O investimento frustrado de Gustavo Scarpa, meia do Nottingham Forest, da Inglaterra, com a empresa Xland tem como pano de fundo o colapso da FTX, uma gigante do mercado de criptomoedas cuja quebra gerou um prejuízo de bilhões de dólares a investidores e respingou em estrelas do esporte como Tom Brady, Stephen Curry, Shaquille O’Neal, Naomi Osaka e até franquias da NBA.
A empresa, uma corretora de criptoativos, estava avaliada em cerca de 32 bilhões de dólares (R$ 167 bilhões, na cotação atual), mas entrou com pedido de falência em novembro de 2022 e surpreendeu clientes ao redor do mundo.
Em uma conferência de imprensa, o procurador federal do Distrito Sul de Nova York, Damian Williams, chamou o caso de “uma das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos”.
Propagandas de celebridades e patrocínios a equipes esportivas construíram boa parte da reputação e da fama da FTX, fundada em 2019 pelo bilionário Sam Bankman-Fried, de 31 anos.
We tried to tell ya. @TomBrady is back! LET'S GO! pic.twitter.com/ikpGJffqtA
— FTX (@FTX_Official) March 13, 2022
Em junho de 2021, a companhia assinou um acordo de 135 milhões de dólares (R$ 712 milhões, na cotação atual) para ter os naming rights do ginásio do Miami Heat, que ficou então conhecido como FTX Arena, nome já destituído desde o pedido de falência.
Segundo a Forbes, o CEO assinou com Brady, Curry e Shaq para serem embaixadores da empresa. Gisele Bündchen, ex-esposa de Brady, também foi contratada como assessora de iniciativas ambientais e sociais.
Agora, os atletas e a modelo brasileira foram citados em uma ação coletiva contra a FTX que alega prejuízos de mais de 11 bilhões de dólares a consumidores dos Estados Unidos.
Segundo o processo, os réus são responsáveis pelos danos bilionários. O documento também afirma que a corretora foi criada para se aproveitar de “investidores não-sofisticados”.
O problema para Brady e Gisele vai além do processo judicial. O casal, divorciado desde outubro, tem participação acionária na empresa, cujo valor caiu para 1 bilhão de dólares, segundo a Bloomberg.
Scarpa, Brady e Curry no prejuízo
O colapso da corretora foi capaz de afetar estrelas de diferentes esportes. Gustavo Scarpa, Willian e Mayke, jogadores de Nottingham Forest, Fluminense e Palmeiras, respectivamente, ganharam notoriedade por perderem milhões de reais em seus negócios com a Xland, empresa que operava no mercado de criptomoedas por meio da FTX.
Havia a expectativa de retornos financeiros na casa dos 5% ao mês. Scarpa colocou R$ 6 milhões na aplicação, e Willian afirma ter levado um prejuízo de R$ 17,5 milhões.
A companhia é acusada de fraude e foi acionada na justiça por calotes em investidores. O jogador do Nottingham Forest também registrou um boletim de ocorrência. Segundo um dos diretores da Xland, em entrevista ao ‘Fantástico’, da TV Globo, seu negócio foi prejudicado pela falência da FTX.
Além dos futebolistas, a surpreendente queda da gigante dos ativos digitais, em novembro, fez com que astros do basquete, do futebol americano, do baseball e do tênis também tivessem seus nomes envolvidos nos destroços.
Na lista de embaixadores, é possível reconhecer grandes estrelas como Tom Brady, ex-quarterback e maior campeão da NFL, Shaquille O’Neal, ex-pivô e membro do Hall da Fama da NBA, Naomi Osaka, tenista japonesa com quatro títulos de Grand Slam e ex-número 1 do mundo, David Ortiz, ídolo do Boston Red Sox e integrante do Hall da Fama da MLB, e Stephen Curry, armador do Golden State Warriors e tetracampeão da NBA.
Welcome to the FTX Team, Stephen Curry!
We're excited to announce he's become FTX Global Ambassador and a shareholder. Though, who better to announce it than @StephenCurry30 himself?! pic.twitter.com/Ypj50hnumG
— FTX (@FTX_Official) September 8, 2021
Todas essas figuras usavam suas posições de destaque no esporte para promover a corretora e atrair investidores.
De acordo com a ‘Fortune’, os contratos de Brady e Curry estabeleciam uma parte acionária em troca dos serviços prestados. Ou seja, com o colapso da FTX e a consequente redução drástica no valor de mercado da empresa, ambos perderam dinheiro.
O dono do New England Patriots, Robert Kraft, também era acionista da corretora. O bilionário era próximo de Brady, que defendeu os Patriots por 20 temporadas na NFL. Juntos, fizeram da franquia a mais bem-sucedida do século e conquistaram seis títulos do Super Bowl.
Uma reportagem do ‘Financial Times’ apontou que o valor das ações da FTX de Tom Brady e Gisele Bündchen eram equivalentes a 52 milhões e 32 milhões de dólares, respectivamente. O pedido de falência provavelmente significa a perda dos investimentos feitos na companhia, ainda segundo a publicação.