Um grande passo rumo à diminuição de erros de arbitragem na National Football League foi dado nesta terça-feira (26). Durante o Annual League Meeting, que está sendo realizado nesta semana em Phoenix, os proprietários de times aprovaram uma mudança de regra que permite desafios dos técnicos em faltas de interferência no passe (ofensiva e defensiva), tenham sido elas marcadas inicialmente ou não.
A mudança será adotada de maneira provisória pelo período de um ano e, se der certo, ela entrará em vigor de maneira definitiva no futuro.
Os técnicos ainda terão direito a dois desafios por jogo e, nos dois minutos finais do segundo e quarto quartos (assim como em toda a prorrogação), o oficial de replay pode ordenar uma revisão de interferência no passe (ofensiva ou defensiva).
Esta é uma grande modificação nas regras e ela foi motivada sobretudo depois do erro crasso na última final da Conferência Nacional (NFC) entre New Orleans Saints e Los Angeles Rams. Na ocasião, o cornerback Nickell Robey-Coleman, dos Rams, fez contato com o wide receiver Tommylee Lewis, dos Saints, durante a trajetória do passe e os árbitros erraram ao não marcar a interferência.
A falta acabou sendo determinante no jogo, já que os Rams conseguiram forçar a prorrogação e se classificaram ao Super Bowl LIII.
Os proprietários aprovaram a alteração na noite desta terça por 31 votos a 1. O Cincinnati Bengals foi o único time a votar contra o uso de replays em faltas de interferência, segundo o jornalista Mike Garafolo, da ‘NFL Network’.
Para quem começou a acompanhar futebol americano há menos tempo ou então não teve a chance de ver a falta ocorrida em janeiro deste ano, a mudança pode parecer algo simples. Mas ela é simplesmente GIGANTESCA.
O fato de erros absurdos em faltas de interferência agora poderem ser corrigidos vai ajudar a eliminar muitas injustiças. Eu escrevo isso com uma motivação própria, já que sou torcedor do New Orleans Saints e até hoje me dói ter sido eliminado daquela maneira.
Em relação à proibição de desafios dos técnicos para interferência nos dois minutos finais dos tempos, é uma atitude padrão em outros tipos de desafios na NFL. Caso coisas estranhas ocorram neste período de jogo, o próprio escritório da liga em Nova York vai solicitar a revisão via replay instantâneo.
Uma decisão como essa, que torna a interferência no passe a primeira penalidade e ‘marcação subjetiva’ a ser acrescentada à lista de lances passíveis de revisão em toda a história da liga, é algo que precisava ocorrer.
O futebol americano profissional já tem muitos motivos para se gabar por ser um dos esportes que mais utiliza a tecnologia a seu favor. E alterações pontuais como a desta terça mostram que a NFL está sempre disposta a evoluir.
Não vamos mentir: ainda há muitos puritanos dentro da NFL. Mas, ao menos em ocasiões como essa, podemos celebrar que o esporte que tanto amamos está em constante desenvolvimento.
Uma NFL mais justa e mais decidida por méritos/fracassos dos jogadores é o que pedimos aos céus.
PS: Sean Payton deve estar tomando um chopp neste momento e o New Orleans Saints nem esconde a felicidade que o head coach está sentindo.
— New Orleans Saints (@Saints) 27 de março de 2019
PS2: um pouco da palavra oficial de Roger Goodell (só para cumprir tabela mesmo)
“Eu, pessoalmente, acredito que foi o fato de que todos os clubes queriam, e a liga queria resolver essas jogadas. Replay é para corrigir tudo. E, em última instância, as pessoas se comprometeram, penso eu, com visões de longo prazo porque desejam acertar o sistema. Elas querem que a jogada seja certa”, declarou o comissário da NFL.
Outras mudanças de regras aprovadas (e não aprovadas) nesta terça
– Em uma decisão esperada, os proprietários tornaram permanentes as mudanças de 2018 para os kickoffs, de maneira a reduzir o número de colisões (e lesões) nestas jogadas;
– Os donos de times também votaram para eliminar todos os blindside blocks (bloqueios pelo ponto cego) e não apenas aqueles na região da cabeça/pescoço. Essa medida foi aprovada para aumentar a segurança em punts e outros lances;
To expand protection of the player being blocked, @NFL owners voted to eliminate blindside blocks. One-third of all concussions on punts were caused by blindside blocks. With the rule change, any forcible contact by the blocker with his head, shoulder or forearm is prohibited. pic.twitter.com/abA2cENnXe
— NFL Football Operations (@NFLFootballOps) 26 de março de 2019
– Também foi aprovada uma proposta que dá aos times a escolha no timing da aplicação de uma falta pessoal ou de conduta antidesportiva após uma jogada de pontuação. Agora, as jardas da penalidade podem ser aplicadas tanto no extra point quanto no kickoff;
– A NFL arquivou uma proposta (originalmente sugerida pelo Kansas City Chiefs) para garantir uma posse de bola para cada time na prorrogação. Essa proposta voltará a ser debatida em maio, durante o Spring League Meeting;
– A liga rejeitou uma proposta (originalmente sugerida pelo Denver Broncos) de dar aos times uma opção (que poderia ser utilizada apenas uma única vez) no último quarto de arriscar uma quarta descida para 15 jardas a partir da linha de 35 jardas do próprio campo. Isso seria uma alternativa para um time que está atrás no placar (e acabou de pontuar) de recuperar a bola sem a necessidade do onside kick;
Vale lembrar que, de 1992 a 2017, apenas 21,2% dos onside kicks foram recuperados pelo time que chutou, segundo o NFL Research. Já em 2018, depois que os proprietários aprovaram mudanças no kickoff, apenas quatro de 52 tentativas de onside kick (7,7%) foram recuperadas.