O brilhantismo que Erik Spoelstra tem mostrado à frente do Miami Heat durante todos os jogos de playoffs ainda consegue impressionar jogadores, técnicos, fãs e até comentaristas da NBA mesmo depois de 26 anos de casa.
A franquia foi da 8ª colocação —após uma quase eliminação no play-in— para as finais da liga; esta é apenas a segunda vez que isso acontece desde que o sistema de classificação existe na NBA.
A série de finais contra o Denver Nuggets foi a única que o Heat teve uma derrota no Jogo 1, mas em compensação, a equipe também foi a única a derrotar Nikola Jokic e companhia na Ball Arena, deixando tudo igual no placar.
Parte do êxito se deve justamente à resiliência de Spoelstra e sua capacidade de adaptar tanto a defesa, quanto o ataque do Miami às situações de cada jogo em específico, não apenas como ajustes para uma próxima partida pós-derrota.
A franquia ficou atrás no placar durante os três primeiros quartos do Jogo 2. Para o último período, Spoelstra adaptou a defesa e fez com que os jogadores fizessem a marcação de zona, o que anulou Jokic, já que ele teve dificuldade para receber a bola.
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Isso aconteceu quando o sérvio já estava com 31 pontos, o que já havia deixado os outros jogadores dos Nuggets confortáveis. Ao verem que o principal marcador da noite não estava mais marcando, enquanto o Miami passava à frente no placar, os atletas começaram a se desesperar e errar arremessos.
Foi assim que Spoelstra roubou o mando de jogo do favorito ao título. Foi também com as adaptações “ao vivo” que o Heat abriu 3 a 0 em cima do Boston Celtics nas finais de conferência, foi assim que passaram pelo New York Knicks nas semifinais e foi assim que atropelaram o Milwaukee Bucks, líder da temporada regular, na primeira rodada.
E foi assim que Spoelstra, desde 2008, levou o Miami Heat às finais seis vezes, tendo vencido duas, em 2012 e 2013, quando LeBron James era o astro da equipe. Esta é a segunda final da franquia, em três anos, com praticamente a mesma base.
Erik Spoelstra no Miami Heat
Spoelstra chegou ao Miami Heat em 1995, como coordenador de vídeo. Dois anos depois, a diretora Roya Vaziri convenceu o gerente geral a dar a ele uma vaga na comissão técnica devido a sua ética profissional e conhecimento de jogo.
Erik, então, se tornou técnico assistente em 1997, mas ainda era coordenador de vídeo, sendo promovido a olheiro em 1999 e diretor de recrutamento em 2001, sem nunca ter deixado de lado a assistência técnica.
Foi sob seu comando como assistente técnico principal, que em 2004 Dwayne Wade melhorou suas habilidades de salto e equilíbrio, ajudando a franquia a conquistar um título em 2006 —o primeiro na carreira de Spoelstra.
Em 2008, finalmente, veio a vaga como técnico principal da franquia. Nos dois primeiros anos, o time da Flórida perdeu a primeira rodada de playoffs, mas em 2011, Erik chegou às finais pela primeira vez. O primeiro título veio no ano seguinte, com o bicampeonato em 2013.
Após a saída de LeBron, a franquia demorou seis anos para voltar às finais; e a volta aconteceu justamente contra o Los Angeles Lakers, em 2020, quando já contavam com James no elenco. O resultado foi uma derrota por 4 a 2.
Apesar do jejum de títulos, e até de aparições nas finais, a franquia nunca cogitou demitir Spoelstra —o motivo é bastante óbvio. O técnico não só adapta os jogadores ao estilo versátil da equipe, como tem criado, diretamente, a famosa “Cultura Heat”, que aproveita e valoriza todos os seus atletas, inclusive os não draftados, assim como ele mesmo teve seu valor reconhecido até chegar onde chegou.