Campeão dos pesos-médios (até 83,9 kg), Alex Pereira é um dos lutadores mais temidos da atualidade. Não à toa, seu poder da trocação fez com que seis lutadores, de um total de oito rivais no MMA, fossem nocauteados. O brasileiro se prepara para enfrentar Israel Adesanya em revanche no UFC 287 do próximo sábado (8).
Em entrevista exclusiva ao Quinto Quarto, o primeiro treinador de Alex, Belocqua Wera, relembrou o apelido dado de ‘Poatan’ – que significa ‘mão forte’ em tupi-guarani.
— Assinamos um contrato de um patrocinador, que pediu um apelido e eu falei ‘Poatan’ — que significa ‘mão forte’ em tupi-guarani. Foram feitos vários treinamentos que o preparavam como um ritual de passagem para incorporar, que não fosse só um apelido. É um guerreiro ancestral. Envolve o espiritual. Dá uma base sólida. Quando ele diz que estava ‘pronto para matar’, na luta contra Adesanya, é disso também.
The rematch awaits – @AlexPereiraUFC & @Stylebender are ready to run it back at #UFC287 👀 pic.twitter.com/n2aq0Cp7th
— UFC (@ufc) January 27, 2023
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O apelido, por sinal, envolve a ancestralidade de Poatan. Belocqua conta que reconheceu no antigo pupilo as características da cultura indígena. Ele ainda cita a entrada do campeão ao octógono como exemplo vivo da história que segue com Alex. O campeão tem uma pedra tatuada em uma de suas mãos.
— Sabia que abriria caminho para ele pelas mãos. Em determinado momento, vi as características dele e falei: ‘Alex, você é índio’. E ele nem sabia o que seria um índio. Voltou para casa, perguntou para os pais e descobriu que seus avós eram índios. E ele gostou da ideia. Dentro da cultura indígena, temos danças dos guerreiros tupinambá, que te preparam para uma guerra. E nós começamos a idealizar a ‘mão forte’.
Início de Poatan
Ao lado de Wera, Poatan conseguiu evoluir em seu plano de jogo e passou, de lutador que ‘morria’ no gás, ao grande destaque brasileiro no kickboxing. O primeiro título de sua trajetória veio com o WGP (circuito profissional de kickboxing da América Latina).
— O Alex veio para treinar comigo e, quando ele estava pronto, vi que o kickboxing estava em baixa. Era só MMA, jiu-jitsu e muay-thai. No primeiro WGP que lutou, ele perdeu por falta de experiência. Ele cansou. Mas foram as primeiras lutas profissionais dele. As derrotas serviram para ele perceber a necessidade de se dedicar. Posteriormente, veio o cinturão do próprio WGP e ele começou sua larga história.
‘Já chegou moldado’
Alex Poatan chegou na academia de Belocqua Wera, em São Bernardo do Campo, aos 21 anos. Rejeitado por outras academias, o paulista pegou rapidamente a base de luta imposta pelo treinador e já mostrava que teria um forte jogo na trocação já em seus primeiros treinos.
— No início, foi meu filho Caíque (Raoni), também lutador, que o conheceu e ele (Poatan) estava sem vaga em outra academia. Deixei-o treinar com o Caíque para dar uma base e ele chegou com meu estilo moldado. Comecei a perceber detalhes nele. Se eu ensinasse esse cara para chutar e dar joelhadas, levaria dez anos. E ele já não tinha esse tempo, já que começou tarde (21 anos). Mas o boxe era diferenciado.
Alex Poatan no MMA
O duelo marca o quarto encontro de Poatan contra Adesanya – sendo o segundo nas artes marciais mistas. Anteriormente, no kickboxing, o brasileiro havia conseguido um nocaute e outra vitória na decisão dos juízes. Já no UFC, em novembro de 2022, ele chocou o mundo com outro triunfo na via rápida, pela trocação no quinto round.
Campeão dos pesos-médios, Poatan estreou no MMA em 2015 e tem sucesso na modalidade. O paulista está no UFC desde novembro de 2021 e soma quatro vitórias na organização. Ele é uma lenda do kickboxing, sendo o único a conseguir dois cinturões em categorias distintas — médios e meio-pesados.