Jailton “Malhadinho” Almeida saiu da Bahia, entrou no UFC com fome de finalização e hoje carrega uma responsabilidade que poucos brasileiros já sentiram: botar o Brasil de volta no topo dos pesos-pesados. A trajetória dele é menos hype e mais consistência. Do tatame simples em Salvador até o Top 10 do UFC, Malhadinho virou um dos projetos mais sérios de campeão que o MMA brasileiro tem na divisão mais pesada (e mais cruel) do esporte.
Raízes baianas: quem é Jailton Malhadinho Almeida
Jailton Almeida nasceu em Salvador, na Bahia, em uma realidade bem longe de centro de alto rendimento. O primeiro contato dele com o combate não foi pensando em cinturão, mas em ter futuro através do jiu-jitsu. O grappling virou ferramenta, identidade e depois profissão.
Ele cresceu dentro de academia local, treinando chão horas e horas por dia. Antes mesmo de pensar no UFC, já construía reputação de atleta que não aceita perder posição no solo. Essa mentalidade “ou finaliza ou controla até o juiz separar” virou marca registrada.
📋 Ficha técnica – Jailton “Malhadinho” Almeida
Linha do tempo 🗓️
- 2012-2016: circuito regional baiano, foco em jiu-jitsu e MMA local
- 2017-2020: eventos nacionais e lutas duras no Brasil, onde chama atenção pela agressividade no solo
- 2021: vitória dominante no Contender Series e assinatura de contrato com o UFC
- 2022-2024: sequência de vitórias no UFC e entrada no Top 10 dos pesados
A fase Brasil: domínio no circuito nacional
Antes de chegar no octógono mais famoso do mundo, Malhadinho fez o caminho clássico do lutador brasileiro que não tem apadrinhamento: encarou quem aparecesse. Eventos como Jungle Fight, Thunder Fight e cards regionais no Nordeste foram virando vitrine.
Nessa época, ele começou a ganhar fama de lutador que não espera o juiz decidir. A missão era sempre a mesma: colocar para baixo, passar a guarda e acabar a luta. Isso chamou atenção do Dana White’s Contender Series, vitrine que tradicionalmente abre a porta do UFC para quem é agressivo e finaliza.
No Contender Series, em 2021, ele pegou um adversário duro, Nasrudin Nasrudinov, e não só venceu: dominou. A atuação não deixou dúvida. Contrato assinado. Nascia o capítulo UFC.
Recorde recente de Jailton Almeida
Vitórias seguidas no UFC: série invicta desde a estreia oficial
Estilo de vitória: maioria por finalização ou nocaute técnico, quase sempre controlando o adversário no chão
Tempo médio no cage: baixo. Ele raramente precisa dos 15 minutos completos para resolver
Do meio-pesado ao peso-pesado: mudança que virou ameaça real
Quando chegou ao UFC, Malhadinho ainda era visto como um nome para os meio-pesados (93 kg). Mas a subida para os pesos-pesados (120 kg) mudou tudo. Ele manteve a velocidade de alguém mais leve, levou o mesmo jiu-jitsu sufocante e mostrou força suficiente para controlar caras que pesam mais de 110 kg na noite da luta.
A partir daí vieram vitórias importantes contra nomes de respeito. Lutadores experientes e perigosos no striking, como Parker Porter, Shamil Abdurakhimov, Jairzinho Rozenstruik e outros, acabaram encontrando o mesmo problema: se Malhadinho encosta, cai. Se cai, ele cola no tronco, passa a guarda e não dá espaço para respirar.
Isso colocou o brasileiro direto no radar da elite. Sem precisar fazer barulho fora do cage, ele entrou no Top 10 dos pesados só com desempenho. Zero personagem forçado. Só resultado.
