Sentiremos saudades de Eli Manning, o Pippo Inzaghi da NFL

Julio | 22/01/2020 - 18:17

Atualização (22/01/19): publicamos este texto no dia 11 de dezembro já antecipando a notícia que saiu hoje (quarta-feira). Eli Manning convocou uma coletiva de imprensa para sexta. Logo depois o próprio site dos Giants confirmou o que suspeitávamos: depois de 16 temporadas, Eli encerrou sua carreira.

No primeiro tempo da possível despedida de Eli Manning da NFL, contra o Philadelphia Eagles, nós tivemos a experiência Eli nos playoffs de 2011. Foi maravilhoso: dois passes longos para TD de Darius Slayton, confiança no pocket, sua cara de mongo eterna e os Giants mostrando que são um time grande, enorme.

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No segundo tempo: 4 de 11 para 24 jardas em um jogo miserável que terminou com derrota. Os Giants estão 2-11 e o fim do túnel ainda parece longe. Provavelmente com outro treinador abrindo o mapa para mostrar o caminho.

De certa forma foi a perfeita despedida para Eli Manning, já que em três horas chuvosas ele encapsulou seus 15 anos de carreira. Altos muito altos, baixos muito baixos, faces inexpressivas e sempre a nossa sensação que ele não é um quarterback bom, mas foi um quarterback iluminado. Em outras palavras, ele é o Pippo Inzaghi da NFL.

Ninguém coloca Inzaghi como um dos melhores atacantes dos anos 2000. Ninguém em sã consciência pode fazer o mesmo com Eli Manning na lista de melhores quarterbacks das últimas duas décadas.

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Sua estatística individual mais incrível não foi uma temporada com 40 ou mais touchdowns – ele teve 35 como máximo em um ano 6-10  – ou um número absurdo de jardas, por mais que ele quase tenha chegado a 5 mil em 2011.

Sua estatística mais impressionante era ele estar lá, disponível para jogar, por 210 partidas seguidas, terceira maior marca da história. E a sequência só acabou porque ele foi jogado no banco de Geno Smith, algo que deixou todo mundo P da vida e fez o quarterback chorar publicamente.

Não precisamos nem comparar ele com seu irmão mais velho Peyton, Drew Brees, Tom Brady ou Aaron Rodgers, o crème de la crème dos anos 2000 e 2010.

Comparando com Philip Rivers e Ben Roethlisberger, todos eles do Draft de 2004, Eli tem os piores números. Ele tem 2 mil jardas menos que Rivers mesmo tendo 10 jogos a mais disputados, 30 TDs menos e 10 pontos de rating a menos.

Comparando com Big Ben, ele tem 200 jardas passadas a mais e um TD a mais, mas com 17 jogos disputados a favor nessa comparação. Ou seja, eles estavam empatados até ontem mesmo com 16 jogos de diferença.

Mas há uma diferença grande de Eli para Rivers, por exemplo, e nem preciso falar qual é.

Ok, eu falo: Eli Manning deu dois títulos para os Giants. Philip Rivers vai estar rodeado por seus 50 netos daqui a 40 anos e vai contar que seu grande momento na NFL foi ter perdido jogos das formas mais bizarras possíveis por mais de uma década.

Até Nick Foles sair do buraco onde estava, Eli Manning era o único que tinha causado verdadeiro impacto no psicológico de Tom Brady e Bill Belichick, tirando da bunda o passe para David Tyree e cinco anos depois FAZENDO O MESMO com Mario Manningham.

Se não fosse por Eli, Michael Strahan não teria um anel para colocar no dedo e ir apresentar programas matutinos. Ele por anos teve mais títulos que PEYTON MANNING.

Ele é o modelo para todo filho mais novo que as pessoas falam que não é nem sombra do mais velho e vai lá e caga na cabeça de todo mundo.

Ele é um cara absolutamente sem personalidade e todos o amam.

Pippo Inzaghi entrou com Pirlo, Maldini, Nesta, Dida, Cafu, Kaká e Seedorf na final da Champions League de 2006/07 e todos só vão lembrar de seus dois gols, um deles de barriga desviando uma cobrança de falta de Pirlo.

Eli Manning tem mais títulos que Philip Rivers, Aaron Rodgers, Drew Brees, Kurt Warner, Steve Young e Brett Favre e nem dá para dizer que ele foi carregado por seu time, porque ele entregou lances icônicos nas duas campanhas de pós-temporada e correspondentes Super Bowls.

É claro que ele tem que entrar no Hall da Fama. Mesmo tendo perdido um jogo a mais do que venceu. Eli Manning sem dúvidas é uma das melhores histórias de atleta que eu conheço.

Escrito por Julio
Specialized in NBA and NFL, left Quinto Quarto in March 2021.
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