Todos sabem, ou deveriam saber, que racismo é errado. Ponto final. Não há discussões. É por isso que Cleveland vai abandonar o nome Indians. Mas existem outras razões para a batida do martelo. Afinal, o debate sobre os Indians é antiga. Iniciou-se por volta dos anos 70, mas ganhou força neste ano e a manutenção do nome ficou insustentável por uma série de fatores sociais e econômicos.
A mudança de nome da franquia de beisebol de Cleveland era certa desde que o time de futebol de americano de Washington anunciou a sua troca. Para os que acham que isso é uma mudança tola e oportunista, é preciso deixar claro que o uso de nomes indígenas por franquias dos mais variados esportes gera debate há muito tempo. É um longo processo que não vai terminar apenas com o fim do nome da franquia, visto que existem casos parecidos na própria MLB (Atlanta Braves), na NHL (Chicago Blackhawks) e na NFL (Kansas City Chiefs).
Statement from the organization.https://t.co/IHa68yEQGA pic.twitter.com/gGS6xutSOy
— Cleveland Indians (@Indians) December 14, 2020
E para os que acham isso babaquice, mimimi e um debate tolo, a mensagem da franquia é clara; o termo Indians é considerado racista para diversos povos nativos americanos. Não é algo inventado para acabar com franquia. Pode não ser para você, nem para mim, mas existem pessoas que se ofendem. E, com o acúmulo do anos, o nome se tornou um peso, um fardo que pouco agrega.
Não fosse racista, o time de Cleveland não teria abandonado seu mascote, o Chief Wahoo, uma caricatura de um nativo americano.
E, para ficar mais claro ainda: existem torcedores que gostam do nome Indians e se apegaram a ele. É um sentimento honesto e sincero, e ninguém está chamando essas pessoas de racistas. Por outro lado, é apenas um nome. As conquistas e os grandes jogadores que fizeram e fazem parte da história do time não se perderão. A franquia segue.
Olhem o exemplo do Washington Football Team. A franquia da NFL segue atuando como se nada tivesse mudado, mas já sem uma carga cultural nos ombros, mais leve e renovada.
Sem falar que ninguém em sã consciência daria o nome de Indians se fosse criar um novo time. Não faz o menor sentido. Ainda mais em um mundo capitalista, onde o dinheiro fala mais alto. Nenhuma empresa vai querer ter seu nome associado a um nome racista e que traga mais problemas do que clientes.
É esse o ponto determinante da mudança. A pressão social sozinha não seria suficiente. Do pontos de vista comercial, a manutenção do nome só traz chateação para a administração da franquia, pouco agrega na comunidade e em nada valoriza a história dos nativos americanos. É uma situação em que mais se perde do que se ganha.
Do outro lado, a mudança no nome traz um leque de grandes oportunidades para a franquia. A captação de novos patrocinadores, as parcerias com os novos modelos de negócios e mais: o time de Cleveland não é protagonista, mas a mudança vai colocar o time sob os holofotes.
É o famoso ganha-ganha. O time ganha um novo nome, pode explorar melhor a marca e não vai precisar ficar se explicando mais porque ainda usa um nome que é mais usado de forma pejorativa do que qualquer outra coisa. E o processo para a troca do nome ainda vai longe. O nome Indians vai seguir durante a temporada 2021 e um novo nome só deve ser esperado em 2022.
Daí, uma nova discussão virá a tona e a discussão sobre os Indians vai cair no esquecimento. Isso porque já há uma briga enorme entre torcedores para que o time mude para Spiders ou Guardians.
No fim do dia, é apenas um nome, não é o fim do time.