As coisas vão muito bem em Boston, obrigado. Na última partida antes do All-Star Weekend, os Celtics foram responsáveis pela segunda pior derrota da história do Brooklyn Nets, ao vencer por 138 a 86, garantindo ainda a quinta vitória por 50 pontos do Boston. A vantagem por incríveis 68 a 32 no intervalo foi a maior desde 13 de janeiro de 2010: na ocasião, uma liderança por 36 pontos também contra os Nets (ainda New Jersey, na época). Após a humilhação, a diretoria do Brooklyn anunciou a demissão do treinador Jacque Vaughn.
Joe Mazzulla está apenas em sua segunda temporada como técnico na NBA e tem na sua mão um dos melhores elencos da liga. E ajuda muito competir na Conferência Leste. Estamos falando de um time que tem 43 vitórias e 12 derrotas na tabela, mas um desempenho de 30-6 contra adversários do Leste, e 13-6 do Oeste.
O Boston Celtics, com a melhor campanha atualmente, é o favorito ao título de acordo com as casas de apostas. Em segundo vem o Denver Nuggets, atual campeão que começou a temporada como principal candidato a repetir o feito, mas está agora numa briga pelo topo do Oeste com Minnesota, Oklahoma City e LA Clippers – e ocupa a quarta posição.
O All Star veio em boa hora para os Nuggets: Jamal Murray e Kentavious Caldwell-Pope se lesionaram na partida contra os Bucks do dia 12 de fevereiro e devem aproveitar os nove dias para se recuperarem.
Em 2024, os Clippers podem vencer o primeiro título da NBA?
Os favoritaços não mudaram, mas o LA Clippers vem ganhando força, especialmente se conseguirem se manter longe das lesões. Kawhi Leonard e Paul George ainda não tiveram a oportunidade de mostrar todo seu potencial juntos nos playoffs – a pós-temporada de 2020 foi a única com os dois em quadra durante toda a campanha. O time ainda chegou nas Finais de Conferência em 2021, mas sem Kawhi, com uma lesão que custou a ela toda a temporada seguinte. E no ano passado foi a vez de PG-13 ficar fora dos playoffs, com Kawhi Leonard atuando em apenas duas partidas.

Neste ano, os Clippers ainda contam com o reforço de James Harden, e podem chegar à pós-temporada mais fortes do que nunca. A vitória contra os Warriors depois do time de Curry abrir 14 pontos no último período é um bom exemplo de como o time pode se manter consistente e concentrado, mesmo com Kawhi Leonard (surpresa!) machucado. Foram 26 pontos, 8 rebotes e 7 assistências de James Harden e 24 pontos de Paul George na vitória por 130 a 125.
O Milwaukee Bucks também não pode ser menosprezado. Com dois super astros em Giannis Antetokounmpo e Damian Lillard, mas alguns problemas claros na defesa, a franquia está em terceiro no Leste (35-21), atrás do Cleveland Cavaliers (36-17). Doc Rivers, que estreou como head coach dos Bucks em 29 de janeiro, tem visto mais derrotas do que vitórias (3-7) e precisa reencontrar o caminho para manter vivas as chances de títulos. Talentos na mão ele tem.
Celtics, Nuggets, Clippers e Bucks são as apostas mais seguras, se você gosta desse universo. Depois desses quatro, as chances de títulos das outras franquias são mínimas. O Phoenix Suns até tem um elenco habilidoso, mas que está tendo dificuldade para encaixar o jogo: são 33 vitórias e 22 derrotas até aqui e uma quinta posição na Conferência. Kevin Durant, Devin Booker e Bradley Beal vão ter que dar a vida em quadra para conseguir mando de campo nos playoffs.
E os Knicks, hein? Os fãs de uma das franquias mais tradicionais da NBA tiveram um suspiro de esperança em janeiro, ao acompanhar 9 vitórias consecutivas, em uma sequência de 15 triunfos e apenas duas derrotas. Mas logo o time se encarregou de perder 4 dos últimos 5 jogos e a realidade bateu. Um quarto lugar no Leste (33-22) não deixa a torcida confiante de que é possível ir além das semis de conferência.
Há espaço para zebras-não-tão zebras na NBA?
O Los Angeles Lakers de Lebron James e o Golden State Warriors estão mais uma vez na zona de Play-in.
Os Lakers vêm de 8-3 nos últimos 11 jogos, e têm o terceiro melhor ataque da NBA no período. Parte dessas vitórias é por conta de algumas improváveis cestas de 3, mas também porque o técnico Darvin Ham parece ter acertado uma boa combinação em quadra, com Lebron James, Anthony Davis, Austin Rivers e Rui Hachimura. Na última partida antes do All Star break, contra o Utah Jazz, Davis anotou 37 pontos e 15 rebotes, enquanto Hachimura fez sua melhor marca da temporada com 36 pontos.
Na noite seguinte o Jazz ainda recebeu os Warriors, em partida atrasada. Steve Kerr conquistou sua vitória de número 500 no comando, com um time que começa de verdade a ter uma identidade nova: Jonathan Kuminga trouxe potência para uma franquia que virou dinastia com um estilo baseado na habilidade e na movimentação. Brandin Podziemski, que já vinha fechando jogos no lugar de Klay Thompson, finalmente começou uma partida no lugar do Splash Brother. E a estratégia funcionou especialmente para Thompson, que não começava no banco desde seu ano de novato, em 2012: foram 35 pontos, sua melhor marca na temporada, e 7 cestas de 3. O Golden State agora tem 9-4 nos últimos 13 jogos.

Os dois times, muito por conta de jogadores indiscutivelmente competentes, tiveram alguns jogos excepcionais, mas vencer uma série no Oeste (ou três) parece um feito inalcançável. Os melhores da Conferência hoje estão mais fortes e muito mais consistentes do que nas últimas temporadas, e superá-los exigirá de Lakers e Warriors uma grandeza que não foi demonstrada de verdade em nenhum momento até aqui.
O Oklahoma City Thunder chegou neste momento da temporada na segunda colocação do Oeste (37-17) e trouxe peças importantes na última janela, trocando Vasilije Micić, Tre Mann e Davis Bertāns (mais duas escolhas de draft) por Gordon Hayward. Aos 33 anos e depois de ter passado por algumas lesões, Hayward não é mais aquele jogador que brilhou no Utah Jazz, mas ele traz uma experiência e bagagem muito necessárias no Thunder hoje. Outro veterano que chegou foi o congolês Bismack Biyombo, pivô forte que deve ficar encarregado de marcar Nikola Jokic em uma eventual série de playoff.
E quem diria que Cleveland Cavaliers voltaria pra briga pelo topo do Leste depois da saída de LeBron? Um segundo lugar na conferência de um time que vem voando e perdeu apenas duas vezes nos últimos 20 jogos pode parecer interessante, mas não se deixe levar. O calendário dos Cavs só vai favorecer esse cenário: os próximos adversários (Bulls, Magic, Sixers – sem Embiid, Wizards, Mavs e Pistons) devem consolidar a posição do time na tabela, mas será que dizem o bastante sobre as chances do time nos playoffs?