Guilherme Faria de Souza, ou apenas Gui Faria, teve uma infância marcada por dificuldades e bullying na escola em São Paulo. No entanto, sua determinação em se defender e superar adversidades o levou a se tornar um lutador de MMA bem-sucedido, hoje no XFC.
Em junho deste ano, Gui voltou aos cages e bateu Olivier Murad na decisão unânime dos juízes. Em entrevista ao Quinto Quarto, o lutador celebra fase positiva e faz planos para o futuro no esporte.
— Foi uma vitória excelente, contra um adversário muito bom. O Olivier já lutou no DWCS e venceu, mas não foi contratado. Nesta ocasião, o Dana White falou para ele ganhar mais uma luta que ele o contrataria. Porém, ele lutou comigo e eu consegui vencer esta batalha por decisão unânime. Quero estar de volta ao cage em agosto ou setembro. Meu empresário, Tiago Okamura, está trabalhando para fazer isso acontecer. Após minha luta, me dediquei 100% no camp da atleta Maycee Barber. Ela tem uma luta importante, contra Amanda Ribas. Estou confiante que a Maycee vai fazer uma luta espetacular e ficar cada vez mais perto da luta pelo título. Após a luta dela, volto a focar 100% na minha carreira para lutar —
Ele, hoje, representa a Team Alpha Male e já posou ao lado de lutadores expressivos, como Song Yadong, Yan Xiaonan, Urijah Faber e Cody Garbrandt. Agora, para sua luta mais recente, o lutador admite ter dividido horários, mas viu o esforço valer a pena. Tanto para ele, quanto para seus companheiros de equipe.
— Foi conciliar o meu treinamento para esta luta com a preparação dos atletas Yadong Song, Xionam Yan e Maycee Barber. Eu dividia meus horários para treinar e dar aulas para eles, pois os mesmos tinham lutas importantes no UFC. Yadong Song e Xionam Yan venceram por nocaute e a Maycee será a próxima a lutar —
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Infância difícil e mudança de vida
A trajetória de Gui é marcada por superação, persistência e conquistas no mundo das artes marciais. O começo, no entanto, foi difícil. Quando tinha 9 anos, seus pais se mudaram para Limeira, no interior de São Paulo, após a aposentadoria e construíram uma casa lá. Ele sofria com miopia e era alvo constante de bullying na escola.
Em um dos momentos, o paulista se cansou de um dos meninos da escola e, após receber um tapa, revidou e se envolveu em uma briga. Apanhou, foi motivo de chacota entre os outros colegas e decidiu que faria uma mudança que mudaria toda sua vida.
Gui Faria decidiu enfrentar a situação e encontrou nas artes marciais — com o karatê em ponto de partida, como uma busca de lidar com as adversidades. Os treinamentos trouxeram a autoconfiança que o paulista precisava. Sua postura mudou completamente, e ele se dedicou intensamente ao esporte, participando de competições e adquirindo persistência.
Tanto, que, aos 12 anos, o lutador decidiu por expandir as áreas de treinamentos e iniciou no muay thai. Pouco tempo depois, com o sucesso iminente, a escolha foi o MMA.
Embora tenha enfrentado algumas derrotas iniciais, ele não desistiu e, ao completar 18 anos, conheceu a equipe do Mestre Nikolai, lenda do muay thai brasileiro e que o que impulsionou em sua carreira.
A carreira de Gui Faria no MMA
Aos 31 anos, Gui Faria conta com um cartel de 19 vitórias e dez derrotas em sua trajetória como lutador profissional de MMA. O paulista, que compete na divisão peso-pena (até 65,7 kg), conquistou dez nocautes — sendo sete no primeiro round, duas finalizações e sete lutas na decisão dos juízes.
A trajetória profissional nas artes marciais mistas, assim como sugere seu início nas práticas esportivas, também foi de aprovação. Três derrotas por finalizações nas três primeiras apresentações. Era difícil, com 17 anos, já estar pronto. Ele nem podia ter lutado na época por ser menor de idade. Seu professor se passava por seu pai para dar a permissão.
