Olá amigos do Quinto Quarto, da Lance Livre e detratores pessoais meus. A coluna volta nesta semana de férias – com o tema Summer League -, depois de um merecido descanso em Roraima, onde tive contato com nossos três leitores de lá. Falando sério, vamos melhorar esses números galera.
Depois dessa provocação barata que não me rende nada, vamos voltar ao assunto do dia: a Summer League da NBA.
Você deve ter notado que não falamos muita coisa dela na nossa editoria da NBA e menos ainda na nossa capa.
“Por que Miguel?”, você se pergunta.
Porque ela não vale absolutamente nada.
Dito isso, por que falo dela agora? Porque é interessante acompanhar, mesmo que de longe, o que está rolando já que dá para perceber algumas narrativas que começam a crescer, alguns jogadores que podem ter impacto mais rápido do que esperado e outras cositas.
Não salte no precipício das conclusões loucas. Seja blasé, diga que Dennis Smith Jr. pode ser o franchise player dos Mavericks no pós-Dirk DEUSwitzki seguido de uma risadinha falsa (que na verdade não é falsa) e nem pense em comprar o tênis de Lonzo Ball.
O que tirar da Summer League?
Calma, primeiro é melhor explicar o que é a Summer League.
O que é a Summer League?
Enquanto os jogadores de times bons da NBA ainda se recuperam dos playoffs e da dor no punho ao assinar contratos absurdos, os jogadores mais jovens (primeiro e segundo ano na liga) e um monte de atletas buscando oportunidades jogam a Summer League.
A Summer League oficial acontece em Las Vegas, levando até o nome da NBA nela. Mas há também Summer League em Orlando e em Utah antes.
Veja todas as escolhas do Draft da NBA de 2017
A de Orlando rolou de 1 a 6 de julho e teve o Dallas Mavericks campeão na prorrogação contra o Detroit Pistons. A de Utah, com apenas quatro times, rolou em três dias e o time da casa foi o vencedor. E agora, em Las Vegas, com 24 times disputando o título que ninguém daqui a um ano vai lembrar, Portland Trail Blazers e Los Angeles Lakers farão a final nesta segunda.
Como você deve ter percebido por minha pífia e desanimada apresentação, o que importa não são os times nem os locais, são os jogadores. Apesar de muitos serem poupados, há verdadeiros momentos de “put%& merd%$#, esse cara joga”.
Agora sim: o que tirar da Summer League
Lonzo Ball
Assim como falei que a vontade de ser anti tira o prazer de muitos de ver uma equipe histórica como o Golden State Warriors, acho que as declarações de LaVar Ball e notícias sobre que tênis ele usa podem tirar atenção para o fato que Lonzo Ball é brilhante.
Sim, parece até que estou contrariando o que disse acima sobre ir com calma. Vou com calma: independente de como ele jogar quando a temporada regular começar, valerá a pena ver ele e o Los Angeles Lakers. O potencial está todo ali: sua visão de jogo e capacidade de fazer passes é algo que de 5 a 10 jogadores HOJE na NBA tem.
Sua bola de três vai aparecer e sumir e isso acontece até na Summer League. Coloque na conta o fato dele mandar ver muitas vezes sem muito sentido (só Stephen Curry pode fazer isso) e sua mecânica, que pode fazer seu tiro ser mais facilmente bloqueado.
Rajon Rondo com arremesso de longa distância. Jason Kidd com cabelo. Deron Williams com vontade. Enfim, chame Lonzo Ball como quiser. Mas compre o League Pass (ou dê seu jeito nos mares da internet) e veja os Lakers. Eu já estou hipotecando a casa para pagar o pacote.
Bryn Forbes
A tradição do San Antonio Spurs de tirar jogadores daquele lugar que a Igreja não fala é impressionante. Evidência #1: Jonathan Simmons pagou o que eu tenho na minha conta bancária por um teste na D-League e dois anos depois fez 22 pontos contra Golden State nos playoffs.
Forbes teve 21,3 pontos por jogo na Summer League e 48% de aproveitamentos nos arremessos de três (!!), com uma performance de 35 pontos contra o Portland Trail Blazers. Lembre-se que os jogos duram apenas 40 minutos e não 48. Lembre-se também que Forbes nem draftado foi em 2016.
