Exclusivo: Zé Colmeia dispara antes do UFC São Paulo e diz que é ‘um problema para a divisão’

Matheus Costa | 03/11/2023 - 19:30

Em período de renovação da categoria dos pesados, novos representantes brasileiros seguem surgindo na divisão. Um deles é o mineiro Rodrigo Nascimento, conhecido como Rodrigo Zé Colmeia, que representará o país no UFC São Paulo, neste sábado (04), em revanche contra o americano Don’Tale Mayes.

Três anos depois do primeiro embate, que concedeu a vitória para o brasileiro, Rodrigo, que mora nos Estados Unidos e treina na American Top Team terá a oportunidade de atuar pela primeira vez em sua passagem na organização em solo brasileiro. E claro, com a presença da sua família na torcida.

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Em entrevista exclusiva ao Quinto Quarto, Rodrigo Zé Colmeia explicou a sensação de lutar na presença de sua família e no seu país e como está se preparando para esta experiência inédita. Ele ainda revela que seu pai, grande incentivador de sua carreira, pediu para entrar com ele ao octógono.

– Está sendo diferente para mim. É a primeira vez que eu trago minha família para cá, meu pai e minha mãe vão assistir minha luta e eles nunca viram uma luta minha de perto. Normalmente, quando eu luto é em Vegas ou Abu Dhabi. Acho que vai ser uma diferença, mas vou tomar cuidado para não enfartar a minha mãe ou o meu pai ali, né (risos). Eu prometo vitória, agora se vai ser com emoção ou sem, eu não sei. Meu pai sempre me dá umas dicas. Ele até pediu para entrar junto, e eu falei: ‘não pai, que isso, não dá para você entrar. Você vai enfartar lá, não tem condição um negócio desse’ (risos). Vai dar tudo certo -, afirmou.

Três anos após sua vitória contra Don’Tale Mayes por finalização no segundo round, Rodrigo Nascimento recebeu a notícia com certa surpresa de que reencontraria o americano no octógono. Para ele, a influência de Jon Jones, companheiro de treinos de seu adversário, pesou na hora de escolher o confronto. Além disso, ele ainda deu uma leve cutucada em Mayes ao citar suas três lutas no reality Contender Series.

– Eu acho que o casamento dessa luta aconteceu porque ele é parceiro de treino do Jon Jones. O Males ganhou do Arlovski, que é meu parceiro de treino, e logo em seguida ele mesmo deve ter pedido. Eu pedi ao Mick (Maynard, matchmaker do UFC) para lutar em São Paulo e eu acho que isso tudo aconteceu no mesmo momento e casaram essa luta. Para mim, está tranquilo. Eu vou ganhar desse cara de novo e, talvez, meu próximo adversário será um top 15. A gente sabe que ele é amigo dos caras porque eu nunca vi um cara lutar o Contender Series três vezes. Não existe isso, e ele lutou três vezes. O Don’Tale Mayes é ranqueado no Contender Series (risos). Eu acho que ele pediu a revanche, o Jon Jones mexeu os pauzinhos e, como estava vindo de vitória, ele conseguiu isso -, explicou.

Enquanto Mayes possui um estilo nocauteador com base no boxe, Zé Colmeia sempre optou por trabalhar todas as áreas do seu jogo. Além de ter um poder de nocaute com um jogo de trocação afiado, o brasileiro segue trabalhando forte para evoluir no wrestling e no jiu-jítsu.

Rodrigo explicou como funciona sua cabeça durante a luta e relatou que gosta de enxergar aberturas no momento certo para buscar o fim do confronto. Logo, por isso, gosta de treinar e evoluir em todas as áreas. Ele se diz preparado para finalizar Don’Tale Mayes em qualquer área, se comparando com nomes como Jon Jones, Daniel CormierStipe Miocic na busca da excelência em pé e no chão, e avisa que está de olho no bônus de performance da noite de 50 mil dólares.

– Eu tenho um negócio que no meio da luta eu vejo uma brecha para ganhar do cara e eu acabo ganhando ele ali. Eu sei que quando abrir essa porta, eu vou visualizar e vou ganhar dele, seja na finalização, derrubando ele, round a round ou nocauteando ele. Eu treinei muito, sou um cara completo igual o Jon Jones, Daniel Cormier e Stipe Miocic. Eu tenho para ele onde ele quiser, e tenho certeza que eu vou achar uma forma de ganhar dele. Não precisa ser igual na primeira luta, não. Pode ser diferente. Vai que vem mais 50 mil aí? Vamo que vamo (risos) -, disse.

