Diferentemente de esportes territorialistas (futebol, futebol americano e etc), o beisebol tem uma disposição diferente desde o começo. Em primeiro lugar o campo é o mesmo para as duas equipes e não há a necessidade de se ganhar território. Sabendo que este é um esporte que causa confusão, apesar de ser o menos frenético possível, Quinto Quarto fará um tutorial com as regras do beisebol. Ou melhor, neste post falaremos das regras mais básicas e podemos ampliar e responder perguntas em outros textos.
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Como ‘pontuar’ (anotar corridas) no beisebol
O objetivo do ataque (só é possível ‘pontuar’ no ataque) é completar uma volta nas quatro bases. Então, se um jogador chega à primeira base, ele ainda não conseguiu nada. Só anotará uma corrida quando voltar ao home plate (“casa” principal onde sai o rebatedor). Dessa forma, um rebatedor pode no máximo contribuir para quatro corridas acontecerem em um at-bat (aparição ao bastão): quando tem três jogadores em base e ele consegue chegar impulsionar todos e chegar ao home plate.
Número de jogadores
Na Major League Baseball, um elenco pode ter 25 jogadores ativos para a partida. Contudo, o que não muda, é o número de atletas dentro de campo. Sempre são nove jogadores para cada equipe. Geralmente são três no campo externo (lá no fundão, na parte de grama, os chamados defensores externos ou outfielders), um na primeira base (mesmo nome da posição), um na terceira base (mesmo nome na posição), o receptor – que fica atrás do home plate – e o arremessador. O shortstop (interbases) e o segunda base ficam entre a segunda e terceira base e entre a primeira e segunda base respectivamente.
Veja como ficam as posições dos jogadores:
No ataque, no máximo quatro jogadores entram em ação. Sempre há o rebatedor e, no máximo, três corredores em base. Todos os jogadores atacam e defendem. A exceção é quando há o rebatedor designado, que rebate no lugar do arremessador. Mas por enquanto, para não complicar, esquece esse cara, que pode ser conhecido também como DH (designated hitter).
Vale destacar que os jogadores da defesa podem se deslocar como quiserem no campo, então não precisam manter a posição que eles foram originalmente desenhados para ocupar. Isso ocorre bastante nos shifts (quando há um deslocamento do jogador de sua posição inicial). Com um shift você tenta aumentar a chance de eliminações porque o rebatedor tem a tendência de mandar a bolinha mais para um lado do campo.
Veja um exemplo de shift e como os jogadores estão diferentes do desenho acima:
‘Tempo do jogo’
Diferentemente da maioria dos esportes – sim, o beisebol é um esporte diferente! –, não há limite de tempo e a partida só acaba com um vencedor, salvo algumas poucas exceções que não são importantes nesse momento.
O jogo profissional tem nove entradas (innings). O que isso significa? Cada equipe vai atacar e defender nove vezes. Dessa forma uma entrada consiste em um time atacar, sofrer três eliminações e passar a vez no ataque para o adversário e conseguir três eliminações. A única vez que um time não ataca nove vezes é quando ele é o mandante (é o segundo a atacar) e chega na última entrada vencendo, dessa forma, como já vez as 27 eliminações (3 eliminações em nove innings) e está com a vantagem no placar, não precisa voltar ao bastão pois o jogo já está definido.
Como fazer as eliminações no beisebol
Aqui entramos em um momento mais delicado da nossa explicação. Vou começar pela parte mais marcante que são os arremessos. Um duelo entre arremessador (pitcher) e rebatedor tem duas possibilidades de acabar caso não haja uma rebatida.
A primeira é com um strikeout. Ou seja, quando o arremessador consegue colocar três bolinhas boas (strike), dentro da zona de strike (entre o cotovelo e o joelho do rebatedor e dentro do limite do home plate – pentágono fixado no chão). Se a bolinha for ruim, mas o jogador fizer o movimento de girar o bastão (swing), também é contabilizado como bola boa. Dessas bolas, apenas a última precisa terminar na mão do receptor (catcher). As outras podem ser, por exemplo, foul balls, quando o jogador consegue a rebatida, mas para o lado de fora do campo.
Veja um diagrama da zona de strike:
Caso uma bolinha vá na terra (não terminou diretamente na mão do catcher), o rebatedor gire (então é strike), ele tem a oportunidade de correr para a primeira base e a eliminação só é concretizada se os atletas da defesa mandarem a bolinha para a primeira base e ela chegar antes do rebatedor. Um ponto importante a se destacar é que, se, com dois strikes, a bola raspa no taco (foul tip) e o catcher não pega a bolinha, o duelo continua. Se o receptor fica com a bola, é considerado o terceiro strike e, conseguintemente, uma eliminação.