Simmons foi embora, Manu Ginobili poderia se aposentar pela CLT e o time nunca ganharia 61 jogos como ganhou em 2016/17 se esse mesmo elenco jogasse pelo Magic, Bucks ou Kings. Por isso, Pop pode se dar ao luxo de conceder mais tempo aos jovens e Forbes deve ganhar quantidade muito maior de minutos em 2017/18. Lembre-se desta frase quando ele fizer 25 pontos contra o Golden State Warriors nas semis do Oeste em 2018.
Dennis Smith
Quando se fala que o Draft de 2017 era cheio de talento, Dennis Smith é um exemplo cabal disso. Mesmo draftado em nono pelo Dallas Mavericks, li uma tonelada de artigos dizendo que pelo talento até em terceiro ele poderia ser escolhido e não seria absurdo.
E ele provou isso na Summer League. Ele gosta da comparação com Baron Davis e ela é bastante pertinente: ambos tem o mesmo corpo, mesma explosão e atleticismo (nos primeiros anos de Davis, esquece a versão bunda de sambista e barba enorme). Ele teve 18,1 pontos e 6,2 assistências de média em NC State, mas a equipe foi mal e como líder do time, ele levou parte da culpa.
Sorte dos Mavs pelo visto. E dele, que chega em um time com boas peças e estruturado. Ele tem 20 pontos e 4,3 assistências de média na Summer League e já mostrou o que ele mais gosta de fazer em quadra.
Habilidoso, explosivo, ele ainda mostra competitividade até quando o jogo não importa. Bom é que uma das questões que se impõem – sua liderança – não precisará ser testada no começo, já que Dirk Nowitzki, Rick Carlisle e Mark Cuban têm isso dominado em Dallas. Já na defesa, ele vai ter que aprender mesmo.
Donovan Mitchell e John Collins
Os dois chegam em situações complicadas. Mitchell terá que compensar pelo menos um pouco o vácuo que Gordon Hayward deixa na pontuação em Utah. E John Collins representa um Atlanta Hawks que implodiu seu time e vai começar de novo.
Collins pelo menos nos rebotes (mais de 10 de média por jogo) prova que já pode substituir Dwight Howard nesse quesito e ele ainda tem a velocidade necessária e a movimentação lateral para ser um pivô da NBA em 2017. Caso jogue mais na posição 4, ele também pode segurar jogadores mais lentos. Contra Lauri Markkanen, ele teve um dia no parque, limitando o jogador dos Bulls a 1 de 13 nos arremessos. E melhor ainda para os torcedores dos Hawks: Collins disse que quer desenvolver o tiro de longa distância. Então tá bom.
Já Mitchell teve a performance mais incrível da Summer League com 37 pontos e oito ROUBOS contra o Memphis Grizzlies. Ele nasceu na velocidade turbo, pode ser um defensor muito acima da média e ainda consegue ter um arremesso de boa qualidade. Se eu fosse um torcedor do Jazz e visse esse vídeo, só ficaria mais empolgado se lesse uma notícia que Karl Malone descobriu uma fonte da juventude e assinou um contrato de 10 anos e US$ 300 milhões com a franquia.
Apanhado rápido: Fultz e Tatum
Calma torcedores de Celtics e 76ers. Tanto Markelle Fultz como Jayson Tatum tiveram seus bons momentos em Las Vegas. Fultz parece que está jogando em outra velocidade, com o freio de mão puxado. Mas ele é o falso lento, seu jumper é bastante bonito e eficiente e ele tem uma visão de jogo que se não é “balliana”, consegue achar seus companheiros livres do mesmo jeito. A lesão no tornozelo acabou com sua brincadeira de verão, mas não parece que vai se prolongar para a temporada.
Ele não sorri, parece não falar e muito menos comemorar. Ou seja, saiu do mesmo mato que Kawhi Leonard nesse quesito.
Já Tatum tem tudo para ser Paul MVPierce 2.0. Um pontuador nato, que já teve um semi-buzzer beater na Summer League e mostrou boa química com Jaylen Brown. Os dois se complementam bem, já que Brown é um excelente defensor. Como ele se encaixa com Gordon Hayward, ai pergunta para Brad Stevens.
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