Está chegando a hora do Super Bowl. Hoje, 11 de fevereiro, San Francisco 49ers e Kansas City Chiefs se enfrentam no Allegiant Stadium, em Las Vegas, no Super Bowl LVIII, um dos eventos mais aguardados do mundo do esporte.
E para falar de Super Bowl, nada melhor que o representante brasileiro no jogo mais importante da temporada da NFL, o repórter, apresentador e narrador Fernando Nardini.
Na ESPN desde 2012, Fernando Nardini tem uma longa carreira na TV, cobrindo e narrando diversos esportes. Desde 1998, sua estreia nas telas, cobriu quatro Jogos Pan-Americanos e seis Jogos Olímpicos. Hoje, o narrador é responsável por dar voz e emoção ao Grand Slam, os quatro principais torneios do tênis mundial.
Um dos principais narradores da ESPN, Nardini também é a voz da NFL no Brasil desde a saída de Everaldo Marques para a Globo, no início de 2020. Em 2024, vai para a sua terceira cobertura in loco do Super Bowl, e a sua segunda como narrador.
Na última quinta-feira (8), Direto de Las Vegas, o Quinto Quarto conversou com exclusividade com Fernando Nardini, que falou a expectativa para a NFL no Brasil, contou como está o clima na cidade, os bastidores da transmissão e como se prepara para conectar o público no Brasil com a decisão do Super Bowl.
Nesta entrevista exclusiva com Fernando Nardini, você também vai ler sobre:
- Carreira de Fernando Nardini;
- Emoção pela NFL no Brasil;
- Clima de Las Vegas para o Super Bowl;
- Bastidores da transmissão do Super Bowl;
- Favorito ao título do Super Bowl.
Quinto Quarto: Nardini, gostaria de começar contanto um pouco da sua história. Pra quem te acompanha, mas não conhece os detalhes da sua carreira. Como foi essa trajetória até chegar a ser a voz da NFL no Brasil?
Fernando Nardini: Eu fiz de tudo um pouco na TV. Comecei como estagiário, depois virei repórter em 2003 e apresentador logo na sequência. E aí o caminho pra narração foi algo meio natural, mas também pra me provocar. Pra fazer algo diferente, dar um passo além de algo que, no começo, eu não imaginava fazer. As oportunidades foram surgindo, a mudança pra ESPN em 2012 começou a me abrir portas que eu não tinha antes. Então, a partir daí, eu abracei a função com mais afinco e passei a ter isso como prioridade profissional. Ainda gosto da reportagem, me faz falta, mas hoje a narração é a minha vida. A NFL foi surgindo aos poucos. Quando cheguei na ESPN, eu fazia muito apresentação do Sportscenter e o tênis, com o Fernando Meligeni. Eu acompanhava a NFL por diversão, por gostar do esporte. Já era familiarizado com o esporte. E a partir do momento que eu comecei a fazer os jogos passou a ser, além de uma paixão, uma obrigação de ficar mais por dentro e acompanhar mais a fundo. E a coisa foi crescendo. Com a saída do Everaldo (Marques), em 2020, eu passei a ter mais oportunidade, semanal mesmo, de domingo, no horário nobre. E chegamos aqui. Em 2022, eu fui pra Los Angeles e agora estou aqui em Las Vegas para Chiefs e 49ers, duelo que já presenciei no Super Bowl LIV em Miami, mas como repórter.
Como está sendo pra você acompanhar o crescimento da NFL no Brasil e muita gente chegando pra conhecer o esporte por você, pelas suas narrações nas transmissões da ESPN?
Nardini: É fascinante de ver como a liga recebe cada vez mais gente todos os anos. Um trabalho de muito tempo. Lá atrás, com o Luciano do Valle, depois com a ESPN Internacional transmitindo para o Brasil, mas que ficou mais forte a partir de 2006 com o Eve (Everaldo Marques) e o Paulo Antunes, que reinventaram a forma de fazer futebol americano para o brasileiro. Foi um trabalho de pioneirismo. Era um mato alto e eles foram desbravando e criando uma trilha. E a partir dali a liga começou a crescer no pais. E é muito legal que isso continue a acontecer. Nesse ano, o número de gente nova chegando é muito grande. Até por conta do evento Taylor Swift que tomou a liga de sequestro e está atraindo a atenção e furando a bolha da liga. Tem muita gente nova chegando e que não entende muito. E aí a gente tem essa função de, minimamente, explicar sem ser muito didático pra não irritar o cara que já conhece e quer assistir, e também não ser muito técnico pra não deixar boiando quem está chegando agora. Então, esse equilíbrio é desafiador de se encontrar. E vai aumentar ainda mais o número de pessoas chegando, agora com a TV aberta, na RedeTV.
Emoção e realização: NFL no Brasil é um sonho para Fernando Nardini
Como você e a ESPN receberam a noticia do jogo no Brasil, na Neo Química Arena, na próxima temporada?
