O octógono do UFC 288 contará com um retorno especial. Neste sábado (6/5), Henry Cejudo sai da aposentadoria, fica frente a frente com Aljamain Sterling e tenta recuperar o cinturão dos pesos-galos (até 61,2 kg). Ele faz a luta principal da noite em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
O ‘Triplo C’ quer fazer história mais uma vez. Aposentado do esporte desde 2020, Cejudo nunca esteve afastado das práticas esportivas. Tanto que, em sua academia Fight Ready, localizada em Phoenix, no Arizona, ele treinou e ajustou o jogo no wrestling de nomes como Cris Cyborg, Deiveson Figueiredo, Jiri Prochazka, Jon Jones e Weili Zhang para disputas de título.
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Mas, afinal, o que trouxe o Triplo C de volta ao octógono para tentar reconquistar um cinturão que já o pertenceu no período entre 2018 e 2020? O Quinto Quarto BR indica os principais motivos que fizeram o lutador mudar de ideia.
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Soy Loco por ti, America!
Falastrão, polêmico e marrento. Para os que não gostam de Cejudo, todos os adjetivos servem. Porém, no período de pandemia, outra característica ficou evidente: o apego familiar.
Apesar do isolamento social, Cejudo precisou mudar seu treinamento para enfrentar Dominick Cruz na Ilha da Luta, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, em maio de 2020. No período que assolou o mundo, a expectativa era de defender o legado, fazer dinheiro e voltar para a família — na incerteza de quando o nebuloso isolamento social acabaria. Não acabou tão cedo.
O Triplo C entrou em ação, garantiu a vitória por nocaute no segundo round e anunciou a aposentadoria ainda no octógono. Era hora de ficar em família. Em papo com o UFC, ele conta que pôde aproveitar pela primeira vez cada momento ao lado de sua esposa, a brasileira Ana Karolina. Aprendeu até a falar português.
— Me casei e tive minha filha, America. Foram os melhores três anos da minha vida. A razão é que eu não estava lutando, mas divertindo a vida que o mundo tem. Viajando o mundo, entrando em negócios, fazendo reformas de casa e começando o canal no YouTube.
America Maria Cejudo. O nome, que traz a mistura de Estados Unidos e Brasil, foi dado à melhor realização de sua vida: ser pai. Em novembro de 2021, o lutador anunciou o nascimento de sua primeira filha e fez questão de registrar nas redes sociais seu sentimento. Emocionado, ficou ainda mais perto e desfrutou cada momento familiar. A prioridade já não era mais lutar, mas estar ao lado da família.
A família, agora, segue ao seu lado e o apoia a cada instante. O norte-americano espera seu segundo filho, que deve vir ao mundo em outubro deste ano.
Sonho vivo de C4
Competidor visceral, Henry Cejudo tem o apelido de ‘Triplo C’ justamente por suas conquistas. O norte-americano foi medalhista olímpico de Pequim 2008 e assegurou o Ouro no Wrestling. Mas ousou — e conseguiu — ir além.
A transição ao MMA foi um sucesso. Campeão peso-mosca (até 56,7 kg), o atleta aproveitou a oportunidade de um cinturão vago nos pesos-galos (até 61,2 kg) e partiu por luta contra Marlon Moraes. Nocauteou, fez história como duplo campeão simultâneo e mudou de alcunha. É o Triplo C.
Quando entrar no octógono do UFC 288, Henry Cejudo não vai pensar apenas em reconquistar o cinturão. Ele já imagina o futuro. Na primeira encarada contra Aljamain Sterling, o norte-americano inovou e tirou um travesseiro com outros dois nomes: Sean O’Malley e Alexander Volkanovski.
Promessa do UFC, o primeiro é visto como o próximo desafiante — independentemente do adversário. É a sensação, o nome que todos querem bater. A motivação aumenta pela possibilidade de frear mais um grande prospecto.
Já com Volkanovski, o sonho é outro. E ainda mais ousado. O Triplo C, caso chegue a desafiar o australiano pelo cinturão dos pesos-penas (até 65,7 kg), teria a chance de mudar o apelido para C4. Seria a quarta conquista expressiva — terceira no UFC. Faria história como o único lutador a conquistar o cinturão da terceira categoria distinta.
Motivação e blefe no UFC
Também não se pode ignorar o desejo de Henry por grandes lutas. Ainda que tenha vencido Demetrious Johnson, TJ Dillashaw, Marlon Moraes e Dominick Cruz em sequência, ele queria mais. Não via, em outros rivais, um perigo real. Achava que venceria todos eles.
O competidor visceral de antes, havia se tornado um campeão conformado depois. Mas isso mudou. Com a ascensão de Sterling no topo do mundo, o perigo era real. E, apesar de confiar em suas qualidades, também tem dúvida sobre como vai se apresentar contra o melhor de sua divisão.
— A dúvida (me fez voltar). Eu sei o que sou capaz. Tenho muita fé em minha habilidade. Por mais que tenha dúvida que dizem: ‘Cejudo é muito pequeno, vai ser nocauteado’. E eu gosto disso. Gosto da dúvida. Então, por favor, continuem duvidando do Triplo C.
Outro motivo relevante fez Cejudo ficar afastado: o financeiro. Campeão de duas categorias, o lutador parecia tentar vender suas lutas com trash talk aos rivais, mas nunca emplacou grandes valores em pay-per-view. Há quem considere, inclusive, que a aposentadoria aconteceu pela tentativa de ganhar mais pelo UFC.
A suposta razão, contudo, foi um tiro no pé. Dana White, presidente do Ultimate, era questionado sobre uma eventual volta e sempre batia o pé dizendo que Cejudo estava aposentado. O ex-campeão, então, cedeu. Voltou. Agora, quer pisar no octógono disposto a retornar ao posto de onde poderia nunca ter saído.
Onde assistir Aljamain Sterling x Henry Cejudo – UFC 288
Aljamain Sterling e Henry Cejudo fazem a última luta do card principal, que começa às 23h, do UFC 288. A transmissão para o Brasil é exclusivo do UFC Fight Pass.
O plano mensal, com todos os eventos ao vivo do UFC com narração em português ou original em inglês, custa R$ 29,90.