Atualização: este texto foi publicado no dia 18 de abril de 2015. No dia 19 de abril de 2017, ex-jogador cometeu suicídio. O texto foi atualizado.
Ninguém nunca realmente saberá o que levou Aaron Hernandez a cometer o assassinato de Odin Lloyd. Ninguém nunca realmente saberá se ele matou Lloyd. Mas Hernandez foi culpado na última quarta-feira (14 de abril) por homicídio em primeiro grau e condenado a passar o resto da vida atrás das grades, com pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Mesmo após ter sido absolvido de outros dois assassinatos, o ex-jogador se matou poucos dias depois, sendo encontrado em sua cela após ter se enforcado.
Quem foi Aaron Hernandez
O ex-jogador da NFL foi o principal suspeito do crime desde o início e a cobertura da mídia sobre o caso foi intensa – há quem diga que foi um forte fator na condenação. Estrela no New England Patriots, Hernandez tinha um contrato de 40 milhões de dólares e despontava como o futuro da liga.
Veja também: muita opinião sobre a NFL na nossa coluna Redzone
Ao lado de Rob Gronkowski, formava a dupla de ataque mais explosiva dos Estados Unidos. Hernandez e Gronk, de uma certa forma, foram os caras que recolocaram a posição de tight no mapa da NFL. Ele seria certamente um All-Star se seguisse recebendo os passes precisos de Tom Brady, como no Super Bowl XLVI, em que foi o alvo mais procurado pelo quarterback.
E porque Hernandez resolveu jogar tudo isso fora para disparar seis tiros a queima roupa contra Odin Lloyd, alguém com quem estava acostumado a ir a festas e até consumir drogas? Bom, nunca ninguém realmente saberá enquanto Aaron Hernandez não falar.
O caso Odin Lloyd
Odin Lloyd namorava a irmã da noiva do jogador dos Patriots em 2013. Também costumava levar maconha que fumava com Hernandez. Em 17 de junho de 2013, foi encontrado morto, com seis tiros no corpo, em uma zona industrial dos subúrbios de Attleborough. O corpo de Lloyd, que jogava futebol americano amador, estava a apenas um par de quilômetros da mansão de Hernandez e com as chaves de um carro alugado pelo jogador.
A acusação colocou o ex-atleta dos Patriots como mentor e assassino de Lloyd. Com os amigos Ernest Wallace e Carlos Ortiz, os três teriam encontrado Lloyd e o levado para o local do assassinato. A promotoria destacou um possível desentendimento entre vítima e criminoso como o motivo.
A arma do crime, porém, nunca foi encontrada. A defesa de Hernandez baseou-se nisso: não havia arma e nem clara motivação para que Hernandez fizesse aquilo de que era acusado.
Só que o atleta também estava no foco de outro grande problema: novas acusações de assassinato. E Lloyd saberia demais sobre o assunto, por isso Hernandez teria resolvido eliminá-lo.
Quanto à arma do crime, Shayanna Jenkins, noiva de Hernandez, teria sido a responsável por eliminá-la. Após fazer um acordo com a promotoria para testemunhar, Jenkins foi a estrela do julgamento, revelando as informações mais relevantes. Hernandez não testemunhou.
Jenkins, pelo acordo, não poderia ser acusada pelas informações que revelou. E ela contou que, à pedido de Hernandez, retirou uma caixa da mansão e a jogou em uma lixeira sem saber o que havia dentro. Imagens do circuito de segurança da casa mostram Hernandez entrando com um objeto preto em mãos – assumiu-se que aquela era a pistola usada para matar Lloyd – cerca de dez minutos após a morte.
Ao fim de meses de julgamento e quase uma semana de deliberação por parte dos jurados, Hernandez não foi condenado apenas por homicídio em primeiro grau, mas também por outros quatro crimes relacionados ao porte ilegal de arma de fogo.
Wallace e Ortiz, colegas de Hernandez que também são acusados pelo assassinato de Lloyd, ainda não foram julgados e deverão ficar perante um júri nos próximos meses. Enquanto isso, não foram testemunhas dessa vez, e chegarão a ser apontados como bode expiatório de Hernandez.
Usuários de drogas alucinógenas, os dois foram pintados pela defesa como os responsáveis pelo crime, enquanto Hernandez apenas teria visto o que aconteceu e, chocado, não teria sabido o que fazer.
Série do Netflix sobre Aaron Hernandez
A história de um jogador da NFL que poderia ter entrado para a história do esporte e no final morreu em uma cadeia causou fascínio imediato. A cobertura da mídia foi ampla, podcasts foram realizados contando a trajetória de Aaron Hernandez e finalmente foi lançado um documentário no Netflix intitulado Killer Inside: The Mind of Aaron Hernandez.
O trabalho do diretor Geno McDermott engloba toda a infância do atleta, desde a relação difícil com um pai abusivo, problemas no relacionamento com a mãe e um caso de abuso sexual. O futebol americano era o escape do jogador, que mesmo assim não conseguiu evitar as más companhias e cada vez mais mostrou comportamento errático.
Apesar de não ter conseguido entrevistar os principais companheiros de equipe nos Patriots ou Tim Tebow, quarterback de Florida, onde Hernandez se destacou, o documentário traz informações valiosas sobre a história do jogador. Inclusive seu grave caso de Encefalopatia Traumática Crônica (CTE).
Caso você tenha interesse nessa história, o documentário dividido em três partes é digno de uma olhada.
A carreira de Aaron Hernandez
All-American na Universidade da Flórida, Hernandez foi draftado pelos Patriots em 2010 e rapidamente causou impacto na equipe. Disputou um Super Bowl em 2012, sendo derrotado.
O contrato de 40 milhões de dólares foi pelo ralo abaixo após as acusações no caso Lloyd. E o que fica na cabeça do amante do futebol americano – especialmente dos Patriotas – é: o que Aaron Hernandez poderia ter sido em Foxborough?