimimi e um debate tolo, a mensagem da franquia é clara; o termo Indians é considerado racista para diversos povos nativos americanos. Não é algo inventado para acabar com franquia. Pode não ser para você, nem para mim, mas existem pessoas que se ofendem. E, com o acúmulo do anos, o nome se tornou um peso, um fardo que pouco agrega.

Não fosse racista, o time de Cleveland não teria abandonado seu mascote, o Chief Wahoo, uma caricatura de um nativo americano.

E, para ficar mais claro ainda: existem torcedores que gostam do nome Indians e se apegaram a ele. É um sentimento honesto e sincero, e ninguém está chamando essas pessoas de racistas. Por outro lado, é apenas um nome. As conquistas e os grandes jogadores que fizeram e fazem parte da história do time não se perderão. A franquia segue.

Olhem o exemplo do Washington Football Team. A franquia da NFL segue atuando como se nada tivesse mudado, mas já sem uma carga cultural nos ombros, mais leve e renovada.

Sem falar que ninguém em sã consciência daria o nome de Indians se fosse criar um novo time. Não faz o menor sentido. Ainda mais em um mundo capitalista, onde o dinheiro fala mais alto. Nenhuma empresa vai querer ter seu nome associado a um nome racista e que traga mais problemas do que clientes.

É esse o ponto determinante da mudança. A pressão social sozinha não seria suficiente. Do pontos de vista comercial, a manutenção do nome só traz chateação para a administração da franquia, pouco agrega na comunidade e em nada valoriza a história dos nativos americanos. É uma situação em que mais se perde do que se ganha.

Do outro lado, a mudança no nome traz um leque de grandes oportunidades para a franquia. A captação de novos patrocinadores, as parcerias com os novos modelos de negócios e mais: o time de Cleveland não é protagonista, mas a mudança vai colocar o time sob os holofotes.

É o famoso ganha-ganha. O time ganha um novo nome, pode explorar melhor a marca e não vai precisar ficar se explicando mais porque ainda usa um nome que é mais usado de forma pejorativa do que qualquer outra coisa. E o processo para a troca do nome ainda vai longe. O nome Indians vai seguir durante a temporada 2021 e um novo nome só deve ser esperado em 2022.

Daí, uma nova discussão virá a tona e a discussão sobre os Indians vai cair no esquecimento. Isso porque já há uma briga enorme entre torcedores para que o time mude para Spiders ou Guardians.

No fim do dia, é apenas um nome, não é o fim do time.

Escrito por Joao Fraga
Nature agronome. Un Viking de São Paulo qui aime le Brésil, mais qui encourage les Twins des Twin Cities. Il reprend ses études de journalisme et écrit pour Quinto Quarto. Il préfère les lacs aux loups gris et a une véritable passion pour la nature sauvage.