Há cinco anos, Tanner McKee caminhava pelas ruas do sul do Brasil representando a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias como um dos milhares de missionários servindo em todo o mundo.
Depois de voltar para casa da Missão Brasil Curitiba em 2020, McKee foi para Stanford e se tornou quarterback titular da universidade por duas temporadas, capitão do time em 2022, até ser draftado na sexta rodada do recrutamento pelo Philadelphia Eagles, em abril de 2023.
Quatro anos depois, McKee tem um novo compromisso marcado com o Brasil. A NFL confirmou o Philadelphia Eagles como o mandante do primeiro jogo da liga em solo brasileiro, que abre a temporada 2024, no dia 6 de setembro. O adversário ainda é desconhecido, mas o país — e o idioma — nem tanto.
Em entrevista exclusiva para o Quinto Quarto, em português, Tanner McKee fala como começou a sua relação com o Brasil, como foram as suas experiências por aqui e da expectativa pelo retorno ao país.
Nesta entrevista exclusiva com Tanner McKee, quarteback dos Eagles, você também vai ler sobre:
- Como começou a relação de Tanner McKee com o Brasil;
- Como foi o período que passou o Brasil;
- Como está a expectativa de voltar ao Brasil, agora para um jogo oficial da NFL;
- Onde o Philadelphia Eagles pode chegar na temporada
- A influência de outras jogadores que saíram da mesma universidade.
Quinto Quarto: Para quem não sabe, como começou a sua relação com o Brasil?
Tanner McKeee: Quando eu fiz 18 anos, eu fui chamado para uma missão da igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que seria em Curitiba. Eu fiquei por algum tempo em várias cidades do Paraná ajudando as pessoas locais. Nosso proposito era convidar as pessoas a chegar em Cristo e ajudá-los com suas necessidades. Foi uma experiência maravilhosa para mim. Eu amo o povo brasileiro, amo a comida brasileira e eu estou muito animado para voltar ao Brasil.
QQ: Foi fácil de aprender a falar português?
McKeee: Mais ou menos. Depois de uns 6 meses da para entender bem e da para falar sobre as coisas que falamos todos os dias. Mas, para falar de assuntos que não são do seu dia-a-dia, fica mais difícil. Depois de 9, 10 meses fica mais fácil. Mas eu continuo tentando perder meu sotaque. Faz tempo que eu não falo português regularmente e estou tentando reativar isso. Eu escuto podcast em português, vejo notícias, falo com amigos do Brasil pelo WhatsApp e Instagram para continuar falando e não perder as coisas que aprendi.
QQ: Quais as coisas que você mais sente falta do Brasil? Alguma comida especial?
McKeee: Da comida, sinto falta do caldo de cana. É muito bom e não tem aqui nos Estados Unidos. A coxinha, o rodízio de churrasco. Nós temos o churrasco aqui, mas é diferente. O churrasco brasileiro é ótimo. Mas o que eu mais sinto falta é das pessoas. O povo brasileiro é muito simpático e acolhedor. Eu lembro quando estávamos andando na rua e começava a chover, muitas pessoas nos convidavam para ir para as suas casas, nos dar abrigo, dar suco, pão. E nem nos conheciam. Isso era muito legal.
QQ: Faz quanto tempo que você não vai ao Brasil? Você ainda tem contato com os amigos do Brasil?
McKee: Eu voltei para os Estados Unidos durante a pandemia, em marco de 2020. Eu tento falar com eles. Com as redes sociais fica mais fácil. Isso me ajuda muito nesse contato.
QQ: E como ficaram seus amigos e as pessoas que te acompanham no Brasil com a notícia de que os Eagles iriam jogar em São Paulo?
McKee: Muita gente me mandou mensagem, eu fiquei muito feliz. Eu estava jantando com a minha família e meu pai começou a gritar “Nossa, os Eagles vão jogar no Brasil. Você vai voltar”. O celular não parava, ficou todo mundo me ligando. Minha família inteira vai para esse jogo, vai para o Brasil. Minha esposa e parte da minha família nunca foram ao Brasil. Estamos todos muito animados.
