UFC: ‘Poatan bebia um litro de cachaça por dia’, relembra ex-treinador do campeão

Igor Ribeiro | 05/04/2023 - 07:00

A luta de Alex Poatan contra seus adversários na época de destaque no kickboxing e MMA não é sequer comparada às batalhas que o campeão dos pesos-médios (até 83,9 kg) já teve em sua vida. Tampouco a revanche diante de Israel Adesanya no UFC 287 do próximo sábado (8) será capaz de superar.  

‘Bebia 1 litro de cachaça por dia. Quando não tinha cachaça, bebia álcool com café’ — técnico Belocqua Wera sobre Alex Poatan

Aos 21 anos, quando buscava alternativas para fugir do problema com álcool, Poatan viu um caminho: o kickboxing. O Quinto Quarto ouviu Belocqua Wera, primeiro treinador do campeão na modalidade. Em relato chocante, o treinador citou detalhes sobre o consumo de bebidas do campeão no passado.  

— Poatan tinha algumas deficiências da vida que ele levava antes. Ele tinha uma deficiência (no corpo) embaixo por conta das bebidas. Ele falou, pra mim, que bebia 1 litro de cachaça por dia. Quando não tinha cachaça, bebia álcool com café. A história dele era triste. Era um cara realmente ‘podre’ por dentro e sentia os golpes ali.  

Belocqua Wera foi o primeiro treinador de Alex Poatan no kickboxing. Foto: Arquivo Pessoal
Belocqua Wera foi o primeiro treinador de Alex Poatan no kickboxing. Foto: Arquivo Pessoal

‘Quase desisti do Poatan’ 

Mentor de Poatan, Belocqua relata que fazia períodos de treinamentos com o pupilo e passou a cobrá-lo, já no início, para explorar o máximo de seu potencial na modalidade. Foi quando Poatan recebeu um golpe na linha da cintura, caiu chorando e alertou o treinador sobre a perseverança e o compromisso que deveria ter para curá-lo. Além de potencial, havia ali um ser humano que necessitava de ajuda.  

— Teve um lance, no treinamento, que em determinado momento comecei a exigir muito dele. Eu ia gritando, exigindo. Eu soltei (um golpe) de esquerda na boca do estômago. Ele caiu, ficou no chão e pensei: ‘Ele está desistindo muito fácil’. Eu, já com mais de 60 anos, 70 kg, já estava pronto para desistir. Quando ele levantou, vi lágrimas nos olhos dele e falei: ‘Esse cara é podre, vou curá-lo’.  

Ancestralidade indígena 

Ainda conhecido como Alex Pereira, ‘Poatan’ não tinha conhecimento da origem do apelido – que vem de ancestralidade indígena, dado pelo próprio treinador. Wera, então, teria apostado em sua ancestralidade indígena, tão importante em sua trajetória, para passar os costumes passados de geração a geração e influência da cultura por uma recuperação do paulista. 

— Meu conhecimento indígena começou a valer. A partir daquele dia, comecei a trazer chás e sucos que eu tomo até hoje – com inhame, cará (alimento com diversos nutrientes e vitaminas), limão, mel. E eu levava todo dia 2 litros para ele. É um conhecimento milenar, dieta ancestral. Isso foi curando e dando forças. Depois, eu batia e ele já nem sentia mais.  

Em relato publicado pelo UOL Esporte, em novembro de 2022, Poatan relembrou o caso e tomou gosto pela bebida por ter conhecido cedo e viciado. Ele alega que só deixava de consumir alcool quando estava doente, mas celebra ter conseguido superar a situação. 

— Gostava de beber e bebia. Mas nunca aconteceu nada. Conheci cedo, gostei e estava confortável para mim. Bebia todos os dias. Só não bebia quando estava doente e precisava tomar remédio. Graças a Deus eu pude superar.

Poatan e parceria de sucesso com Belocqua 

Belocqua Wera foi o grande mentor de Alex Poatan no kickboxing e o introduziu no esporte em 2008. Após a recuperação do pupilo, o treinador impulsionou e mostrou as técnicas que seriam evidenciadas no Glory, principal organização da modalidade no mundo. 

Além da consagração no kickboxing, Poatan também teve o apoio de Belocqua para as vitórias do Campeonato WGP (principal circuito profissional de kickboxing da América Latina), It’s Showtime e WAKO Pro antes do rompimento com o profissional, que aconteceu em 2014.

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Escrito por Igor Ribeiro
Igor Ribeiro é especialista em lutas e MMA e começou a carreira na área como redator e repórter do site Super Lutas, até se tornar coordenador. Foi reporter do Quinto Quarto até julho de 2023.
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