Paramount assume o UFC: o que muda para os fãs brasileiros de MMA?

Julien Josset | 25/10/2025 - 15:24
Paramount assume o UFC:
o que muda para os fãs brasileiros de MMA?
Atualizado: : 11/11/2025

A Paramount fechou um acordo bilionário de direitos de transmissão com o UFC e vai ser a casa oficial dos eventos nos Estados Unidos. A pergunta agora é simples: isso muda alguma coisa para quem assiste no Brasil?

UFC Direitos de transmissão Brasil

A Paramount e o UFC assinaram um acordo de mídia de sete anos avaliado em cerca de US$ 7,7 bilhões, com início em 2026, colocando a Paramount+ como plataforma central dos eventos do UFC nos Estados Unidos. Essa mudança mexe no mercado norte-americano de pay-per-view e cria uma dúvida imediata no Brasil: vamos continuar assistindo do mesmo jeito ou vem mudança de canal, preço e plataforma?

📺 O que foi anunciado nos EUA

O pacote fechado entre o UFC (via TKO Group) e a Paramount dá exclusividade, nos Estados Unidos, para a Paramount+ transmitir os grandes cards numerados do UFC (as lutas “de cinturão”, tipo UFC 3xx) e dezenas de Fight Nights por ano. A ideia é migrar o fã norte-americano de um modelo pay-per-view individual para um modelo de assinatura direta. Isso inclui cerca de 13 eventos numerados e mais de 30 cards do tipo Fight Night por temporada, segundo detalhes do acordo divulgados pela própria companhia e pela imprensa especializada.

Em linguagem simples: nos EUA, o UFC deixa de ser só “Pague R$ X por cada luta grande” e passa a ser “Assina aqui e assiste tudo”. Isso é gigante para retenção, marketing e para colocar o UFC no mesmo ecossistema que esportes e conteúdo original da Paramount.

🇧🇷 E o Brasil, muda agora?

Curto prazo: não. O acordo oficializado é para o mercado norte-americano e começa a valer a partir de 2026. No Brasil, as transmissões continuam, por enquanto, dependendo dos contratos locais já firmados — como TV por assinatura esportiva e serviços de streaming dedicados a lutas ao vivo.

Mas médio prazo: pode mudar muita coisa. A Paramount deixou claro que o UFC é um produto estratégico global, não só dos EUA, e que existe interesse em explorar direitos internacionais fora do pacote norte-americano. Traduit: a empresa não está pensando só em Califórnia e Nova York, ela está olhando também para América Latina.

1. Streaming pode ficar mais forte que o pay-per-view

Se a Paramount começar a negociar sublicença ou presença direta no Brasil, o fã pode ver um cenário parecido com o dos EUA: menos cobrança “por evento” e mais assinatura mensal. Isso seria um baque direto no modelo clássico de PPV e um alívio para quem acompanha todos os cards numerados, inclusive os que têm brasileiros em luta importante de peso-pesado.

Para o público brasileiro hardcore de MMA, isso é bom porque reduz a barreira de entrada: em vez de pagar cheio em toda luta de cinturão, você paga por um pacote contínuo.

2. Pode mudar quem conta a história do UFC para o fã brasileiro

Hoje, a cobertura do UFC no Brasil não é só transmissão da luta. Tem pré-luta, tem análise tática, tem “Brasil vs. resto do mundo”, tem enquadramento narrativo (“novo rei dos pesados”, “defesa de cinturão histórica”, etc.). Se uma gigante internacional assume mais controle editorial, pode rolar:

  • mais conteúdo de bastidores com lutadores brasileiros;
  • programas e cortes em português pensados para redes sociais e YouTube;
  • mais visibilidade para cards com brasileiros no co-main event, não só no main event.

Exemplo direto: no UFC 321 a narrativa já é “o Brasil em busca de um novo rei dos pesados”, no duelo Volkov x Jailton Malhadinho Almeida. Esse tipo de ângulo nacional vende muito bem no Brasil e interessa qualquer player que queira segurar o fã local.

3. Preço: pode melhorar… ou piorar

Vamos ser honestes: nenhuma mudança de direitos vem “por amor ao fã”. Se a Paramount+ (ou qualquer parceiro dela) chegar com exclusividade no Brasil, ela pode:

  • oferecer um pacote mais barato que o pay-per-view de hoje, para ganhar massa rápido;
  • ou posicionar UFC como produto premium e empurrar reajuste de preço dentro de um combo “esportes + entretenimento”.

Ou seja: a chance de um “UFC incluso num streaming que você já paga” existe, sim. Mas a chance de virar “tem que assinar mais um serviço” também existe.

4. Mais eventos com brasileiros em destaque

Do ponto de vista esportivo, a América Latina — especificamente o Brasil — continua um dos berços do UFC, tanto em talento quanto em audiência. É muito provável ver ainda mais brasileiros em posição de destaque no card principal para segurar assinatura, engajamento e retenção no streaming. Traduit: mais Malhadinho, mais perigosos do peso-pesado, mais narrativa de cinturão “volta para o Brasil”.

5. E o Combate, morre?

Não é tão simples. O que a Paramount está sinalizando é: “o UFC é conteúdo âncora para minha plataforma global”. Isso não significa que ela vai, automaticamente, matar acordos locais. Em vários mercados, pode rolar sublicença: um player local continua exibindo o evento ao vivo, mas parte do conteúdo extra (entrevistas exclusivas, replays on demand, séries originais) fica atrás do paywall da Paramount+.

Na prática, pode virar um modelo híbrido: luta ao vivo num canal brasileiro conhecido + ecosistema on demand (bastidores, pesagens, cortes de vestiário) num streaming global.

Checklist rápido para o fã brasileiro

  • Fica de olho se o pacote que você já paga anuncia “UFC incluso a partir de 2026”.
  • Evita comprar PPV caro sem checar se a mesma luta estará num serviço de assinatura.
  • Olha se começam a aparecer programas em PT-BR com bastidores dos pesados (é sinal de investimento local).
  • Observa como lutadores brasileiros (peso-pesado, peso-leve, feminino) passam a ser promovidos nos cards principais.

Resumo Quinto Quarto

• A Paramount vai ser a casa do UFC nos EUA a partir de 2026, num acordo multibilionário e de longa duração.
• No Brasil nada muda imediatamente, mas o recado é claro: o UFC agora é conteúdo de streaming global, não só PPV.
• Para o fã brasileiro, isso pode significar mais acesso, mais conteúdo em português e, sim, potencial guerra de preços entre streaming e TV paga.

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