Uma das principais missões de Adam Silver como comissário da NBA nos últimos anos tem sido a de tentar devolver ao All-Star Game o nível de competitividade do passado. Para a partida do próximo domingo (18), em Indiana, a liga optou por retornar ao tradicional formato de Leste contra Oeste. Entre 2018 e 2023, a montagem dos times passou a ser feita por dois capitães, que podiam escolher jogadores de qualquer conferência. A ideia não foi o suficiente para despertar um envolvimento mais sério dos atletas.
Não se engane, a volta ao modelo original também não deve mudar muita coisa. A temporada da NBA é longa, o nível de disputa é alto, e quem entra em quadra não está disposto a arriscar o objetivo final por uma vitória no All-Star. Desde o surgimento em 1951, a proposta do jogo das estrelas sempre foi de divertir pelo espetáculo, não pela emoção. Os placares elásticos, que hoje geram tanta reclamação dos fãs, não são novidade – em 2004, por exemplo, a média de pontos dos times era de 93.4, mas o ASG terminou em 136 a 132.
A verdade é que o All-Star nunca precisou da intensidade de um jogo a valer para ser marcante. Quando tantos talentos se reúnem, a chance de algo histórico acontecer existe mesmo em um amistoso. Hoje vamos recordar algumas das partidas que ficaram eternizadas na história do final de semana dos astros da NBA.
Quatro jogos inesquecíveis no All-Star da NBA
1988 – Chicago
O auge do All-Star está diretamente ligado ao sucesso de Michael Jordan, então prepare-se para vê-lo citado em diferentes momentos daqui para frente. Como participante do torneio de enterradas desde seu ano de novato, Jordan ajudou produzir algumas das imagens mais icônicas do evento ao longo da década de 1980. O ponto mais alto, porém, foi em 1988.
Das temporadas em que MJ não foi campeão, esta é com certeza a mais emblemática e a que o colocou como rosto oficial de uma nova era no basquete. E o final de semana do All-Star contribuiu bastante para isso, acredite. Entre sábado e domingo, Michael Jordan venceu o torneio de enterradas (o primeiro a fazê-lo de forma consecutiva) e quebrou o recorde de pontos, com 40, marca que durou até 2017. De quebra, fez tudo isso no Chicago Stadium, antiga casa dos Bulls.
Mais tarde naquele ano, ele recebeu os prêmios de melhor defensor e MVP da temporada regular, fechando 1988 com quatro conquistas individuais, além de ter sido o cestinha da competição.
2003 – Atlanta
O All-Star de 2003 tornou-se marcante também por uma curiosidade: pela primeira vez um jogador cedeu seu lugar como titular. No ocasião, Vince Carter, do Toronto Raptors, abriu mão da sua vaga para que Michael Jordan estivesse no quinteto inicial. À época no Washington Wizards, Jordan estava oficialmente se despedindo da NBA. Ele discursou discursou para os torcedores no intervalo da partida, e foi reverenciado por um público emocionado.
Como se a despedida do maior de todos os tempos não fosse suficiente, o jogo em si também foi um dos mais equilibrados que já vimos. Com cinco segundos para o final, Michael Jordan converteu um arremesso que dava a vitória ao Time Leste por três pontos. O problema é que na última posse Jermaine O’Neal cometeu falta em Kobe Bryant, que cobrou três lances livres e forçou a prorrogação, estragando a festa do seu maior ídolo.
No tempo-extra, vitória do Oeste por 155 a 143, e Kevin Garnett eleito o MVP.
2009 – Phoenix
Uma das duplas mais marcantes na história da NBA se transformou também em uma das grandes rivalidades deste século. Quando Kobe e Shaquille O’Neal se separaram, os confrontos entre Lakers e Heat passaram a ser alguns dos mais aguardados da temporada regular. Em 2005, Shaq venceu seu primeiro título sem o antigo parceiro. Três anos depois, Kobe deu o troco.
Acontece que em 2009 Shaq já estava de casa nova e agora era jogador do Phoenix Suns, que sediava o All-Star daquele ano. Depois de quase cinco anos, os antigos parceiros seriam companheiros de equipe pela primeira vez. A expectativa geral era saber como seria o clima entre os dois, mas tudo correu na maior paz.
O melhor ainda veio no final, com o prêmio de MVP sendo dividido pelos dois. Bryant terminou com 27 pontos, e Shaq somou 17 em apenas 10 minutos. Aos 36 anos, o pivozão se despediu do evento.
2020 – Chicago
Este jogo provavelmente teria passado batido, assim como muitos outros recentes. A questão é que 20 dias antes do evento em Chicago, Kobe Bryant morreu em um acidente de helicóptero, abalando o mundo do basquete. A NBA ainda vivia o luto de ter perdido um dos principais nomes da história, e os três dias em Chicago foram todos destinados a homenagear o ídolo do Los Angeles Lakers. Nas camisas, o Time LeBron usou o número 2, usado por Giana Bryant, filha do ex-jogador, enquanto o Time Giannis vestiu a 24.
Até o formato foi adaptado, com os três primeiros quartos valendo como um “mini jogo”. No último período, o relógio foi desligado e o ganhador definido a partir de uma meta de pontos. Quem tivesse somado mais pontos nas parciais anteriores precisaria fazer 24 para vencer. Quem estivesse atrás, por consequência, teria de marcar 24 mais a diferença.
A intensidade dos atletas chamou atenção e animou o público. Ao fim, o Time LeBron levou a melhor ao anotar os 24 pontos do último período e chegar aos 157 necessários. Anthony Davis, que jogava na sua cidade natal, converteu o lance-livre decisivo. Kawhi Leonard recebeu o MVP.