A Major League Baseball sofreu um rude golpe ao ver Kyler Murray abandonar o beisebol e seu bônus de US$ 5 milhões para seguir a carreira na NFL.
Agora mais uma bomba.
O prospecto Carter Stewart, oitava escolha geral do draft de 2018, optou por ir jogar no Japão em vez de entrar novamente no draft da MLB. No ano passado, seu bônus de assinatura que deveria ser de US$ 4 milhões caiu pela metade por causa de uma lesão. Com isso, ele não fechou contrato (algo que acontece com jogadores de high school escolhidos em rodadas altas).
“Isso vai ter um grande impacto no beisebol. Os jogadores vão saber que têm uma opção muito mais benéfica financeiramente. Os talentos têm valor e temos um sistema que não dá esse valor”, disse o agente Scott Boras com toda a razão.
Além do ponto financeiro (Carter receberá US$ 7 milhões por seis anos e, por provavelmente ser uma escolha de segunda rodada em 2019 receberia menos de US$ 2 milhões), essa situação coloca em evidência a falência das ligas menores e, principalmente, da composição contratual do primeiro contrato profissional.
Os jogadores de ligas menores, apesar do bom bônus inicial, enfrentam uma vida complicada nas ligas menores, mas, pior do que isso, não têm um bom horizonte para receber grandes salários.
Superado os obstáculos antes de chegar à MLB, depois de chegar ao topo, os atletas precisam de seis anos de serviço para finalmente se tornarem agentes livres.
A arbitragem? Legal, o astro espera três anos para ter a possibilidade de receber um salário decente. E existem diversos casos, inclusive o do Cy Young de 2018 Blake Snell antes da renovação, de superestrelas recebendo o mínimo.
Dessa forma, se um jogador tem uma passagem brilhante e chega com 20 anos na MLB – o que não é tão comum –, ele só poderá ser agente livre com 26, dependendo da arbitragem para receber um salário substancial com 23.
Isso sem contar quando as equipes seguram os atletas na Minor League para não contar tempo no profissional, algo que muitos acreditam que aconteceu com Vladimir Guerrero Jr., do Toronto Blue Jays.
Comparando com a situação de Carter, que fechou contrato de seis anos (mesmo período dos contratos de ligas menores, como o que Eric Pardinho assinou) e terá que passar pelas ligas menores japonesas, o jovem prospecto tem a possibilidade de chegar antes na liga principal e será agente livre com a mesma idade (ele tem 19 e ficará livre com 25).
Seu desenvolvimento deverá ser tão bom quanto, uma vez que já vimos diversos jogadores japoneses atuando em alto nível nos Estados Unidos.
Então, para finalizar, ele ganhou mais dinheiro no bônus de assinatura e não ficou dependendo do tempo de serviço, regra que precisa ser revista, para ser agente livre.
Com 25 anos, ele está em excelente posição para fazer um grande contrato com a MLB e ele não dependeu da arbitragem e dos possíveis percalços na Minor League (competição ou muitos talentos na mesma posição, lesão e viagens longas de ônibus no interior dos Estados Unidos) para receber um montante substancial.
Lembrando que ele poderia se tornar agente livre com mais de 26 anos, o que deixaria a situação ainda pior.
Voltando para a frase inicial do texto, Kyler Murray só quis evitar todo esse estresse e foi para os holofotes da NFL. Quem diria que, no final das contas, ele seria US$ 35 milhões GARANTIDOS em seu primeiro contrato.