Como a pausa para o All-Star da NBA pode ajudar Warriors e Lakers

Antônio Henrique Pires Collar | 19/02/2024 - 17:31

Para alguns times da NBA, a pausa durante o final de semana do All-Star vale mais do que apenas os sete dias sem jogos oficiais. Em um calendário tão cheio, com 82 partidas somente na temporada regular, ter quase uma semana livre é um luxo que precisa ser bem aproveitado. A menos de dois meses dos Playoffs, os que dependem mais de continuidade do que ajustes ainda são minoria ao redor da liga.

Hoje, as situações melhores encaminhadas parecem ser as de Boston Celtics, Los Angeles Clippers e Denver Nuggets. Os três citados jogam bem, têm conceitos muito bem definidos e são candidatos legítimos ao título em qualquer lista. Já equipes como Minnesota Timberwolves e Oklahoma City Thunder fazem algo acima do esperado e, apesar dos primeiros lugares no Oeste, só devem brigar mesmo pelo título nos próximos anos. Em todos os casos, o caminho parece o correto.

Como os times da NBA podem aproveitar a pausa

Lakers, em busca de identidade

Um dos times que mais movimentou rumores de trocas ao longo de dezembro e janeiro, o Los Angeles Lakers passou pela trade deadline com as mãos no bolso. Com o bom momento de D’Angelo Russell (21.1 pontos em 44.5% do perímetro nos últimos 20 jogos), a franquia entendeu que não encontraria algo muito melhor no mercado e seguiu com o grupo montado ainda em outubro. A estratégia foi esperar por nomes que sobrassem sem contrato, e o prêmio veio com Spencer Dinwiddie.

Em duas aparições, o armador teve 8.0 pontos de média em quase 30 minutos saindo do banco de reservas. Além do encaixe da nova peça na segunda unidade, Darvin Ham terá os próximos dias para ajustar os pontos com seu quinteto princpal. Nas últimas apresentações antes da parada, o treinador retomou o esquema com Rui Hachimura entre os titulares, de Russell e Austin Reaves como armadores.

O desempenho recente melhorou bastante, com seis vitórias nos últimos sete jogos. Em fevereiro, quatro jogadores têm médias de pelo menos 20 pontos e 5 assistências, o que mostra a força do elenco. Ainda assim, as muitas oscilações ao longo da temporada resultam hoje em um desconfortável nono lugar. A grande tarefa de Ham é fazer com que o time finalmente encontre a estabilidade esperada. Após vitória sobre o Utah Jazz, Anthony Davis disse que o time havia “encontrado sua identidade”. Seja o que for, o desafio para a reta final é manter este ritmo.

Knicks, foco nos ajustes

O torcedor sabe, as coisas nunca são fáceis para o New York Knicks. Quando a diretoria acerta nas movimentações, os problemas físicos aparecem para atrapalhar. Depois de um mês de janeiro mágico, com 14 vitórias em 16 partidas, terceira melhor marca na história da franquia, já são cinco tropeços em sete jogos disputados neste mês.

Boa parte das dificuldades está nas ausências de OG Anunoby e Julius Randle. Enquanto Randle tem chances de retornar junto com o restante do time, na quinta-feira (22), a previsão de Anunoby é somente para a semana seguinte. Além de quase 40 pontos de média, os dois entregam à equipe o equilíbrio na defesa. Anunoby foi o nome buscado em dezembro justamente pensando neste aspecto. Com a chegada dele, os nova-iorquinos passaram a ter tanto o melhor recorde quanto o melhor Deffensive Rating da NBA.

A missão para Tom Thibodeau é buscar por ajustes que recoloquem o time no caminho das vitórias. No último dia do mercado de trocas, o treinador ganhou Bojan Bogdanović e Alec Burcs. Nem de longe os dois têm a mesma capacidade de OG de impactar o jogo sem a bola, mas entregam ao time mais versatilidade no ataque. Cabe a Thibs buscar o equilíbrio. O que os Knicks não podem é ser o melhor time da liga em um mês e um dos piores no outro.

Bucks, à procura de um caminho

O sucesso na temporada regular seguido por eliminações precoces nos Playoffs foi o que levou Mike Budenholzer a ser demitido pelo Milwaukee Bucks em 2023. E está correto dizer que o prenúncio de que o mesmo aconteceria este ano também foi o que levou à queda de Adrian Griffin. Mesmo com 30 vitórias e 13 derrotas, segunda melhor campanha da NBA à época, as limitações dos Bucks eram claras. Até aqui, tudo bem.

O difícil de explicar é a contratação de Doc Rivers, ainda que ele sabidamente seja um nome que conte com o respeito dos jogadores – Doc foi All-Star como atleta e, enquanto técnico, conquistou um título e venceu mais de mil jogos. O problema é que nos últimos anos ele ganhou fama justamente por se sair mal nos Playoffs, bem como… Mike Budenholzer.

Pior ainda, o começo em Milwaukee foi de somente três vitórias em 10 partidas. A dificuldade na transição defensiva, herança de Griffin, permanece. E o que havia de bom parece ter se perdido: com Doc Rivers, o time deixou de ter o segundo melhor Offensive Rating (120.6 pontos a cada 100 posses) para ter o 22º (111.9).

Assumir um trabalho no meio do caminho não é fácil, sobretudo em uma liga que quase não reserva espaço para treinamentos de maior complexidade tática. Nesses dias de folga, Doc Rivers terá de ter muita conversa e sessões de vídeo com seu elenco. O Milwaukee Bucks precisa encontrar uma direção.

Warriors, olho no futuro

Onde há Stephen Curry, há esperança. Ao mesmo é o que o torcedor do Golden State Warriors precisa acreditar nesta reta final de temporada. O time não apresentou sinais de que pode brigar pelo título, mas os últimos momentos antes da parada no calendário foram animadores. Foram oito vitórias nos últimos 10 jogos, segundo melhor desempenho da NBA no período, empatado com o Boston Celtics – apenas o Cleveland Cavaliers, com nove, ganhou mais.

Steve Kerr deve aproveitar a pausa para trabalhar novas ideias de rotação, algo que ele já tem executado bastante este ano. Na vitória sobre o Jazz, a novidade foi começar com Klay Thompson no banco de reservas, algo que resultou na maior pontuação do camisa 11 na temporada.

Em um grupo tão desequilibrado e que deve passar por mudanças radicais para 2025, é hora também de avaliar o futuro a longo prazo. Além da possibilidade de Klay estabelecer-se como um sexto homem (tem contrato expirante ao fim da temporada), jogadores jovens devem ter a chance de mostrar seu valor para os Warriors do futuro. Entre eles, o brasileiro Gui Santos.

Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.