Imagine estar jogando no time B de uma equipe dos Estados Unidos e, na mesma semana, virar companheiro de vestiário de Leo Messi e Luis Suárez. Foi o que aconteceu com o brasileiro Leo Afonso. Nas categorias de base do Inter Miami desde 2019, o paulistano de 22 anos atuava pelo time B da franquia da Flórida, o Inter Miami II, quando foi draftado na posição 32 do SuperDraft.
Antes disso, foi emprestado duas vezes para o time de cima, agradou ao técnico Tata Martino e assinou o seu primeiro contrato profissional com duração de um ano, com possibilidade para mais três anos. Agora após as saídas de Gregore, para o Botafogo, e Jean Mota, para o Vitória, o jovem é o único brasileiro do time.
Em um bate-papo exclusivo com o Quinto Quarto, Leo Afonso, que fez toda sua divisão de base nos Estados Unidos, revelou como foi o seu primeiro contato com Messi, qual país optaria por defender em uma convocação e como encarou a chance de estar na MLS.
Nesta entrevista exclusiva com Leo Afonso, atacante do Inter Miami, você também vai ler sobre:
- Quem é Leo Afonso, atacante brasileiro de 22 anos que assinou com o Inter Miami?;
- Qual a sensação de ser o único brasileiro no time? Tem alguma rivalidade com os outros jogadores sul-americanos?;
- Como foi encontrar Messi pela primeira vez no Inter Miami?;
- Seleção Brasileira ou Seleção dos Estados Unidos?;
- Dicas para os jovens que sonham em jogar na MLS.
Quinto Quarto: Para quem não sabe, quem é Leo Afonso e como ele chegou ao time principal do Inter Miami?
Leo Afonso: Eu nasci e cresci em São Paulo. Morei por lá até os 13 anos. Aí eu me mudei com minha família para o sul da Flórida. Comecei jogando em escolinhas locais e fui chamado pela academia do Philadelphia Union. Passei um ano por lá e retornei para Miami. O time aqui tinha acabado de ser iniciado e seria uma boa oportunidade para eu ficar perto da minha família novamente. Fiquei por aqui mais um ano e decidi ir para a faculdade (Universidade de Virginia), achei que era o momento para isso, para me desenvolver em vários aspectos. Fiz quatro temporadas por lá e fui draftado pelo Miami. Assinei com o time B do clube, fiz a pré-temporada e, depois de dois jogos, fui chamado para o time principal.
QQ: No Brasil você chegou a jogar em algum clube?
Leo Afonso: Em clube não. Eu jogava apenas no social do São Paulo.
QQ: E como foi tão rapidamente sair do time B para subir ao principal do Inter Miami?
Leo Afonso: Para mim foi muito especial. Eu sempre sonhei com isso. Sempre sonhei em chegar em clube da primeira divisão, me tornar profissional. Eu cheguei a ser emprestado duas fez do segundo time para o primeiro time, antes de assinar de vez. E quando eu senti o cheirinho dessa vida no profissional eu logo pensei que seria demais, que eu iria amar estar ali. Aí depois desse segundo jogo que eu estava emprestado, contra o New York City, eles me chamaram e me avisaram que íamos assinar para o primeiro time. Foi um momento de muita felicidade para mim e para minha família. Foi a realização de um sonho. Mas o melhor ainda está para acontecer.
QQ: Mudou muito a vida depois que você chegou ao time principal do Inter Miami?
Leo Afonso: Não mudou muito, não. Eu sigo morando com meus pais, com meu dia a dia normal. Foi um momento de alegria para todos nós, mas meu cotidiano segue o mesmo. É trabalhar cada dia mais para chegar ao nível que eu quero estar.
QQ: Como é ser o único brasileiro do Inter Miami? Como é a relação com os outros atletas da equipe?
Leo Afonso: É tranquilo, tudo normal. Não há nenhuma rivalidade por eu ser brasileiro e ter argentino e uruguaio no time. Os caras são super gente boa comigo. Todo mundo se dá super bem.
QQ: Você tem contato com os outros brasileiros da Liga?
Leo Afonso: Ainda não. É tudo muito novo. Não fiz contato com ninguém ainda.
QQ: Como foi para você encontrar com Leo Messi pela primeira vez aí no Inter Miami?
Leo Afonso: Eu me lembro como foi a primeira vez. Foi na segunda semana de janeiro, quando eu estava emprestado, na pré-temporada. A gente estava fazendo uma roda de bobinho e eu pensando “será que ele tá aqui, não tô vendo ele”. Aí uma hora lá eu virei de costas e o vi. Ele estava próximo, andando na minha direção. Ele deu uma piscada e bateu na minha mão. Eu gelei. Fiquei ali parado por uns 2 minutos tentando processar tudo aquilo. No começo foi assim, mas agora já está mais tranquilo. Não que seja normal, mas falando com ele todos os dias, melhora esse choque que foi da primeira vez.
QQ: E como é estar ao lado do Messi no Inter Miami? Tem coisas que ele faz e você, ali do lado, custa a acreditar?
Leo Afonso: Vou te falar que 9 a cada 10 vezes que ele pega na bola eu fico olhando e tentando entender como ele fez aquilo. A velocidade com que ele faz as coisas é impressionante. Você fica olhando e pensando como ele consegue fazer aquilo. É demais.
QQ: Eu vi uma matéria aqui nos Estados Unidos com alguns jogadores em choque quando o Messi entrou no grupo do WhatsApp do time. Você está nesse grupo.
Leo Afonso: Pô, ainda não. Vou falar com o goleiro. Ele é o administrador e não me colocou ainda. Mas tenho que entrar.
QQ: Sonhando alto. Você fez toda a sua base nos Estados Unidos, já mora no país há quase 10 anos. Se um dia tiver que optar entre seleção americana e seleção brasileira, qual será sua escolha?
Leo Afonso: Seleção brasileira. 100%. Nenhuma dúvida.
QQ: Se você pudesse dar uma dica para algum garoto no Brasil que queira se tornar jogador de futebol nos Estados Unidos. Qual seria?
Leo Afonso: O caminho é diferente para cada um. Não tem uma fórmula pronta para o sucesso. Mas nada chega sem o trabalho duro. Se vier para cá para trabalhar, sem perder o foco, a chance é maior. Eu vim, fui atrás, fui para a faculdade focado nisso, completamente dedicado ao futebol e nos estudos, e as coisas aconteceram. Então eu sou um exemplo disso. Se vier e trabalhar duro, a oportunidade vai aparecer.