QQ: Você ficou mais tempo no Paraná quando foi ao Brasil. Você conhece São Paulo?
McKee: Eu conheço São Paulo. Eu fiquei lá quase 2 meses. Para a missão, nós tínhamos o CTM (Centro de Treinamentos de Missionários), para aprender sobre a cultura, a língua e ter informações sobre o local onde íamos ficar. E era em São Paulo. Depois eu fui para Curitiba, Paranaguá, Guarapuava e outras cidades da região.
QQ: O jogo vai ser em um estádio de futebol. No estádio do Corinthians. Você acompanha o futebol brasileiro? Torce para algum time no Brasil?
McKee: Antes de eu chegar no Brasil, eu não assistia muito futebol. Mas quando eu estava lá, claro, eu tinha que ver o futebol. Eu tenho um amigo que é de São Paulo. Ele é fanático pelo Santos e dizia que eu tinha que torcer pelo Santos. Mas eu nunca vi um jogo do Santos. Eu ouvia falar do Corinthians e de outros times também. Eu estou muito animado para ver o futebol no Brasil outra vez.
QQ: Você também teve uma experiência com futebol americano no Brasil, com o Coritiba Crocodiles. Como foi?
McKee: Foi muito legal. O chefe da nossa missão, que cuida do projeto dos missionários, estava andando por um parque e viu algumas pessoas jogando futebol americano. Ele foi até essas pessoas e disse que tinha um cara que estava com ele que jogava futebol americano nos Estados Unidos e que poderia ir até lá treinar com eles e também falar sobre Jesus Cristo. Eu fui para lá e treinei com eles por 2 dias. E foi muito legal. Até hoje eu falo com alguns jogadores de lá. Muitos me ligaram quando viram que os Eagles iam para o Brasil. Estou muito empolgado para vê-los novamente.
QQ: E o que esse torcedor que vai para a Arena Corinthians poderá ver do seu time? Qual a expectativa para os Eagles nessa temporada?
McKee: Nós temos um time muito forte. Pessoas com muita experiência na NFL. Temos um técnico muito sábio. Ele tem muito controle sobre o time. Todos nós estamos muito confiantes para esse ano. Mas temos que focar no hoje. Sabemos que temos que ganhar o campeonato, mas precisamos pensar passo a passo.
QQ: Você vem de Stanford, uma faculdade muito tradicional no esporte americano e na NFL. Jogadores que saíram de lá, como Christian McCaffrey, Zach Ertz, Justin Reid, te impactaram de alguma maneira para chegar na liga?
McKee: Sim. Nós somos como uma família que saiu de Stanford. Eu treinei com o Christian na Califórnia. Eu falo muito com os jogadores de Stanford que estão na NFL. Para aprender com eles. É muito legal quando jogamos contra um time que tem atletas que eram de Stanford, porque depois do jogo nós sempre conversamos sobre a faculdade e coisas relacionadas a ela. São pessoas muito especiais para mim.
QQ: Viralizou nas redes sociais alguns vídeos do Jalen Hurts fazendo exercícios físicos muito fortes. Você também faz esses exercícios?
McKee: Sim, tem que fazer. Tem que ter muito músculo, é todo mundo muito forte na NFL. Eu tenho 2 metros e 110 quilos e tem gente muito maior do que eu. Então essa é uma parte muito importante.
QQ: Os seus companheiros acompanham o que está acontecendo com a NFL no Brasil? Eles sabem que a NFL está crescendo muito no país?
McKee: Sim, as pessoas no meu time estão muito animadas para ir ao Brasil. Muitos deles nunca foram. Eles sabem do meu relacionamento com o Brasil, até porque eu tenho a bandeira do Brasil no meu capacete. Eles estão muito interessados em saber sobre a cultura no Brasil, comer a comida e, claro, para ganhar esse jogo.
QQ: Para encerrar, manda um recado para a galera que te acompanha no Brasil e vai te ver em São Paulo.
McKee: Eu estou muito animado para jogar no Brasil. Para rever o país que eu amo, o povo que eu amo, a cultura que eu amo e não vejo a hora de voltar para ver todos vocês.