Análise: Brasileiros chegam ao UFC 300 como favoritos

Matheus Costa | 12/04/2024 - 09:00

O UFC 300 chega com a expectativa de ser um dos melhores cards da história não só do UFC, mas do MMA em si. O evento, que será realizado no próximo sábado (13), traz um card repleto de estrelas e três disputas de cinturão que prometem entregar muito entretenimento ao público.

Obviamente, o Brasil chega forte ao maior evento do UFC nos últimos anos com sete representantes ao total, marcando presença desde o card preliminar até a luta principal. O país será representado pelo campeão dos meios-pesados Alex Poatan, o ex-campeão dos leves Charles do Bronx, o peso pena Diego Lopes, o peso leve Renato Moicano, as peso palhas Jéssica Andrade e Marina Rodriguez, e, por fim, o ex-campeão dos moscas e novo peso galo Deiveson Figueiredo.

Com confrontos relevantes em suas respectivas categorias, os lutadores brasileiros chegam ao octógono considerado favoritos em todas as suas lutas. Por isso, o Quinto Quarto traz uma análise para destrinchar todos os seis confrontos dos sete lutadores.

1) Cinturão meio-pesado no UFC 300: Alex Poatan vs. Jamahal Hill

Em sua primeira defesa de cinturão na categoria dos meio-pesados, Alex Poatan retorna ao octógono para enfrentar o ex-campeão Jamahal Hill, que perdeu o título após uma grave lesão no ombro em janeiro de 2023. Agora, o norte-americano retorna para tentar retomar a cinta contra o novo campeão.

Depois de um reinado intenso na categoria dos médios e diversos problemas com o peso a ser batido de 84kg, Poatan ficou marcado pela épica rivalidade contra Israel Adesanya em sua passagem por lá. Desde que decidiu subir de peso, mostrou seu cartão de boas vindas ao superar o ex-campeão Jan Blachowicz por decisão dividida e nocautear outro ex-campeão em Jiri Prochazka para conquistar o segundo cinturão de sua breve passagem na organização.

Trata-se de um duelo entre dois strikers bem técnicos com grande poder de nocaute e que têm facilidade de golpear tanto na longa e na curta distância. No entanto, Poatan se destaca pela experiência e pela inteligência na hora de selecionar seus golpes, enquanto Hill é mais seletivo na hora de encaixar suas combinações e não é tão veloz – um ponto bem relevante para o confronto.

Um nocaute rápido é um cenário bem duvidoso de um confronto que deve ser bastante estudado pelos dois atletas. A expectativa é que a luta chegue nos rounds finais e seja bem equilibrada, mas com o campeão brasileiro, considerado favorito, saindo com a vitória por vias de mais um nocaute na sua carreira.

2) Charles do Bronx vs. Arman Tsarukyan

No duelo que irá definir o novo desafiante do cinturão da categoria dos leves, Charles do Bronx e Arman Tsarukyan se enfrentam em um dos duelos mais aguardados do card do UFC 300.

Charles do Bronx quer a chance de reencontrar o campeão Islam Makhachev no octógono para tentar se tornar novamente detentor do cinturão dos leves. No entanto, ele terá que enfrentar uma das maiores promessas da divisão nos últimos anos, Tsarukyan, que decidiu esquentar o clima com constantes provocações ao brasileiro antes do UFC 300.

Trata-se de um confronto entre um lutador bastante técnico contra uma ‘aberração’ física. Do Bronx gosta muito de pressionar e trabalhar na curta distância, seja com o boxe muito bem polido ou com golpes letais no clinch, além de ser um dos melhores lutadores da história do MMA no jiu-jítsu. Tsarukyan chama atenção por ser rápido, explosivo e por seu porte atlético que lhe concede um poder de nocaute impressionante, que muitas vezes compensa as falhas ou até mesmo a falta de técnica em certas áreas do seu jogo – como, por exemplo, o seu boxe.

É uma luta perigosa que pode ficar complicada para Charles conforme o relógio for avançando, mas o brasileiro entra no octógono como grande favorito por tudo o que seu jogo oferece para lhe conceder uma nova disputa de cinturão no peso leve. O brasileiro tem todas as armas possíveis para desmantelar e, consequentemente, vencer o perigoso e promissor Arman Tsarukyan no card principal do UFC 300.

3) Diego Lopes vs. Sodiq Yusuff

Em uma das lutas mais empolgantes do card preliminar, o nigeriano Sodiq Yusuff e o brasileiro Diego Lopes prometem entregar um confronto de puro entretenimento e violência durante três rounds do card preliminar do UFC 300.

