Fabricio Werdum – Notícias, estatísticas e salário

Vitor Guttierrez | 13/09/2021 - 11:12

Da academia de jiu-jitsu Winner-Behring, em Porto Alegre (RS), para o mundo, a história do ex-campeão dos pesados do UFC, Fabricio “Vai Cavalo” Werdum é extensa, cheia de percalços. Mas, acima de tudo, muito vitoriosa. O brasileiro passou pelos mais diversos eventos, enfrentou as maiores lendas do esporte em seu peso.

No entanto, foi no Ultimate onde chegou a maior glória, sendo campeão dos pesados em 2015. Hoje, com 44 anos e perto do fim da carreira, luta pela PFL e ainda pretende ser campeão no evento. Não podemos prever se chegará lá. Porém, até aqui, seu legado é inestimável. Confira agora um pouco da história da lenda Fabricio Werdum.

INÍCIO DA CARREIRA

A entrada de Fabricio Werdum no mundo das lutas se deu por conta de um evento inusitado. Quando ainda morava em Porto Alegre, o futuro atleta brigou com o ex-namorado de sua namorada na época e foi finalizado.

O evento motivou Werdum a procurar então a academia Winner-Behring, onde teve como primeiro professor o mestre Márcio Corleta. Sem dinheiro para pagar as mensalidades, o brasileiro passou a ajudar Corleta nas aulas.

Ainda com 17 anos e faixa-roxa, Werdum se mudou para a Espanha e lá continuou a se desenvolver, treinando e ensinando jiu-jitsu. Com uma sede própria no complexo do estádio do Atlético de Madrid, a academia do brasileiro plantou as primeiras sementes da arte suave na Espanha. Ainda assim, Fabricio voltava ao Brasil eventualmente para  competir e treinar sob a asa do mestre Sylvio Behring.

Em 2002, o brasileiro estreou no MMA no evento europeu Millennium Brawl. Werdum, na ocasião, finalizou seu oponente com um triângulo. E, de volta ao Brasil, o lutador recebeu de Sylvio Behring a faixa-preta.

A partir daí, Werdum construiu uma bela carreira no grappling, ganhando no período entre 2003 e 2011, 11 medalhas tanto no IBJJF quanto no ADCC. No entanto, o foco do brasileiro mudou para o então crescente mercado do MMA.

Depois de uma passagem pela Chute-Boxe para aprimorar a trocação, Werdum foi convidado em 2005 por Mirko Cro-cop para ajudá-lo em seus treinos de grappling. Nesse ínterim, o brasileiro já tinha passado por eventos como World Absolute Fight e Jungle Fight, contabilizando quatro vitórias e um empate na carreira.

O seu ótimo retrospecto e a proximidade nos treinos com “Cro-cop” naquele momento pavimentou o caminho para o seu próximo importante passo no MMA. Ainda em 2005, o brasileiro chegou no maior evento do mundo na época, o lendário Pride.

ASCENSÃO

A princípio, as performances Werdum no Pride foram animadoras. O lutador logo de cara finalizou seus dois primeiros oponentes na etapa inicial. No entanto, no combate seguinte o brasileiro conheceria a primeira derrota na organização e na carreira.

Por decisão dividida, Werdum perdeu para o russo Sergei Kharitonov no Pride 30, em 2005. Em seguida, o lutador conseguiu mais duas vitórias. Sendo uma delas em cima do gigante holandês Alistair Overeem por finalização. Logo depois, no mesmo ano, o gaúcho viria a perder para Rodrigo Minotauro.

Com o fim do Pride, Werdum assinou com o UFC em 2007. Essa primeira passagem pelo evento não foi longa e começou com o pé esquerdo. Na estreia o brasileiro perdeu para o ex-campeão dos pesados Andrei Arlovski por decisão unânime.  Os combates seguintes, no entanto, foram melhores.

Werdum conseguiu duas expressivas vitórias por nocaute sobre Gabriel Gonzaga e Brandon Vera. Mas a boa fase terminou por aí. No UFC 90, em 2008, o gaúcho enfrentou o jovem prospecto à época, Júnior Cigano, e acabou nocauteado. A derrota fez com que o evento americano quisesse renegociar o contrato de Werdum. O acordo não aconteceu e o brasileiro deixou o UFC, assinando com o Strikeforce em seguida.

No Strikeforce, Werdum conseguiu três vitórias seguidas, marca que não atingia desde o Pride. Sendo a última dessas contra a lenda Fedor Emilianeko, um dos maiores feitos da carreira do brasileiro. O russo estava há 10 anos sem perder e foi forçado a bater por conta de um triângulo aplicado por Werdum no 1º round.

O combate ficou na história, elevando bastante o nome do gaúcho no mundo do MMA. Todavia, Werdum se despediu do Strikeforce com derrota. Em uma apresentação ruim, o lutador perdeu a revanche para Alistair Overeem em 2011.