Mas, dois anos depois e mais maduro, a ascensão começou. Em pouco tempo, o brasileiro já despontava como grande destaque no cenário nacional. Batia nomes relevantes em eventos regionais. O trabalho árduo fez com que chegasse, em 2015, ao título do XFC — organização em que compete até os dias atuais, com cinco triunfos e um revés.
Sac Town is taking over New York! Team Alpha Male's own gets it done! #LFA125 pic.twitter.com/hsIl41asEV
— UFC FIGHT PASS (@UFCFightPass) February 26, 2022
Abertura da própria academia
Aos 18 anos, Guilherme abriu sua própria academia, a Fight Company, conciliando as aulas com a faculdade de administração. Com o tempo, a academia ganhou reputação e se tornou referência em Limeira, no interior de São Paulo, sendo renomeada para Academia Faria Fighters.
Na academia, os treinos são intensos e conceituados. O interessado pode aprender defesa pessoal e ter condicionamento físico, além de contato com muay thai, krav maga, jiu-jitsu e boxe.
Após um planejamento de treinamento intensivo, Guilherme começou a participar de competições aos 20 anos e obteve sucesso consecutivo, vencendo várias delas. Destaques incluem o campeonato mundial na Tailândia em 2014, além do GP peso-pena do XFC em 2015.
Campeão!! Tailândia! ???? pic.twitter.com/dY5z3Unka0
— Guilherme Faria (@GuiFariaMMA) March 20, 2017
Guilherme teve a oportunidade de treinar nos Estados Unidos, na renomada academia Black House — que teve repercussão mundial com Anderson Silva e Lyoto Machida, em 2015. Posteriormente, em 2020, decidiu se estabelecer no país, buscando novas oportunidades no MMA.
O sonho de chegar longe!

Com um espírito determinado e uma paixão incansável pelo esporte, o atleta brasileiro está trilhando um caminho notável em sua carreira. Gui Faria soma 29 lutas profissionais já realizadas e sem lesões que o impeçam, ele continua treinando em alto rendimento e se diz ansioso por chances em uma das maiores organizações do mundo.
— Ainda tenho muita lenha para queimar. Estou treinando em alto rendimento, não tenho lesões e sei que logo chegará minha hora de estrear em alguma das maiores organizações. Só preciso ter paciência e continuar trabalhando. Muitas provações apareceram em minha carreira. A vida é uma montanha russa. Porém, estou sabendo lidar com as emoções e controlar o psicológico para continuar nesta caminhada —
Com perseverança, ele encara as provações que surgem em seu caminho, compreendendo que a vida é uma montanha-russa de desafios e emoções. No entanto, o lutador está aprendendo a lidar com essas emoções e a controlar seu estado psicológico, firme em sua jornada.
Sua dedicação e paciência são fundamentais para alcançar seu objetivo de representar o Brasil em uma das grandes organizações de MMA.
— Enquanto eu tiver condições de treinar em alto nível, vou continuar tentando entrar em alguma das grandes organizações para representar o brasil. Não quero chegar no futuro e me arrepender: “nossa, eu deveria ter tentado mais um pouco… Eu estava perto”. Então, estou dando o meu melhor em tudo. Eu já cheguei muito longe para desistir agora. Saí de Limeira, interior de São Paulo, e estou rodando o mundo! já fiz 29 lutas profissionais de MMA e sou treinador de muay thai de uma das maiores equipes do mundo, a Team Alpha Male. Isso é uma conquista fantástica. Estou sempre em movimento, aprendendo muito a cada dia e me dedicando. Muitas vitórias ainda estão por vir —
A história de Guilherme Faria de Souza é um exemplo inspirador de superação e dedicação. O lutador enfrentou adversidades desde a infância, mas encontrou nas artes marciais não apenas a defesa contra o bullying, mas também uma paixão que o levou a conquistar títulos e reconhecimento internacional no MMA.