Armas técnicas: por que ele é tão difícil de segurar no chão
O coração do jogo de Malhadinho é o controle no solo. Ele não é apenas um faixa-preta de jiu-jitsu. Ele é um faixa-preta pesado, com transição rápida e pressão justa. O tipo de cara que cola no quadril, trava a base e derrete o adversário centímetro por centímetro.
Outra assinatura dele é a leitura de momento. Ele não força a finalização de qualquer jeito. Ele constrói a posição até o outro lado desistir da defesa. É isso que faz treinadores e analistas dizerem que, quando o brasileiro cai por cima, o round praticamente acabou ali.
Mas não é só grappling. No camp recente, ele vem trabalhando exatamente no que todo mundo acha que é o ponto de interrogação do jogo dele: a trocação em pé e a defesa contra chutes longos. A meta é aguentar o primeiro minuto em pé contra strikers altos, encurtar a distância sem tomar muito dano e então grudar.
💥 Forças e fraquezas de Malhadinho
Pontos fortes 💪
- Grappling e controle no solo de nível mundial
- Ground and Pound pesado e preciso
- Transição rápida entre posições
- Cardio acima da média para um peso-pesado
- Disciplina tática e calma sob pressão
Pontos a evoluir ⚠️
- Defesa contra chutes médios e altos
- Distância em pé contra adversários longos
- Uso do jab ainda irregular
- Precisão na troca de golpes curtos
Por que Volkov é um teste tão sério para o brasileiro
Alexander Volkov é o tipo de adversário que expõe qualquer vacilo na longa distância. Ele é alto, chuta bem, administra a luta de fora e não entra no desespero. Esse perfil é historicamente chato para grapplers. A pergunta é bem direta: Malhadinho consegue encurtar sem tomar dano limpo?
Se ele conseguir colocar Volkov no chão cedo, o favoritismo muda rápido, porque poucos pesos-pesados do UFC seguram o brasileiro colado nas costas. Mas se a luta ficar muito tempo em pé, principalmente nos primeiros minutos de cada round, a experiência do russo conta muito.
Essa luta define mais do que ranking. Define se o estilo de Malhadinho funciona também contra um striker experiente, paciente e enorme fisicamente.
O Brasil quer um novo rei nos pesados
O Brasil já teve campeões lendários no peso-pesado, como Fabrício Werdum e Júnior Cigano. Mas faz tempo que o país não tem um nome dominante na categoria. A divisão virou uma zona mista de kickboxers gigantes, wrestlers agressivos e atletas cada vez mais completos fisicamente.
É por isso que tanta gente no Brasil olha para Malhadinho como mais do que um bom lutador. Ele virou símbolo de “a gente ainda pode mandar nessa divisão”. Ele luta por ele, claro. Mas também carrega uma bandeira.
E ele não esconde isso. Toda vez que entra no octógono com a bandeira do Brasil, a leitura é clara: não é só mais um brasileiro no card. É um projeto de campeão mundial dos pesados.
Depois do UFC 321: e agora?
O que vem depois depende totalmente do que acontecer no octógono. Três cenários fazem sentido:
- Vitória dominante: Se ele passa por um nome experiente como Volkov, o papo muda de “prospecto brasileiro” para “próximo desafiante ao cinturão”. A conversa vira direta com quem está no topo.
- Luta equilibrada, decisão longa: Mostra que ele consegue competir em 5 rounds, mas ainda tem ajustes na trocação. Nesse caso ele segue no Top 10, mas provavelmente pega mais um top da categoria em vez de ir direto pelo título.
- Derrota: Ninguém nos pesados está imune a tropeço. O importante seria a forma da derrota. Se ele mostra que consegue sobreviver em pé contra um striker desse nível e ainda colocar perigo no chão, ele segue relevante. Ou seja: não é fim de projeto.
Sobre a redação: Este texto foi produzido pela equipe de MMA do Quinto Quarto BR, com base em histórico oficial de lutas, entrevistas públicas dos atletas e análise técnica de desempenho recente no UFC.
Atualização: Última atualização: : Novembro 2025
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