Depois de vencer fora de casa para empatar a série em 2 a 2, os Clippers recebem o Dallas Mavericks esta noite, em Los Angeles, para o quinto confronto da primeira rodada dos Playoffs. Assim como ocorreu no domingo (28), Kawhi Leonard será novamente desfalque por conta de uma inflamação no joelho. Ainda não se sabe se ele estará à disposição para a próxima partida, marcada para sexta-feira.
Um resultado positivo hoje é visto como indispensável pela comissão técnica, já que uma derrota faria com que o jogo seguinte, em Dallas, fosse eliminatório. Treinador dos Clippers há quatro temporadas, Tyronn Lue comentou o cenário em entrevista coletiva concedida na véspera do confronto.
– Agora a série virou melhor de três, e nós temos dois jogos em casa. Precisamos de duas vitórias e temos o mando de quadra. Nossos fãs vão estar empolgados, e a gente também – disse ele ao ser perguntado sobre as diferenças entre estar empatado em 1 a 1 e 2 a 2.
Problemas físicos perseguem estrelas
Esta série entre Clippers e Mavericks tem cara de filme repetido para os torcedores de ambos os lados, mas especialmente para os de Los Angeles. É a terceira vez nos últimos cinco Playoffs que as equipes se enfrentam, todas elas no round de abertura. Nas duas oportunidades anteriores, em 2020 e 2021, os californianos levaram a melhor.
O problema é que não é apenas o adversário que se repete na vida dos Clippers quando chegam os meses de abril e maio. Há cinco anos investindo pesado para conquistar seu primeiro título na NBA, a franquia até hoje esbarrou em questões que fogem do seu controle, como a inflamação que impedirá Kawhi Leonard de estar em quadra esta noite.
E os mais afetados são justamente os principais nomes do elenco. Contratado em 2019-20, Paul George não foi tão prejudicado na parte física quanto o colega, mas desfalcou o time na pós-temporada do ano passado, que terminou com derrota por 4 a 1 para o Phoenix Suns logo na primeira rodada. O caso de Kawhi é mais sério: das últimas 28 partidas que os Clippers fizeram na fase eliminatória, o camisa 2 esteve presente somente em 50%.
Nos Playoffs de 2021, quando os Clippers chegaram em sua única final de conferência na história, Leonard ficou de fora dos últimos oito compromissos com uma rompimento no ligamento cruzado do joelho – motivo pelo qual precisou perder toda a temporada seguinte, quando o time não conseguiu a classificação para o mata-mata.
As coisas pareciam melhorar em 2023, e ele disputou 35 dos últimos 41 jogos do time. Na hora da decisão, no entanto, o corpo não aguentou: esteve em apenas dois dos cinco duelos contra os Suns. Este ano as expectativas eram melhores, já que foi titular 68 vezes, seu maior número desde os tempos de San Antonio Spurs. Mas o joelho voltou a incomodar, tirando Leonard das últimas oito noites da primeira fase e também da estreia nos Playoffs.
Kawhi ainda fez um esforço participar dos jogos 2 e 3 desta série, mas a parte física era um problema visível. Em 29 minutos de média, contribuiu com 12.0 pontos, 2.0 assistências e 45% de acertos nos arremessos. Todos esses números foram os seus piores nos últimos 10 anos.
Clippers tem lendas em busca do primeiro título
Um novo insucesso do Los Angeles Clippers na busca pelo tão sonhado troféu de campeão precisa ser avaliado sob duas perspectivas. A primeira é a da franquia, que desde 2014 é gerida pelo bilionário Steve Ballmer. O empresário nunca escondeu sua obsessão por transformar os Clippers em uma potência da NBA, livrando-se da imagem de primo pobre dos Lakers, como foi por décadas.
Em 2019, as contratações de Kawhi Leonard e Paul George foram simbólicas e deram ao time ares de favorito. O primeiro havia recém liderado o Toronto Raptors a uma conquista inédita, enquanto o segundo terminara a temporada regular em terceiro na corrida para MVP, atrás apenas de Giannis Antetokounmpo e James Harden. Mas na chamada “Batalha de Los Angeles”, quem se deu melhor foi a equipe de LeBron James e Anthony Davis, que levou a taça para casa em meio à pandemia.
Nos próximos meses, os Clippers estrearão sua nova casa, que promete ser a mais moderna da liga. Idealizada por Ballmer, a arena é uma tentativa de dar à franquia não apenas sua própria identidade, já que hoje divide a Crypto Arena com os Lakers, mas também uma maior flexibilidade de calendário. Com tudo isso em jogo, fica a pergunta: Steve Ballmer e o general manager Michael Winger estarão dispostos a estrear seu novo ginásio com um elenco que tem como base duas estrelas que falharam em seu objetivo principal por cinco anos consecutivos? Hoje, parece pouco provável.
Outra perspectiva é a do próprio elenco. Ninguém na NBA tem mais estrelas do que o LA Clippers. Ainda assim, o único que já viveu a emoção de um título foi Leonard, campeão em 2014 (Spurs) e 2019 (Raptors). James Harden e Russell Westbrook foram MVPs, mas a única vez que chegaram a uma final foi em 2012, quando ambos defendiam o Oklahoma City Thunder. Nove vezes All-Star, o mais longe que George conseguiu chegar foi em finais de confererência – três vezes, sendo duas ainda pelo Indiana Pacers (2013 e 2014).
Também precisam entrar nessa soma as questões contratuais. George, por exemplo, tem uma Player Option para o próximo ano. Isso significa que ele pode renovar automaticamente por mais uma temporada, como também pode decidir tornar-se agente livre, disponível para assinar com quem bem entendesse. Quem também terá de tomar uma decisão neste sentido é Harden, que assinou sua Player Option com Philadelphia 76ers antes de ser trocado para Los Angeles no final de 2023 e agora ficará à disposição do mercado.
A pergunta que Ballmer e Winger se farão sob o ponto de vista da administração também deverá questionamento para os próprios atletas: com a carreira caminhando para a reta final, os Clippers ainda são o melhor lugar para quem busca seu primeiro troféu na NBA?
Por enquanto, essas dúvidas são apenas hipotéticas. Antes, o Los Angeles Clippers precisa se preocupar em vencer o Dallas Mavericks para seguir vivo nos Playoffs.