Veja um foul tip que acaba em strikeout (observe que a bola trisca no taco):
O segundo final possível de um duelo é um walk (passe livre para o rebatedor ir para a primeira base). Isso ocorre quando o arremessador manda quatro bolas ruins (fora da zona de strike).
Agora entraremos para a situação em que há rebatidas. A maneira mais fácil de se eliminar um corredor é pisar ou tocar na base para que ele está se dirigindo com a bolinha na mão antes do corredor chegar na base – uma espécie de pique do pega-pega. Algo que ocorre bastante é quando o jogador rebate uma bola rasteira no campo interno (onde ficam os jogadores que ficam mais perto do home plate) e corre em direção à primeira base. Esse tipo de eliminação pode ser feito sempre que o corredor é obrigado a avançar para a base seguinte.
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Então um exemplo para deixar as coisas mais claras. Quando há uma rebatida, o jogador que rebateu obrigatoriamente tem que correr para a primeira base, então esse tipo de eliminação é válido. Se ele chegar salvo na primeira base e sair correndo que nem louco para a segunda base, o mesmo tipo de eliminação não é mais válido, já que ele não é obrigado a avançar e pode retornar para a base anterior.
Mais um exemplo disso é: quando há um corredor na primeira base e há uma rebatida, ele obrigatoriamente precisa ir para a base seguinte, já que não pode haver dois corredores na primeira base. Então é possível fazer a eliminação pisando na segunda base para eliminar o jogador que estava na primeira base. Se o corredor está na segunda base, não há corredor na primeira base, e ocorre uma rebatida, esse corredor da segunda base não e obrigado a avançar, então para eliminá-lo não basta pisar na base seguinte.
Veja uma double play com eliminações na segunda e primeira base (quando os corredores são forçados a avançar):
Um outro tipo de eliminação no beisebol é quando a bola vai no ar. Se a bola vai no ar (fly), seja ela em parábola ou uma linha, o jogador da defesa só precisa pegar ela antes dela tocar no chão para automaticamente conseguir eliminar o rebatedor. Quando há esse tipo de eliminação, para evitar a vantagem dos corredores, estes precisam tocar na base e esperar que a eliminação seja feita antes de avançar.
Se um corredor fica fora da base (ele pode fazer isso para tentar ganhar vantagem em caso do erro do defensor), houver a eliminação pela bola que foi no ar (flyout ou line out) e a bolinha voltar para a base que o corredor deveria estar antes do corredor voltar para ela, o defensor só precisa pisar na base para também eliminar o corredor.
Veja um exemplo em que o corredor espera na base para depois correr para o home plate (OBS: preste atenção que a possível eliminação no home plate não seria apenas pisando na base e sim com um tag):
Veja uma eliminação em que o corredor não volta para a base a tempo depois da eliminação por flyout (bota que vai no ar):
O terceiro jeito mais comum de se haver uma eliminação no beisebol é o tag. O tag se caracteriza pelo jogador da defesa ter a bolinha na mão ou na luva e tocar com a mão que está com a luva no corredor quando este está fora da base. Essa eliminação pode ocorrer sempre que o corredor não é forçado a avançar de base, mas tenta avançar. Ela também pode ocorrer quando o corredor é obrigado a avançar, mas não é o mais comum.
Confira um tag na primeira base após o jogador não conseguir fazer a eliminação pisando na primeira base:
Apesar de não entrarmos muito em detalhes de outros tipos de eliminação que são mais específicos, citaremos mais três tipos. O primeiro é quando uma bola é rebatida, o defensor ainda não pegou ela e o corredor toca nela. Por exemplo, um corredor na primeira base está indo em direção para a segunda base e a bola rasteira toca no corredor. Como ele interferiu na jogada, o jogo para (vira uma ‘jogada morta) e o corredor é eliminado por interferir.
Veja um exemplo:
Outra possibilidade é quando o corredor sai da linha de corrida para fugir de um tag. Ou seja, quando o jogador está correndo, existe uma linha imaginária entra as bases que o corredor não pode sair e, caso ele saia mais de um metro para tentar fugir de um tag, a eliminação ocorre automaticamente.
Veja um lance em que o corredor corre fora da baseline:
Por fim, para terminarmos este post sobre regras e conceitos do beisebol, citaremos quando o corredor ‘erra’ a ordem das bases, o que acontece quando ele sem querer pula uma base e pisa na seguinte e segue o correndo. Dessa forma, a defesa apenas precisa pisar na base que foi ‘pulada’ para fazer a eliminação (observação: isso ocorre raríssimas vezes no profissional).