Nardini: Chega a ser emocionante. De verdade. Quando que a gente poderia imaginar que isso aconteceria? Ter essa experiência de NFL perto dos brasileiros vai potencializar a chegada de mais pessoas pra acompanhar a liga. É um evento espetacular. Eles vão fechar o estádio muito antes do evento para dar toda a envelopagem da NFL, deixar tudo caracterizado, com todo o padrão que a liga exige para um jogo internacional. A NFL vai expandindo seus tentáculos. Já está no México faz tempo, na Inglaterra, na Alemanha, agora chega ao Brasil. Possivelmente teremos Espanha num período curto de tempo por que esse ano ficou entre Brasil e Espanha. E o Brasil, como terceiro maior mercado, atrás apenas de Estados Unidos e México, foi contemplado e o brasileiro vai poder aproveitar algo que nunca viu. Eu não vejo a hora. É algo que nós brasileiros não temos a chance de acompanhar de perto, e talvez nem todos tenham a chance por que a gente sabe que não é barato. Mas só de estar aqui perto já é muito legal.
Chega a ser emocionante. De verdade. Quando que a gente poderia imaginar que isso aconteceria?
Agora falando de Super Bowl: como está o clima em Las Vegas para essa final?
Nardini: Cheguei faz pouco tempo, mas vejo muito mais camisas dos 49ers do que dos Chiefs. Nesse momento que estamos conversando, estou no media center e isso aqui está um formigueiro. E eu vejo jogadores das mais diversas franquias andando por aqui. Já vi Ja’Marr Chase, Maxx Crosby, agora passou aqui na frente o Emmith Smith que é um nome clássico da liga, um craque. O ambiente que eles trazer, a atmosfera é muito empolgante.
Conta pra gente um bastidor dessa cobertura. Qual a parte mais legal de estar em uma final de NFL?
Nardini: Essa história do media center é muito legal e curiosa. Nós que estamos vivendo o futebol americano no Brasil, estamos pouco acostumados a ver os jogadores sem capacete. Então, as vezes você vê um cara aqui com varias pessoas atrás e sabe que é alguém. Mas quem? E ai a gente começa a tentar puxar pela memória. Claro que os mais conhecidos a gente sabe. Já aconteceu de passar gente aqui que eu sabia que era jogador mas eu não lembrava do rosto. O próprio pessoal da NFL Brasil estava aqui fazendo o mesmo exercício de tentar reconhecer algumas pessoas e a gente fica nesse jogo de identificação do cara crachá para identificar quem é quem. Isso é bem legal. E muito bacana também o acesso que nós temos aos times aqui. A disponibilidade dos jogadores com os jornalistas que estão por aqui. Todos os dias tem entrevistas coletivas nos hotéis dos dois times. Pra nós, brasileiros, que estamos acostumados ao ambiente mais restrito do futebol, é muito diferente. Os principais jogadores dão as caras o tempo todo e isso é muito bom pra divulgar cada vez mais o evento também.
Sempre acredite em Mahomes: Fernando Nardini fala do Super e qual o favorito ao título
Como é sua rotina de preparação para narrar o Super Bowl?
Nardini: Para o Super Bowl, nós temos um tempo maior entre as finais de conferencia e o jogo. Então, temos mais tempo de preparação. Chegam informações da ESPN Internacional, de outros lugares que vou pesquisando e reunindo tudo isso num grande documento. Em 2022, em Los Angeles, eu fiquei em um local que não tinha o espaço que eu tenho normalmente no estúdio da ESPN. Então, eu não consegui abrir toda a papelada que eu tinha preparado. Eu tinha muita coisa na cabeça, claro, tudo que eu vinha trazendo de toda a temporada, mas achar naquela dinâmica do jogo a informação que você precisa é um pouco complicado. Então, tem que ser um trabalho de guardar muita coisa na cabeça, mas claro, tenho minhas anotações e quando comentarista esta falando sempre busco algo pra dar a informação na hora certa, na hora que algo acontece. No dia do jogo a gente chega bem cedo. A gente vai ter que estar no estádio sete horas antes do inicio da transmissão. Porque todas as ESPN do mundo vão ter uma janela de flash dentro do campo antes dos preparativos do evento. Fora isso tem as outras entradas, o pré-jogo, o dia é totalmente dedicado. Mas o fuso nos ajuda, estamos 5 horas atrás do Brasil, então, pelo menos, vamos conseguir jantar depois da partida.
Duvidar de Patrick Mahomes não é um bom negócio.
Não vou perguntar seu palpite para não mexer com a emoção das duas torcidas. Mas tem algum favorito pra essa final?
Nardini: Eu cometi o pecado e repeti o pecado na pós-temporada. Eu não achava que daria Kansas City contra Buffalo e não achei que daria Kansas City contra Baltimore. Acho que o Kansas City, tendo a defesa que tem, teria uma ótima chance. Não fosse o ataque de San Francisco tão poderoso quanto é. Então, esse ataque tem muitas armas. Mas, duvidar de Patrick Mahomes não é um bom negocio. Eu acho que tá pendendo um pouquinho mais pra San Francisco. Mas se Kansas ganhar, não será surpresa por que eles têm Patrick Mahomes.