AUGE

Após o revés para o holandês, Werdum começou sua arrancada para o título do UFC. De volta à organização depois de dois anos no Strikeforce, o brasileiro não decepcionou na reestreia. Ainda assim, não foi pela via rápida. Por decisão unânime o gaúcho derrotou Roy Nelson no UFC 143.

Por outro lado, Werdum compensou na luta seguinte contra Mike Russow. Com 2’28” do 1º round, o brasileiro nocauteou o americano. As vitórias chamaram a atenção, levando Werdum a confrontar os principais da categoria naquele momento. O brasileiro enfileirou nada menos que: Rodrigo Minotauro, Travis Browne, Mark Hunt e, finalmente, Cain Velasquez. Os dois últimos, campeão interino e linear dos pesados, respectivamente.

Nesse sentido, a luta contra Velasquez marcou o auge da carreira do brasileiro. Werdum era o azarão no embate e desafiou as probabilidades. Com uma bela guilhotina o gaúcho saiu vitorioso naquela noite e unificou o cinturão dos pesos-pesados.

PRINCIPAIS TITULOS

MMA

  • Campeão peso-pesado do UFC (2005);

SUBMISSION

  • Campeão na faixa-preta no IBJJF Mundial (2003 e 2004);
  • Campeão do ADCC Submission Wrestling World Championships (2007 e 2009);

LUTAS MEMORÁVEIS

FABRICIO WERDUM X MARK HUNT

A princípio, essa luta não parecia que iria terminar bem para o brasileiro. Logo depois do início do combate, Werdum deixou claro que o objetivo era derrubar Hunt. Todavia, todas as tentativas foram frustradas pelo neozelandês. Além disso, Werdum levou um knockdown ainda no primeiro round com um belo overhand de Hunt.

Logo, o brasileiro teria que mostrar algo de diferente na segunda etapa. E foi exatamente o que ele fez. Com uma joelhada voadora certeira, Werdum colocou o neozelandês na lona e terminou com o combate. Assim, o brasileiro se tornou o campeão interino dos pesos-pesados no UFC 180, em 2014.

FABRICIO WERDUM X FEDOR EMILIANENKO

Em 2010, Fedor Emilianenko tinha um cartel e retrospecto quase impecável. Com 10 anos de invencibilidade, oito nocautes, 16 finalizações e apenas uma derrota na carreira, o russo era o cara a ser batido. Por outro lado, Werdum vinha de duas vitórias seguidas e era considera o azarão do combate.

Logo de início, Fedor partiu pra cima do brasileiro com muita agressividade e conseguiu um knockdown em Werdum. No entanto, o russo foi com muita sede ao pote e deu brecha para o gaúcho pegar o braço. Em seguida, Fedor conseguiu se desvencilhar, mas quase que imediatamente caiu no triângulo de Werdum. Com a posição muito encaixada, o russo não teve escolha a não ser bater a 1’09” do 1º round.

FABRICIO WERDUM X CAIN VELASQUEZ

Por fim, a maior luta da carreira do brasileiro foi contra campeão linear dos pesados em 2015, Cain Velasquez. O americano vinha de retrospecto impressionante de quatro vitórias seguidas e apenas uma derrota na carreira, era um dos lutadores mais temidos da época. Werdum também estava em ótima forma, embalado por cinco vitórias consecutivas e vindo de recém-conquista do cinturão interino dos pesados. Logo, era esperado uma grande luta e assim foi.

Ao contrário do combate contra Emilianenko, Werdum recorreu dessa vez à trocação. Assim surpreendeu Velasquez e levou vantagem nos dois primeiros rounds. No terceiro, já muito cansado, o americano tentou colocar o brasileiro pra baixo, mas acabou caindo numa guilhotina. Werdum não perdoou e finalizou o americano, sagrando-se pela primeira vez o campeão linear dos pesos-pesados do UFC.

HOJE EM DIA

Atualmente, Fabricio Werdum é atleta da PFL e sua última luta foi contra Renan Problema em maio deste ano. O combate terminou em nocaute técnico para Renan, porém, a Comissão Atlética e Nova Jersey converteu em no-contest porque o goiano teria supostamente batido enquanto Werdum encaixava um triângulo.

O árbitro, na ocasião não teria visto o gesto de Renan, que acabou aproveitando a situação para terminar a luta no ground and pound. Apesar do resultado adverso, Fabricio Werdum lutaria novamente ainda neste ano. No entanto, o gaúcho alegou problemas de saúde, o que impossibilitou sua participação no restante da temporada 2021 da PFL.

Foto Destaque: Reprodução / Quinto Quarto

Escrito por Vitor Guttierrez
Natural de Niterói, Rio de Janeiro, jornalista fã de esportes e heavy metal. Originário das redações de jornais como LANCE! e Jornal do Brasil, hoje exercendo a mesma paixão de escrever por meio da internet.