Com “sistema” James Harden, Clippers pode ser campeão da NBA

Antônio Henrique Pires Collar | 05/01/2024 - 17:12

“Eu não sou um jogador de sistema, eu sou o sistema”.

Foi com esta frase, em sua entrevista coletiva de apresentação, que James Harden escolheu iniciar sua jornada como atleta do Los Angeles Clippers.

A declaração, claro, soou fora de tom. Aos 34 anos e na terceira equipe nos últimos três anos, Harden teve finais frustrantes em suas passagens por Brooklyn Nets e Philadelphia 76ers. Depois de vê-lo oscilar entre performances de 45 e 9 pontos na mesma série de Playoff em 2023, a expectativa do mundo externo da NBA talvez fosse ver em Los Angeles um jogador diferente. Ao menos no discurso.

As impressões iniciais dentro de quadra foram tão negativas quanto as deixadas após após as primeiras falas. Foram cinco derrotas seguidas, com o MVP de 2018 anotando média de 15.0 pontos e 4.2 assistências. Após alguns dias, o fracasso no casamento entre atleta e franquia parecia uma certeza.

Mas o basquete exige tempo. E James Harden, o sistema, exige tempo. Além de um treinador competente, algo que os Clippers garantiram ainda em 2020 ao entregar o cargo nas mãos de Tyronn Lue. Hoje, é do time de LA a melhor sequência de vitórias na NBA, com quatro. Mais impressionante, ganhou 13 das últimas 15.

O que se vê em quadra todas as noites, no fim, é de fato um James Harden diferente. Ele não precisa ter a bola como nos tempos de Houston Rockets para funcionar, mesmo que isso já tivesse mudado nas passagens por Nova York e Philadelphia. Esta é a temporada com menor minutagem desde 2012, apenas 34.1 minutos de média em quadra.

É também, no entanto, uma das mais eficientes. São 17.7 pontos, com 43.3% de aproveitamento nas bolas de 3, sua melhor marca desde que chegou à liga. Ele conecta 44.9% dos arremessos triplos em que dá pelo menos um drible. O armador aumentou suas jogadas de “catch and shoot”, que são os chutes em que recebe já posicionado para finalizar. São 2.1 tentativas assim, sua melhor marca desde 2016-17.

James Harden, o facilitador

Talvez o fator mais importante no funcionamento do Barba seja sua capacidade de impactar o jogo de diferentes maneiras. Seu número de toques na bola é o menor na carreira desde 2013, 72.9 de média. Ainda assim, é quem mais contribui com assistências, média de 9.2 nas últimas 15 partidas. Em toda a temporada passada, somente Paul George (288) teve mais assistências do que Harden conseguiu em apenas 32 apresentações pelos Clippers (227).

Os companheiros mais impactados por isso são Kawhi Leonard e Paul George, principais cestinhas no elenco de Tyronn Lue. Foram 98 assistências para a dupla, 49 para cada um – quem mais se aproxima é Russell Westbrook, que distribuiu 33 e 31, respectivamente. As estatísticas ajudam Kawhi e PG a terem suas maiores taxas de cestas assistidas desde que deixaram as equipes onde foram draftados. Ao todo, 52% (136) das bolas convertidas por Leonard são com passe, enquanto George chega a 55% (137).

Prestes a completar dois meses como jogador do Los Angeles Clippers, James Harden não deixa mais dúvidas. O sistema Barba funciona, mesmo quando o jogo não passa todo pela mão dele. O time já é o quarto colocado na Conferência Oeste e caminha para garantir o mando de quadra nos playoffs.

Se o tão sonhado primeiro título vai chegar tanto para a franquia quanto para o armador, só saberemos em junho. Nas condições atuais, o torcedor tem motivos de sobra para sonhar.

Números de James Harden pelos Clippers

17.7 pontos
8.1 assistências
43.3% nas bolas de 3 pontos (melhor marca da carreira)
47.0% nos arremessos de quadra (melhor marca desde 2012)

 

Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.