Sodiq Yusuff se destaca pelo estilo bem agressivo e pelo poder de nocaute impressionante. Até então, o nigeriano anotou seis vitórias em oito lutas na organização e chama atenção na divisão dos penas. No entanto, mesmo com um bom início, acabou sendo exposto pelo brasileiro Edson Barboza na luta principal do UFC Vegas em outubro por decisão unânime. Exposto por uma qualidade em específico que Barboza compartilha com Diego Lopes.

Quando agride, Yusuff controla as ações e se sente confortável na luta. No entanto, quando é agredido e pressionado, Sodiq acaba se perdendo. Qualidades que justamente são as principais de Diego Lopes na luta em pé. Super agressivo, o brasileiro é alto e consegue golpear tanto na curta como na longa distância – e isso deve ser essencial neste confronto. Além disso, seu grappling é sensacional e de nível altíssimo, o que pode ser o diferencial nmo UFC 300

4) Renato Moicano vs. Jalin Turner

Com quatro vitórias nas últimas cinco lutas, Renato Moicano vive ótima fase dentro e fora do octógono em sua nova categoria. O brasileiro vem ganhando popularidade nas redes sociais e somando boas atuações em suas aparições no Ultimate. No entanto, esse deve ser o confronto mais complicado para o ex-peso pena nos últimos embates.

O maior peso leve da categoria, Jalin Turner tem 1,90m de altura e 1,96m de envergadura – o que deve ser um pesadelo para Moicano, que tem 1,80m de altura e 1,83m de envergadura. Ou seja: o americano é maior, mais forte e basicamente pode usar seu porte físico para anular o jogo striking do brasileiro, que é muito bom.

A chave para este confronto, no entanto, é o chão. Moicano é um ótimo grappler e consegue derrubar basicamente qualquer oponente, mesmo que esse tenha uma defesa de quedas muito boa como Turner já mostrou. Basicamente, o quanto antes Renato levar a luta para o chão, sua chance de vencer é maior – e esse deve ser o roteiro da luta no UFC 300.

5) Jéssica Andrade vs. Marina Rodriguez

Único duelo feminino da noite no card preliminar do UFC 300, as brasileiras Jéssica Andrade e Marina Rodriguez se enfrentam pela categoria dos palhas em um confronto bem intrigante de estilos que deve proporcionar uma luta interessante.

Mesmo longe de seu auge e dos seus melhores dias na carreira, a ex-campeã peso palha Jéssica Andrade se recuperou de três derrotas consecutivas ao nocautear a americana Mackenzie Dern no segundo round, em novembro. A chave para vitória ao retornar ao básico de sua carreira fazendo o que sempre fez bem: pressionar na curta distância e soltar suas bombas nas combinações, aproveitando que sua força física e seu poder de nocaute ainda são surreais. No entanto, levar a luta para o chão também pode ser um diferencial.

Marina Rodriguez não é uma lutadora empolgante, mas se destaca pela técnica no striking e pela inteligência na hora de ganhar rounds. Aos 36 anos, a brasileira vem de boa vitória sobre a veterana Michelle Waterson. Contra a Bate-Estaca, ela encara uma realidade completamente diferente e perigosa para o seu jogo. Para isso, ela terá que manter a distância na luta em pé, usando a envergadura para golpear e evitar as quedas da adversária à qualquer custo no UFC 300.

6) Deiveson Figueiredo vs. Cody Garbrandt

Ex-campeão dos moscas, Deiveson Figueiredo cansou de lutar contra a balança para bater o limite da divisão e, enfim, optou por se experimentar na divisão dos galos. Em sua estreia, o ‘Deus da Guerra’ impressionou com uma vitória dominante sobre o experiente Rob Font, que lhe rendeu a oitava colocação no ranking de sua nova categoria.

Deiveson é um striker de grande qualidade que mostrou evolução na escolha de golpes, tanto na precisão como na hora de selecionar os momentos de entrar e sair da distância perante a um dos melhores boxeadores da divisão. Agora, ele enfrentará o ex-campeão Cody Garbrandt, que tenta renascer na carreira após inúmeras derrotas sofridas nos últimos anos e soma duas boas vitórias consecutivas.

Em um duelo de nocauteadores natos, Figueiredo possui uma arma muito importante que fará total diferença na luta: o grappling. Muito habilidoso na hora de entrar com quedas para levar o confronto ao solo, Deiveson deve tornar a vida de Garbrandt um inferno na curta distância com bastante pressão e o grande risco de quedas. Favorito para o confronto, o brasileiro chega ao UFC 300 para finalizar seu confronto.

Escrito por Matheus Costa
Matheus Costa é jornalista, repórter e redator com passagens por MMA Brasil, LANCE!, O Dia, Yahoo! e outros. Sua carreira no jornalismo iniciou na cobertura do MMA, depois se expandindo para a cobertura do futebol e dos bastidores de televisão esportiva brasileira. Já cobriu in loco eventos de MMA, futebol, basquete e jiu-jítsu.