Houston Texans finalmente admite que errou e demite Bill O’Brien

Bruno Bataglin | 05/10/2020 - 18:56

Uma decisão errada. O casamento não deu liga. E os indícios já vinham aparecendo há tempos, só a diretoria do Houston Texans não queria enxergar. Um início de temporada 0-4 foi o que precisou para cair a ficha e Bill O’Brien não é mais técnico/general manager da organização texana.

A decisão de desligar o football czar foi noticiada em primeira mão pelo jornalista John McClain, do jornal ‘Houston Chronicle’. Posteriormente, foi confirmada por Adam Schefter, da ‘ESPN’ norte-americana, e Ian Rapoport, da ‘NFL Network’.

Agora, os Texans vão seguir adiante com Romeo Crennel, head coach assistente, como interino. Vale lembrar que o treinador de 73 anos de idade já foi head coach do Cleveland Browns e do Kansas City Chiefs.

A questão central que levanto é: por que só agora? A família McNair achava que o cara ia se tornar um gênio da noite para o dia?

Desde 2014 como HC, O’Brien alternou temporadas absolutamente dignas de esquecimento (9-7 sem playoffs em 2014, 4-12 em 2017 e esse início 0-4 neste ano) com quatro campanhas de classificação à pós-temporada (2015, 2016, 2018 e 2019, todas elas com títulos da divisão AFC South). Foram 52 vitórias e 48 derrotas em temporadas regulares, com apenas uma temporada com mais derrotas do que vitórias.

Se analisarmos apenas isso, foi um trabalho regular. Mas os números só contam parte da história.

Ao longo de sua passagem pelos Texans, O’Brien foi um tomador de decisões de poucas virtudes e muitos defeitos. É fácil perceber, se você não for um membro da família McNair.

Primeiro que todas as temporadas com classificação aos playoffs terminaram com caminhadas curtas na fase decisiva do campeonato: foram duas quedas na rodada de wild card (temporadas 2015 e 2018) e duas eliminações na rodada de divisão (2016 e 2019).

A eliminação mais recente foi digna de uma equipe disfuncional. Pegando o poderoso Kansas City Chiefs, os Texans tiveram um início de jogo arrasador e abriram 24 a 0. E o que aconteceu no restante da partida? Depois de abrir tal liderança, a sequência do jogo (excluindo os 24 a 0 para os Texans construídos inicialmente) teve uma sequência de 51 a 7 para os Chiefs. Assim, houve uma derrota humilhante por 51 a 31, de virada.

Mas O’Brien sobreviveu.

Então veio a offseason de 2020 e ele tomou uma das decisões mais questionáveis da história da National Football League. Trocou ninguém menos que seu principal jogador ofensivo: o wide receiver DeAndre Hopkins. Como compensação, recebeu o running back David Johnson, claramente entrando na fase de declínio de sua carreira, e outras escolhas de Draft que não valem nada perto do monstro que Hopkins é. De quebra, deixou Deshaun Watson, seu quarterback, insatisfeito por perder seu maior alvo.

Este texto poderia perfeitamente ser escrito por meu amigo Miguel Amado, talvez o hater número 1 de O’Brien no Brasil. Mas as palavras dele não seriam muito diferentes das minhas. Talvez só um pouco mais ranzinzas para combinar com ele.

Repetindo o que Miguel disse naquele texto meses atrás: O’Brien não dá…

PS: O’Brien é o primeiro técnico da NFL desde Joe Philbin, em 2015, a ser demitido dentro dos primeiros quatro jogos de uma temporada

Escrito por Bruno Bataglin
Formado em jornalismo em 2013 pela Cásper Líbero, é um dos fundadores do Quinto Quarto e é editor de NFL. Apaixonado por esportes e por música, não necessariamente nesta ordem. Produtor de conteúdo e pensador nas horas vagas.