NBA: com trio em quadra, título é o limite para o Phoenix Suns

Antônio Henrique Pires Collar | 25/01/2024 - 19:06

Não olhe agora, mas o Phoenix Suns é um dos melhores times da NBA.

Em uma semana, a equipe subiu da nona para a quinta posição da Conferência Oeste e, aos poucos, começa a se afirmar como um dos candidatos ao título. São sete vitórias consecutivas para Kevin Durant, Devin Booker e Bradley Beal, melhor sequência ativa na liga. Nos últimos 10 jogos, os Suns ganharam oito vezes.

A razão para a melhora é simples: o trio de estrelas finalmente teve sequência, sobretudo Beal. Depois de perder 24 das primeiras 30 partidas da temporada, o ex-Washington Wizards apareceu como titular nos últimos 14 compromissos do time. Além dele, só outros três nomes no elenco marcaram presença com a mesma frequência.

São nove jogos seguidos do big three, com sete vitórias no período. Em uma franquia que desde o ano passado abriu mão de talentos mais jovens e escolhas de Draft para tentar competir por um título em 2024, não dá para tratar os resultados recentes como surpresa. A verdade é que as coisas no Arizona foram construídas de modo que qualquer final que termine sem o título será apontado como fracasso.

Nunca existiu discussão de onde os Suns poderiam chegar. As questões sempre foram físicas, algo que até o final de dezembro ainda perseguia o grupo. Com mais da metade da temporada disputada, no entanto, os três principais jogadores de Phoenix estiveram juntos em quadra durante 535 posses, de acordo com o site Cleaning the Glass. Com eles reunidos, o offensive rating é de 135.7 pontos a cada 100 posses, de longe o melhor em toda a NBA.

Como era de se esperar, Bradley Beal precisou se adaptar ao esquema com duas superestrelas. Ele é usado em somente 23% das posses, sua menor marca em anos. Ainda assim, consegue sustentar a eficiência dos tempos de Washington, com 56.8% de eFG e 39.2% nos arremessos de 3 pontos. Ele contribui com médias de 18.1 pontos. Juntos desde o ano passado, Kevin Durant e Devin Booker mantiveram seus números no alto: 29.1 pontos para KD, e 27.2 para Booker, que dá seu maior número de assistências desde que chegou à NBA, com 7.5 por jogo.

Phoenix Suns e o show da eficiência ofensiva

O que mais desperta atenção, e com certeza pavor nos adversários, é o aproveitamento dos chutes quando o trio se reúne. A porcentagem de conversão do time fica na casa de 63% com Durant, Booker e Beal no lineup. Junto dos 74% de acerto próximo ao aro, a equipe conecta 52% do mid-range e 45% nas bolas de 3 pontos.

No vídeo abaixo, separei seis jogadas de mid-range executadas pelo big three, duas de cada um. Além da capacidade individual de criação do próprio arremesso, é possível notar as diferentes formas em que as situações são criadas. Temos desenhos de isolation (segundo lance de Beal), movimentação de bola (primeiro de Durant), transição (segundo de Durant, primeiro de Booker) e saída de bloqueio do pivô (último de Booker).

Se havia qualquer do encaixe entre três jogadores que passaram a carreira acostumados a ter a bola ao final de cada ataque, esta amostra já não tão pequena pode indicar uma resposta. É muito difícil conter três jogadores com qualidade para comandar a temporada em pontos por jogo, especialmente quando todos parecem confortáveis com o que é pedido pela comissão técnica.

Quem mais parece se beneficiar da presença de três das maiores armas ofensivas no time é Grayson Allen, que lidera a NBA nos arremessos triplos (49.3%). Esta o melhor aproveitamento na história da liga para jogadores com pelo menos 5 tentativas por jogo, acima de Kyle Korver nos tempos de Atlanta Hawks (49.2%, em 2014-15).

Das 5.7 tentativas de Allen do perímetro, 84% são consideradas livres, quando o adversário mais próximo está a 180cm de distância ou mais. Entre os 10 atletas que mais chutam em situações assim, ele também é líder em aproveitamento, com 51% de conversão. Herbert Jones, do New Orleans Pelicans, é o segundo (90% livre, 44% de acerto). Todos os demais no top 10 ficam abaixo dos 40% desmarcados.

Ainda falta tempo para o Phoenix Suns se mostrar um candidato ao título mais confiável? Com certeza. Em um campeonato tão longo, os problemas físicos ainda podem assombrar o grupo treinado por Frank Vogel. Uma coisa, no entanto, já é possível afirmar: os Suns têm um dos times mais perigosos da NBA.

Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.
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