De Terra plana à vacina: Kyrie Irving supera polêmicas e volta às Finais da NBA

Paola Zanon | 05/06/2024 - 17:05

Kyrie Irving voltou a ficar sob os holofotes da NBA, e desta vez não foi por causa de nenhuma polêmica; o armador está nas Finais da liga pelo Dallas Mavericks e enfrentará seu ex-time, Boston Celtics, a partir desta quinta-feira (6).

Draftado como a primeira escolha geral em 2011 pelo Cleveland Cavaliers e campeão pela franquia em 2016, ao lado de LeBron James, Kyrie conseguiu colecionar algumas polêmicas entre os anos da conquista de seu primeiro título e a chegada ao Dallas Mavericks, no começo de 2023.

O jogador ainda ficou em Cleveland durante mais uma temporada antes de ir para os Celtics. O bom desempenho de Irving conquistou a torcida de Boston em pouco tempo, e ele ganhou até mesmo o papel de “franchising player”, ao lado do então novato Jayson Tatum.

Até então, Kyrie Irving não era apenas o principal nome dos Celtics, mas sim um dos principais de toda a liga —até as polêmicas começarem. Uma delas foi justamente sua saída de Boston.

Perto de renovar seu contrato, o armador prometeu para a torcida que iria permanecer na franquia, mas não foi o que aconteceu. Kyrie acabou assinando com o Brooklyn Nets para tentar conquistar um título ao lado de Kevin Durant e James Harden.

O trio não só não deu certo, como rendeu inimizades com suas ex-equipes. A torcida de Boston se sentiu traída e passou a atacar Irving toda vez que ele jogava no TD Garden. Em um dos jogos, o armador devolveu os ataques ao mostrar o dedo do meio —episódio pelo qual ele se desculpou recentemente. Mesmo assim, ainda existe uma rivalidade por parte dos torcedores.

Kyrie Irving, vacina e terraplanismo

As polêmicas de Kyrie Irving não pararam no desentendimento com a torcida dos Celtics. Logo que chegou a Boston, o jogador participou de um podcast e afirmou três vezes que a Terra é plana, além de acreditar em diversas teorias da conspiração, como a existência de extraterrestres e a morte de Bob Marley ter sido um assassinato da CIA.

A repercussão das falas do armador foram tão grandes, que outros veículos começaram a questioná-lo sobre isso também —e ele mantinha sempre a mesma afirmação.

Mais tarde, Kyrie acabou se desculpando pelas declarações a respeito de teorias da comunicação, mas sem de fato negar que acredita nelas.

— Mesmo se você acredita nisso, não diga para todos, porque a percepção e como você é recebido muda. Eu sou, na verdade, um cara inteligente—, declarou.

Durante a pandemia da Covid-19, no entanto, Kyrie Irving voltou a dar declarações polêmicas relacionadas à teorias conspiratórias a respeito da vacinação; ele acreditava na ideia de que a vacina era apenas uma desculpa para inserir um microchip na população.

O campeão dos Cavs se recusou a tomar as doses de vacina e chegou até a convencer outros jogadores da NBA a se juntarem a ele. O maior problema, no entanto, é que na época ele era jogador do Brooklyn Nets, e o Estado de Nova Iorque exigia comprovante de vacinação para entrar em ambientes fechados. Dessa forma, ele acabou perdendo os jogos do próprio time em casa.

O ativismo social de Kyrie Irving

Apesar de todas as polêmicas envolvendo teorias da conspiração, Kyrie Irving também chama a atenção por seu ativismo em pautas sociais, principalmente quando a questão envolve racismo.

Antes mesmo da morte de George Floyd, sufocado por um policial em 2020, Irving se juntou a LeBron James para protestar contra a violência policial contra a população negra dos Estados Unidos.

Em 2014, um episódio parecido havia acontecido com o civil Eric Garner, que também morreu sufocado por um policial. Durante o ato, a vítima gritou 11 vezes a frase “não consigo respirar”. A dupla dos Cavs usou camisetas com a mesma frase estampada antes de alguns jogos da NBA.

Dois anos mais tarde, o armador participou pessoalmente de protestos contra o desenvolvimento de um oleoduto que seria construído na reserva tribo Standing Rock Sioux, da qual sua mãe, que morreu quando ele tinha apenas quatro anos, fazia parte.

Já em 2020, quando a NBA estava paralisada por causa da pandemia, Kyrie Irving foi contra o retorno dos jogos na bolha de Orlando —mas não por causa do coronavírus. O então jogador dos Nets não queria entrar em quadra em meio ao luto pela morte de George Floyd e foi apoiado por Kevin Durant. Como os contrários eram minoria, a liga acabou retomando os jogos como planejado.

No mesmo ano, Irving ainda foi responsável por doações de alimento para a população de Nova Iorque que estava passando fome devido à pandemia e apoiou as jogadoras da WNBA que, assim como ele, não queriam retomar a competição, doando US$ 1,5 milhão (R$ 8 milhões, na cotação atual) para suporte financeiro, já que os salários da liga feminina são bem menores que os da liga masculina.

De origem muçulmana, Kyrie Irving também já demonstrou diversas vezes apoio ao povo palestino. Em 2021, ele ajudou a construir um centro solar em Sind para que a população tivesse acesso à água potável.

No ano passado, já em Dallas, o jogador também apoiou publicamente a Palestina nos confrontos contra Israel. Essa foi uma das poucas vezes que Kyrie expressou sua opinião acerca de um assunto com potencial de polêmica desde que chegou aos Mavericks.

Com a classificação para as Finais da NBA, essa é a primeira vez desde a conquista do título dos Cavs em 2016 que Kyrie Irving ocupa os holofotes da liga por simplesmente jogar um bom basquete.

Escrito por Paola Zanon
Paola Zanon é jornalista formada pela Cásper Líbero, repórter e redatora com passagens pelo Notícias da TV, R7 e UOL Esporte. A carreira no jornalismo esportivo começou com a cobertura dos Jogos Pan-Americanos de 2019 pelo R7 até chegar ao Quinto Quarto em fevereiro de 2023. São-paulina de coração e apaixonada por basquete, futebol e viagens.