Em ascensão na categoria dos pesados, Rodrigo afirmou que é um problema e uma luta difícil para qualquer atleta da divisão de até 120kg. Confiante, o brasileiro ressaltou que considera está a duas ou três vitórias de chegar ao topo do ranking.

– Eu sei que eu sou um problema e eu sou uma luta difícil para qualquer um da categoria. Têm alguns caras que eu vejo que tem uma trocação boa, mas não tem um chão tão bom ou vice-versa. Eu acho que quando meu adversário vê que vai lutar comigo, ele vê que eu sou um cara completo. É mais difícil de lutar comigo e minhas últimas vitórias mostram isso. Contra o Tanner Boser, eu derrubei ele em todos os rounds. Com o Latifi, eu tomei uma queda e consegui defender todas as outras. Caras veteranos e os dois são bons. Eu acredito que duas ou três vitórias me colocam lá em cima do ranking. Sem sombra de dúvidas, eu sou um problema para a categoria -, explicou.

Zé Colmeia terá sua família e público pela primeira vez no UFC São Paulo

Depois de lutar bastante na pandemia e no UFC Apex, chegou a vez de Rodrigo Nascimento encarar um cenário inédito. Além de ter a chance de lutar no Brasil pela primeira vez na organização, ele também fará sua primeira luta com torcida na plateia.

Zé Colmeia relatou que não se sente pressionado pela presença dos seus pais, mas que está animado em poder mostrar seu trabalho diante do público pela primeira vez no Ultimate. Ele ainda revelou uma história engraçada envolvendo o seu pai, que queria entrar junto com ele no octógono, além de dar suas dicas.

– Está sendo diferente para mim. É a primeira vez que eu trago minha família para cá, meu pai e minha mãe vão assistir minha luta e eles nunca viram uma luta minha de perto. Normalmente, quando eu luto é em Vegas ou Abu Dhabi. Acho que vai ser uma diferença, mas vou tomar cuidado para não enfartar a minha mãe ou o meu pai ali, né (risos). Eu prometo vitória, agora se vai ser com emoção ou sem, eu não sei. Meu pai sempre me dá umas dicas. Ele até pediu para entrar junto, e eu falei: ‘não pai, que isso, não dá para você entrar. Você vai enfartar lá, não tem condição um negócio desse’ (risos). Vai dar tudo certo -, revelou.

Antes do UFC São Paulo, Zé Colmeia defende paixão do público e critica marketing no Brasil

Com ingressos esgotados para o UFC São Paulo, o evento terá um sucesso que não ocorreu no UFC Rio, no início do ano, que não teve casa cheia e recebeu um público bem menor do que o esperado.

Para Zé Colmeia, o MMA segue em crescimento no país e o público segue apaixonado pelo esporte, mas a saída do UFC do Grupo Globo para a Band, além da falta de um marketing mais efetivo, acaba impactando o grande público para acompanhar e conhecer os representantes brasileiros no Ultimate.

– Eu acho que essa febre ainda existe, mas pelo fato do UFC ter saído de alguns canais aqui no Brasil deixou as coisas mais difíceis. É complicado porque todo mundo lembra: “Vamos ver o UFC nesse canal” aí quando você liga não tem mais. Eu acho que essa é a dificuldade, sabe? Acho que a gente tinha que trabalhar mais o marketing no Brasil sobre isso, principalmente pelos lutadores brasileiros serem conhecidos pelos brasileiros. Eu não acho que o MMA está em baixa, ele só está crescendo. Eu acho que as coisas só têm a melhorar, mas acho que falta um marketing mais forte no Brasil para a galera saber e entender mais sobre. Se o MMA fosse igual ao futebol aqui, ia ser totalmente diferente -, encerrou.

Escrito por Matheus Costa
Matheus Costa é jornalista, repórter e redator com passagens por MMA Brasil, LANCE!, O Dia, Yahoo! e outros. Sua carreira no jornalismo iniciou na cobertura do MMA, depois se expandindo para a cobertura do futebol e dos bastidores de televisão esportiva brasileira. Já cobriu in loco eventos de MMA, futebol, basquete e jiu-jítsu.