A vitória por 127 a 123 sobre o Boston Celtics foi mais uma demonstração de força do Oklahoma City Thunder na NBA. Segundo elenco mais jovem da liga, com média de idade na casa dos 24.1 anos, OKC abriu 2024 como uma das melhores equipes da temporada. Já são cinco resultados positivos em sequência, com oito vitórias nas últimas nove partidas.
A lista de vítimas no período impressiona. Além de derrubar os Celtics, líderes do Leste, o Thunder deixou pelo caminho o atual campeão Denver Nuggets, interrompeu a série de nove jogos de invencibilidade do Los Angeles Clippers e fez 23 pontos de diferença no Minnessota Timberwolves, primeiro colocado da Conferência Oeste.
Não dá para chamar este sucesso de surpresa. O tempo, este sim, talvez. Há pelo menos três anos o processo de reconstrução comandado pelo General Manager Sam Presti se mostra promissor. Principal nome do projeto, Shai Gilgeous-Alexander terminou 2023 em segundo na votação para o troféu de Jogador que Mais Evoluiu (Most Improved Player, o MIP, em inglês). Jalen Williams ficou com o vice entre os melhores novatos.
Foram 40 vitórias para o time na temporada passada, o que rendeu um lugar no Play-in, onde acabou eliminado. Para este ano, a projeção da ESPN dos Estados Unidos era uma campanha de 45-37, uma melhora substancial. Com o ritmo atual de 71% de aproveitamento, o OKC Thunder caminha para vencer 58 partida.
Temporada de Shai é a chave para o sucesso do Thunder?
Se você ainda não assistiu ao Thunder de 2024, faça este favor a si mesmo. O elenco comandado por Mark Daigneault tem sido tão existoso quanto divertido, combinação difícil de ser vista em equipes jovens. Apesar de todos os cinco titulares terem médias superior a 10 pontos por jogo, o ataque é de Shai.
O canadense repete os 31.4 pontos da temporada passada, mas com 57.7% de eFG. Na era dos arremessos de 3 pontos, ele faz do garrafão o seu parque de diversões. Dos 639 chutes que tentou até aqui, 227 foram de uma distância de 1.5 metro ou menos – o aproveitamento dele próximo ao aro é de 67.4%. O shot chart abaixo mostra as tentativas do armador contra os Celtics, repare no volume dentro da chamada área pintada.
Apesar do jogo bastante coletivo de OKC, com outros dois titulares na casa das 4.0 assistências, o mais comum é vermos Shai criando seu próprio arremesso. Até agora, 263 das bolas anotadas por ele foram sem passe de nenhum companheiro, contra apenas 88 assistidas por alguém. Isso se dá em muito pela agressividade mostrada nas jogadas de meia quadra e, principalmente, pela habilidade de infiltrar defesas. Ele é o líder da NBA em drives, jogadas em que corre com a bola até a cesta, com média de 22.6 tentativas por jogo.
Elenco de apoio promissor
Os números encantam, mas não se deixe enganar: não falta companhia para Shai. Após surpreender no ano de novato, Jalen Williams conseguiu dar o tão temido salto de qualidade na temporada seguinte. Ele é o segundo do time em pontos, com 17.9 pontos, e evoluiu seu aproveitamento do perímetro para 42.9% – aparece entre os 20 melhores da liga no quesito.
Com nomes importantes como Josh Gidddey e Luguentz Dort contribuindo com 23.2 pontos por jogo, o ataque de Oklahoma é o 5º em aproveitamento dentro do garrafão (56.3%) e 1º da linha de 3 pontos (39.3%).
Efeito Shai e Chet no ataque e na defesa
Se você teve paciência para chegar até aqui, fique tranquilo que não esqueci de Chet Holmgren, pivô de 2m16 saído de Gonzaga. Depois de perder seu ano de calouro por conta de uma lesão, ele vem desbancando o fenômeno Victor Wembanyama na corrida pelo troféu de Novato do Ano, em um duelo que deve marcar a futura geração da NBA.
Chet faz, e aqui não há exageros, tudo. Ainda que entre entre os rookies ele tenha a vantagem de ter ingressado na liga em 2023, o norte-americano chama atenção em seus primeiros meses ativo pela maturidade em ambos os lados da quadra. A média de 17.6 pontos vem quase que naturalmente, em apenas 11.9 arremessos tentados.
É dono de um biotipo que deve se tornar cada vez mais tendência no basquete: um homem de garrafão alto o suficiente para ser um bom protetor de aro, mas sem a força física dos pivôs mas tradicionais. Mais ágil do que os grandalhões e com um bom arremesso de longa distância, tornando-se peça importante no espaçamento da quadra. Dos 381 que tentou na temporada, 135 foram do perímetro. Veja seu shot chart da partida contra os Celtics abaixo.
A conexão com Shai se dá no ataque também, é claro – até aqui, já foram 47 assistências do canadense para o novato. Mas destaca-se também o impacto da dupla na defesa. Oklahoma é o 4º time em desvios de bola, estatística que mede tentativas de roubo, ainda que a posse não seja totalmente revertida. Entre os jogadores, quem lidera a estatística é justamente Shai, com média de 3.7 devios. Ele também é o segundo jogador na NBA que mais contesta chutes de 3 pontos, cerca de 3.9. Dentro garrafão, quem aparece em segundo na estatística é Chet Holmgren, 11.1 contestações.
O número tão grande de arremessos defendidos faz de Chet um dos mais temidos defensores da liga. Contra os Celtics, foram 4 bloqueios. Ele é o 4º nesta estística, média de 2.7. Já teve partidas com 9 bloqueios (Nuggets) e 7 (Grizzlies e Cavaliers). No ano passado, tornou-se o primeiro jogador na história da Summer League a anotar 6 tocos em um jogo.
A dupla nos rankings
Shai Gilgeous-Alexander
1º em roubos de bola (2.6)
2º em Win Shares
2º em Offensive Win Shares
3º em Plus/Minus
4º em Deffensive Win Shares
4º na corrida para MVP
Chet Holmgren
1º na corrida para Novato do Ano
4º em bloqueios