Quem ganha mais: a Champions League ou a NFL? A resposta vai surpreender

Julien Josset | 20/10/2025 - 11:19

A Champions League é o torneio mais prestigiado do futebol mundial, mas ainda está longe do poder comercial das grandes ligas dos Estados Unidos. Comparar a UEFA com NFL, NBA, MLB, NHL e até a MLS mostra dois mundos que seguem lógicas diferentes — o europeu da tradição e o americano do entretenimento total.

💰 Receita anual comparada (2024)

Os números impressionam. Mesmo com audiência global, a Champions ainda movimenta menos dinheiro do que qualquer grande liga americana consolidada. A diferença está no modelo: as ligas dos EUA funcionam como franquias, com contratos de TV centralizados e divisão igualitária de receitas.

CompetiçãoReceita anual estimadaClubes / FranquiasModelo
NFLR$ 112 bilhões32Franquias fechadas
NBAR$ 72 bilhões30Franquias fechadas
MLBR$ 61 bilhões30Franquias fechadas
NHLR$ 36 bilhões32Franquias fechadas
Champions League (UEFA)R$ 23 bilhões96 (novo formato 2025)Aberto / meritocrático
MLSR$ 10,5 bilhões29Franquias fechadas
💰 Receita anual estimada (R$ bilhões) — NFL, NBA, MLB, NHL, Champions League e MLS.
Fonte: estimativas 2024–2025 (Forbes, Deloitte, UEFA, Statista).

A NFL sozinha gera mais receita em uma temporada do que toda a UEFA em três anos. A diferença é estrutural: enquanto o futebol europeu depende de performance esportiva, as ligas americanas constroem estabilidade financeira por meio de contratos de mídia e patrocínios centralizados.

📺 Direitos de transmissão: o motor do sistema

Nos EUA, os direitos de TV são o coração do negócio. A NFL fechou um acordo de cerca de R$ 616 bilhões (2023–2033) com CBS, NBC, Fox, ESPN e Amazon. A NBA prepara um novo pacote estimado em mais de R$ 420 bilhões. Já a UEFA arrecada cerca de R$ 26 bilhões por ciclo trienal — o equivalente ao faturamento da NFL em apenas cinco meses.

Essa centralização permite que cada franquia americana receba uma fatia igual do bolo, garantindo previsibilidade orçamentária e menor risco de colapso financeiro — algo que o futebol europeu ainda não conseguiu replicar.

🏦 Patrocínios e branding

O portfólio comercial da Champions inclui gigantes como Heineken, Mastercard, FedEx e PlayStation, que investem cerca de R$ 2,4 bilhões por temporada. Parece muito, mas apenas o Super Bowl gera mais de R$ 2,8 bilhões em publicidade em um único dia.

As ligas americanas também exploram naming rights, merchandising e conteúdo digital em escala global. A NBA, por exemplo, mantém parcerias com mais de 100 marcas regionais e um ecossistema digital que alcança 1,6 bilhão de fãs — algo que a UEFA ainda tenta construir.

📊 Estrutura financeira e estabilidade

Nos Estados Unidos, todas as franquias compartilham receita de mídia e licenciamento. O salary cap impede desigualdades extremas e mantém o equilíbrio esportivo. Já na Europa, o futebol opera como um mercado livre: clubes ricos continuam dominando, enquanto os menores sobrevivem à base de risco e dívida.

Isso explica por que o Manchester City fatura quase dez vezes mais do que um clube médio da Champions. Se a UEFA adotasse o modelo americano, haveria mais equilíbrio — mas menos espaço para histórias como o Leicester 2016 ou o Villarreal semifinalista.

🌎 Alcance global e internacionalização

A Champions ainda é o torneio de clubes mais assistido do planeta, com cerca de 380 milhões de espectadores na final. Mas a NBA e a NFL estão rapidamente globalizando suas audiências — com jogos em Paris, Londres e México, além de forte presença em streaming e redes sociais.

A UEFA tenta seguir o mesmo caminho: novo formato em 2025, parcerias com plataformas digitais e ativações nos EUA e na Ásia. A “americanização” do futebol já é um fato, guiada por investidores de Wall Street e fundos de private equity comprando clubes europeus.

⚽ Conclusão: o futebol quer ser a próxima liga americana

O modelo americano combina controle financeiro, espetáculo e previsibilidade. A Champions ainda oferece drama, tradição e risco — ingredientes que o público ama. Mas o futuro parece inevitável: a UEFA já fala a língua dos negócios globais e dos direitos de streaming.

Se a Champions fosse americana, talvez perdesse parte da mística. Mas ganharia o que o futebol mais precisa hoje: sustentabilidade econômica e visão de longo prazo.

📚 Fontes e metodologia

  • UEFA – Relatório Financeiro Anual 2024 e projeções do novo formato 2025.
  • NFL – Dados de receita da temporada 2023-24 publicados por Forbes e Sportico.
  • NBA – Relatório de negócios 2024 e estimativas de contrato de TV (Bloomberg, CNBC).
  • MLB e NHL – Análises financeiras do Statista e Sports Business Journal.
  • MLS – Dados de crescimento 2024-25 divulgados pela Inter Miami CF Holdings e pelo The Athletic.
  • Comparações e conversões adicionais realizadas com base em estudos da Deloitte Annual Review of Football Finance 2024.

Todos os valores são estimativas de mercado e têm como objetivo ilustrar a diferença de modelo econômico entre o futebol europeu e as ligas norte-americanas, sem caráter financeiro ou contábil oficial.

👉 Leia também: análises econômicas e tendências do esporte global

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