Dois dias depois de se enfrentarem pela última rodada da temporada regular, New Orleans Pelicans e Los Angeles Lakers se reencontram nesta terça-feira (16) na abertura do Play-in da NBA. O ganhador garante a sétima posição e uma vaga nos Playoffs para encarar o Denver Nuggets a partir do final de semana, enquanto quem perder segue na repescagem.
Ainda que a diferença entre eles na tabela tenha sido de apenas duas vitórias, a partida desta noite tem sabores diferentes para Pelicans e Lakers. Há poucos dias, o time de Zion Williamson ainda sonhava com a quinta ou sexta colocação, ao passo que LeBron James e Anthony Davis chegaram à última sexta-feira da fase classificatória no 10º lugar. As combinações de resultados fizeram com que terminassem na mesma situação.
Para New Orleans, a vantagem neste Play-in é a de jogar diante do seu torcedor tanto esta noite quanto em uma eventual segunda rodada, em caso de derrota. Los Angeles se apega no desempenho positivo na reta final e no retrospecto de ter vencido o adversário desta terça-feira três vezes nos quatro confrontos anteriores.
As diferenças de Pelicans e Lakers
As campanhas de Pelicans e Lakers podem ter sido quase idênticas até aqui, mas os motivos para isso foram bem diferentes. Como a temporada da NBA é longa, com 82 rodadas espalhadas por quase seis meses, vamos analisar o que aconteceu com as duas equipes desde a pausa para o All-Star, em fevereiro. Neste recorte, foram 27 jogos para os donos da casa, e 26 para os visitantes.
Quem se saiu melhor neste período foi a franquia de Los Angeles, com 17 vitórias e nove tropeços, contra 16 e 11 do rival. Defensivamente, porém, New Orleans levou vantagem em praticamente todas as métricas. A começar pelo Defensive Rating, que mede o número de pontos cedidos a cada 100 posses. Neste ranking, os Pelicans ficaram em sexto na NBA, sofrendo cerca de 110.3 pontos. Os Lakers aparecem na 23º posição, permitindo 115.1 pontos aos seus adversários.
Mesmo com Anthony Davis sendo o quarto atleta com mais bloqueios por jogo na liga, média de 2.3, o garrafão de Los Angeles foi um dos piores do campeonato. Desde o All-Star, o time teve o 25º aproveitamento em pontos sofridos dentro da zona pintada, com 53.0 por partida. Nesta lista, a franquia da Louisiana foi a terceira melhor, com 45.0.
Outra característica defensiva que diferencia bastante os dois elencos é na questão dos roubos de bola. Enquanto o Pelicans foi o quarto que mais forçou erros dos seus oponentes, 8.4 a cada 48 minutos, os Lakers ficaram em penúltimo, com duas recuperações a menos: 6.4. Como resultado disso, os Pelicans ficaram em quinto nos pontos gerados a partir de turnovers, 18.0, e os Lakers em 15º, com 6.5. Observe que nos dois casos a distância de posição entre as equipes não significa necessariamente que os números sejam discrepantes.
No outro lado da quadra, o cenário se inverte. Quem leva vantagem nas estatísticas ofensivas é o Los Angeles Lakers, que nos últimos dois meses esteve no topo de algumas das principais métricas: Offensive Rating, Pace, eficiência de arremessos e pontos marcados dentro do garrafão. New Orleans não foi exatamente mal em nenhuma dessas questões, mas apareceu sempre abaixo.
Assim como o rating defensivo, o de ataque também toma como base a produção por 100 posses. E neste aspecto só o Boston Celtics foi melhor do que o grupo treinado por Darvin Ham, que ficou em segundo, com média de 117.3 pontos. Os Pelicans terminaram em 10º, com cerca de dois pontos a menos, 115.1.
Já o Pace é um cálculo que busca estimar o número de posses que cada equipe tem durante 48 minutos de partida. Os angelinos também ficaram em segundo nesta conta, com 101.34 jogadas de ataque a cada quatro quartos, versus 97.50 do adversário desta terça-feira, que foi o 16º neste aspecto. Apesar de se valer bastante do jogo de meia quadra, os Lakers costumam acelerar suas ações quando têm o domínio da bola.
O ritmo acaba tendo resultados também no aproveitamento, e Los Angeles teve a segunda maior eficiência de arremessos, com 58.2%. Três titulares tiveram aproveitamento acima dos 50% neste período: LeBron James (58.4%), Rui Hachimura (57.1%) e Anthony Davis (56.0%). Os armadores Austin Reaves (48.8%) e D’Angelo Russell (43.9%) também foram bem. Neste ranking, os Pelicans não foram mal e também fecharam no top 10, com 55.2%, na nona posição. Nos pontos marcados dentro do garrafão, mais uma segunda colocação para os Lakers: 56.4, enquanto New Orleans teve 50.2 (13º).
Ataque dos Lakers levou a melhor sobre a defesa dos Pelicans
A diferença de 16 pontos no placar de domingo, 124 x 108 para os Lakers, não reflete exatamente o que foi a partida que fechou a temporada regular. O oitavo colocado dominou o confronto desde os primeiros minutos, e a diferença chegou a 33 pontos durante o terceiro quarto. Um atropelo do início ao fim, repetindo algo que acabou virando tendência nos encontros entre os dois times nesta temporada.
Quando Los Angeles Lakers e New Orleans Pelicans entram juntos em quadra juntos, todas as estatísticas defensivas do grupo treinado por Willie Green costumam desaparecer, sobretudo nos momentos decisivos. Foram quatro jogos entre as duas franquias, com três vitórias para os californianos. Duas delas foram em situações chave dentro do calendário. E todas foram de forma acachapante.
Em dezembro, o duelo valeu pela semifinal da Copa NBA, novidade da liga para 2023-24. Depois de um primeiro período equilibrado, 30 x 29 para os Pelicans, os 24 minutos seguintes foram de um time só. As parciais de 38 x 24 e 43 x 17 garantiram os Lakers na decisão sem que os titulares precisassem participar do último quarto. Ao final: 133 x 89.
Dois meses depois, os Lakers impuseram à equipe de Louisiana sua pior derrota na temporada, com 139 pontos sofridos. Na segunda parcial, Los Angeles venceu por 51 x 35, maior pontuação de qualquer equipe em um quarto durante 2023-24. Ao final daquela noite, todos os cinco titulares marcaram ao menos 20 pontos, com destaque para os 30 de Russell, que acertou seis bolas do perímetro, e para os aproveitamentos de Hachimura (9 de 13), Reaves (10 de 15) e Davis (7 de 11). LeBron acertou os dois arremessos que tentou do perímetro e sete dos oito lances-livres, além de 14 assistências.
Os Pelicans, aliás, parecem despertar uma das versões recentes mais assustadora de LeBron James: seu lado playmaker. Foi com o Rei jogando nesta função que ele e Anthony Davis foram campeões, em 2020, quando o camisa 23 liderou a NBA em assistências. Nos quatro cruzamentos diretos contra o adversário desta noite, LBJ teve médias de 11.8 passes para companheiros colocarem a bola na cesta. Suas duas atuações com mais assistências foram diante de New Orleans: 14, em fevereiro, e 17, no último domingo.
Para esta noite, resta aguardar para ver o que falará mais alto, se a defesa dos Pelicans ou o ataque dos Lakers. Mas o retrospecto indica que veremos uma revanche da última final de conferência logo na primeira rodada.