Suárez, Di María e Busquets: Inter Miami pode assinar amigos de Messi?

Pedro Rubens Santos | 10/06/2023 - 13:00

Após a confirmação do acerto com Lionel Messi, o Inter Miami já está de olho nas próximas contratações. Nos últimos dias, nomes como Luis Suárez, Sergio Busquets, Ángel Di María e Jordi Alba foram ventilados na equipe da MLS. Mas o time pode contratar tantos astros? E como fica a questão do teto salarial?

Paul Tenorio e Tom Bogert, do The Athletic, mergulharam nas particularidades das regras da MLS e publicaram, na última sexta-feira (9), um retrato do cenário atual do Inter Miami e do que a franquia precisaria fazer para poder contar com os renomados colegas de Messi.

A liga dos Estados Unidos conta com normas rígidas quanto a salários, mas há uma certa flexibilidade dentro do regulamento que abre caminhos para uma equipe disposta a montar um elenco com estrelas. Se decidir investir em mais craques, o clube de Miami terá que fazer algumas negociações internas e externas.

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Qual é o teto salarial da MLS?

Basicamente, o teto salarial da MLS limita quanto um time pode gastar com pagamentos a jogadores do elenco. O orçamento total para a temporada 2023 é de cerca de US$ 5,2 milhões, e o máximo que um atleta pode custar, dentro deste orçamento, é US$ 651 mil.

No entanto, cada equipe tem direito de contratar até três Designated Players (DP), ou Jogadores Designados, e pagar a eles qualquer valor — independentemente da quantia, eles contaram somente US$ 651 mil para o teto salarial. É nessa categoria que entrará Messi.

A regra dos DPs é conhecida como a “Regra David Beckham”, pois foi criada em 2007 para que o LA Galaxy pudesse contratar o craque inglês, então no Real Madrid. Hoje, Beckham é um dos proprietários do Inter Miami.

Mecanismos como o allocation money, uma espécie de espaço no orçamento, também influenciam o teto salarial e fazem com que ele seja bastante variável. Como exemplo, o The Athletic informou que a distância entre os investimentos do time que mais gasta na liga, o Toronto FC, e o de menor investimento, o CF Montréal, é de mais de US$ 15 milhões.

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Como o Inter Miami pode contratar Suárez, Busquets e Di María

Antes de fechar com Lionel Messi, o Inter Miami já tinha três jogadores designados em seu elenco: o mexicano Rodolfo Pizarro, o equatoriano Leo Campana e o brasileiro Gregore. Para abrir espaço ao argentino, algum desses nomes será “rebaixado”.

Gregore, Inter Miami, MLS. Foto: Reprodução/Twitter/@InterMiamiCF
Capitão do Inter Miami, Gregore está se recuperando de lesão no pé. (Foto: Reprodução/Twitter/@InterMiamiCF)

De acordo com informações do The Athletic, o escolhido é Gregore, ex-Bahia e que está na MLS desde 2021. O volante se lesionou em março e precisou passar por uma cirurgia no pé que o deixará afastado dos gramados até, no mínimo, o mês de setembro.

Para rebaixar um jogador de categoria e removê-lo da prateleira dos Designated Players, uma franquia pode usar o allocation money e, basicamente, “comprar” seu contrato e reduzir o custo do mesmo ao teto salarial. Com a vaga aberta, o Inter Miami estará livre para assinar com Messi e pagar a ele qualquer quantia combinada.

Mas e os demais jogadores? Os últimos dias trouxeram uma série de rumores sobre as possíveis chegadas de craques do futebol mundial para se juntar ao argentino em Miami, e o jornal Marca, da Espanha, confirmou que a equipe da MLS tenta a contratação de Busquets e Di María. O interesse no volante espanhol já é antigo e foi revelado antes mesmo do acordo com Messi ser fechado.

Outro nome ventilado na equipe é o de Luis Suárez, velho conhecido do argentino e atualmente no Grêmio. Os dois fizeram longa parceria no Barcelona e jogaram junto com Busquets em uma época de ouro do clube catalão. Lá, conquistaram cinco títulos da liga espanhola, uma Champions League e um Mundial de Clubes.

Não há como esconder que a chegada desses craques depende da abertura de vagas na lista de jogadores designados. No caso de Pizarro, o Inter Miami pode fazer uso de um recurso chamado buyout, que permite a rescisão de um único contrato do elenco por temporada. Como o vínculo do mexicano é válido só até o final de 2023, essa seria a escolha mais sensata para abrir espaço a um novo reforço.

Quanto ao outro DP da equipe, Leo Campana, a solução deve ser a mesma de Gregore, ou seja, reduzir o valor do contrato por meio do uso do allocation money. O problema é que isso somado à contratação de um jogador como Di María ou Suárez, exigiria um valor alto de investimento. E o Inter ainda sofre com a punição da MLS por ter manipulado contratos em 2020.

Messi, Di María, seleção argentina. Foto: Reprodução/Twitter/@Argentina
Messi e Di María são companheiros de seleção e atuariam juntos pela primeira vez em um clube no Inter Miami. (Foto: Reprodução/Twitter/@Argentina)

Há dois anos, o time de Miami sofreu uma severa sanção da liga e teve US$ 2,27 milhões cortados de seu allocation money para as temporadas 2022 e 2023, o que limita as opções de gastos e movimentos contratuais. O motivo da pena foi uma quebra das regras ao manter cinco jogadores designados no elenco ao mesmo tempo, em 2020.

Isso foi possível graças à adulteração dos contratos de Blaise Matuidi e Andrés Reyes, que foram listados abaixo da categoria de Designated Players de forma irregular, segundo a investigação.

Outra opção é negociar Campana com outro clube. O atacante, contratado do Wolverhampton por US$ 2,7 milhões, chegou ao Inter em janeiro.

Segundo fontes informaram ao The Athletic, o plano do Inter Miami é contratar Busquets, mas não como um jogador designado. Para o clube, isso seria bom para manter a possibilidade de ocupar as duas vagas além da de Messi com outros reforços, mas, ao mesmo tempo, levantaria suspeitas ao redor da liga, especialmente devido ao histórico recente de negócios sombrios da equipe.

Escrito por Pedro Rubens Santos
Pedro Rubens começou a trabalhar na cobertura de futebol americano no site Torcedores.com e teve uma passagem de três anos pela ESPN, onde atuou também na produção digital. Foi repórter do Quinto Quarto até julho de 2023.