O apresentador Pat McAfee, da ESPN dos Estados Unidos, usou um termo machista na tentativa de elogiar Caitlin Clark, jogadora do Indiana Fever na WNBA.
O episódio aconteceu na noite de segunda-feira (3), durante a edição do The Pat McAfee Show no canal esportivo.
— Eu gostaria que o pessoal da mídia que continua dizendo ‘essa classe de novatas, essa classe de novatas’, não! Basta chamar pelo o que realmente é: há uma vadia branca no time de Indiana que é uma estrela—, soltou ele, enquanto o telão do estúdio passava imagens da caloura.
Monday's Pat McAfee Show opened with a Caitlin Clark PowerPoint:
"I would like the media people that continue to say, 'This rookie class, this rookie class, this rookie class'. Nah, just call it for what it is — there's one white bitch for the Indiana team who is a superstar." pic.twitter.com/psGNQXts5O
— Awful Announcing (@awfulannouncing) June 3, 2024
Caitlin Clark foi a primeira escolha geral no Draft da WNBA este ano depois de ter conquistado o vice-campeonato universitário de basquete pela Universidade de Iowa.
A jovem de apenas 22 anos ganhou notoriedade pelo alto aproveitamento nas bolas triplas (37.7%) e já foi até mesmo considerada competidora para o torneio de três pontos do NBA All-Star no próximo ano, contra Klay Thompson, veterano do Golden State Warriors.
Pat McAfee reconhece erro e pede desculpas por termo machista
A polêmica frase usada pelo apresentador, é claro, chamou a atenção dos fãs de Caitlin Clark que o acusaram de machismo. Horas depois do ocorrido, no entanto, Pat McAfee voltou atrás e pediu desculpas por ter usado o termo contra a jogadora.
Em seu perfil no X (antigo Twitter), garantiu que enviou um pedido de desculpas à Caitlin e que não deveria ter usado o termo.
— Eu não deveria ter usado “vadia branca” como descritor de Caitlin Clark. Não importa o contexto… mesmo que estejamos falando sobre a raça ser a razão para algumas coisas acontecerem. Tenho muito respeito por ela e pelas mulheres para colocar isso no universo — disse o apresentador.
McAfee ainda completou que, mesmo que com intenções elogiosas, não foi de bom-tom usar o termo e assumiu toda a culpa pelo ocorrido.
— Minhas intenções ao dizer isso eram elogiosas, assim como todo o segmento, mas muitas pessoas estão dizendo que certamente não foi. Isso é 100% por minha conta e por isso peço desculpas. Enviei um pedido de desculpas para Caitlin também. Todo o resto que eu disse, ainda são fatos — finalizou McAfee.
Por que chamar Caitlin Clark de “vadia branca” não é elogio?
Nos Estados Unidos, o termo “bitch”, que em tradução livre significa “vadia”, é comumente usado como elogio que reforça alguma qualidade ou como gíria —entre mulheres.
Por mais que o apresentador tenha usado a palavra “vadia” na tentativa de potencializar o fato de Caitlin Clark já ser uma estrela da WNBA em seu primeiro ano, ele não deixa de ser um homem usando um termo misógino, ainda mais por ter esse termo ter vindo acompanhado de “branca”, desrespeitando também a luta das jogadoras negras por reconhecimento dentro da liga feminina de basquete.
Dentro do mundo esportivo, o termo se torna ainda mais misógino. Historicamente, mulheres lutam há anos para ocupar espaços em ambientes predominantemente masculinos, como já foi o mercado de trabalho, por exemplo.
O esporte ainda é um ambiente predominantemente masculino, mas com muito esforço, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço. Este ano, por exemplo, Sabrina Ionescu, do New York Liberty, protagonizou um momento histórico ao ser a primeira jogadora da WNBA a participar do torneio de três pontos do All-Star NBA, contra Stephen Curry.
O uso de termos misóginos como “vadia”, no entanto, acabam deslegitimando essa luta justamente por abrir a interpretação de que esse espaço pode ter sido conquistado por outros meios que não o próprio talento da atleta.