A temida seleção feminina dos Estados Unidos começa a sua campanha rumo ao pentacampeonato e a um tricampeonato consecutivo inédito e histórico no futebol – tanto masculino quanto feminino. O adversário desta sexta-feira (21/7) – o jogo acontece a partir das 22h, no Eden Park (Auckland, Nova Zelândia) –, é o Vietnã, o que torna o começo da jornada americana histórica para além das quatro linhas.
Estados Unidos e Vietnã protagonizaram um dos maiores confrontos bélicos do século 20, marcante para a história de ambas as nações. O confronto começou com a Guerra da Indochina, que separou o Vietnã em sul e norte. As regiões entraram em conflito, a partir de 1959, junto da resistência vietcongue do sul.
O confronto contou com influência massiva de potências que brigavam ideologicamente e buscavam espalhar as influências socialistas e capitalistas ao redor do mundo. Apoiando o lado norte, China e União Soviética. Pelo lado sul, os Estados Unidos.
A participação dos Estados Unidos na guerra, com o uso de armas químicas e o massacre a aldeias de civis, além da morte de 58 mil soldados americanos, resultou em severas críticas e protestos pelo fim da guerra. Nenhuma crítica e protesto, no entanto, foi tão marcante e duradoura quanto a de um homem em específico.
Muhammad Ali e a Guerra do Vietnã
Já dono do título dos pesos-pesados e com nove defesas de cinturão bem-sucedidas, Muhammad Ali foi um dos jovens convocados para lutar na guerra do Vietnã. Em 28 de abril de 1967, ele, aos 25 anos, chegou a se apresentar a uma unidade do exército em Houston, porém, quando seu nome foi chamado, por três vezes, ele se recusou a dar um passo à frente.
– Por que eles deveriam me pedir para colocar o uniforme, ir a 10 mil milhas de casa e atirar bombas e balas nas pessoas marrons no Vietnã enquanto as pessoas chamadas de ‘nigger’ em Lousville são tratadas como cachorros e negadas direitos humanos básicos? –, afirmou Ali em célebre frase, além de citar razões religiosas para a sua recusa.
Kareem, Jim Brown, Bill Russell and other top black athletes gathered in 1967 to meet with Muhammad Ali.
The heavyweight champ was refusing to serve in the Vietnam War.
After questioning him on his objections, the group publicly gave its support.
Inspiring solidarity. pic.twitter.com/GMK8K8PhV4
— Bleacher Report (@BleacherReport) June 7, 2020
Em 20 de junho de 1967, o juíz Joe Ingraham sentenciou o boxeador a cinco anos de prisão, além de uma multa de US$ 10 mil. Seu título dos pesos-pesados também foi retirado e ele ficou três anos e meio sem lutar. No mesmo dia da condenação de Ali, o congresso americano votou massivamente a favor de estender o draft por mais quatro anos, e concordou em tornar um crime federal o ‘desrespeito à bandeira’.
Ou seja, a sentença desproporcionalmente pesada dada a Ali teve como claro objetivo conter os ânimos e protestos anti-guerra. Porém, o tiro saiu pela culatra. Duas semanas depois a sentença, a iniciativa Tate expôs a mentira de que os Estados Unidos estavam vencendo a guerra e chegavam notícias de que o exército americano estava matando mil vietnamitas civis por semana, que 100 soldados americanos morriam a cada dia e o combate estava custando 2 bilhões por mês ao país.
Todos esses retrocessos e, agora, tendo Ali como um símbolo de resistência, criaram focos de crítica à guerra não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
Em 1971, a justiça finalmente prevaleceu e a Suprema Corte anulou a condenação de Muhammad Ali. Em 1973, o presidente Nixon assinou os Acordos de Paz de Paris, oficializando a saída dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã.