Por que Zach LaVine não seria uma boa para o Los Angeles Lakers

Antônio Henrique Pires Collar | 12/12/2023 - 20:41

O torcedor do Los Angeles Lakers já está acostumado. Se tem rumor de troca na NBA, tem a franquia no meio. Nas últimas semanas, o nome da vez passou a ser Zach LaVine, ala-armador do Chicago Bulls. Com a equipe de Illinois em baixa, acredita-se que o front office buscará reformular o elenco para os próximos anos. De acordo com o repórter Shams Charania, do The Athletic, os outros interessados no jogador são Miami Heat e Philadelphia 76ers. 

Ainda que a diretoria tenha acertado a mão nas peças de apoio a LeBron James e Anthony Davis este ano, Rob Pelinka parece acreditar que esteja faltando uma terceira estrela no elenco. É uma ideia que faz parte do DNA da franquia. Foi com este pensamento que Pelinka trocou por Russell Westbrook há dois anos. 

A história voltou a ganhar força nos últimos dias, quando foi anunciado que LaVine só voltará às quadras no próximo ano por conta de um problema no pé. Seu retorno, no meio de janeiro, deve coincidir com o período em que free agents que assinaram novos contratos esta temporada possam ser trocados. É o caso de Rui Hachimura e D’Angelo Russell.

As chances de o camisa 8 dos Bulls terminar o ano em Los Angeles, portanto, são reais. Mas será que vale o negócio? Abaixo, vamos analisar os possíveis cenários que poderiam levar Zach LaVine aos Lakers e as consequências para o restante da temporada do time.

Quem iria embora?

A disponibilidade de Chicago em negociar seu jogador mais valioso não faz com que o negócio seja fácil. LaVine tem mercado e outros candidatos ao títulos são mencionados entre os possíveis interessados no seu talento. Rumores dão conta de que o principal alvo dos Bulls é Austin Reaves, disponível para trocas a partir de 15 de janeiro. Aos 25 anos, Reaves assinou um contrato de 56 milhões de dólares com os Lakers por mais quatro temporadas. Além dele, outros nomes precisariam entrar no pacote. As possibilidades mais reais são Rui Hachimura (51 milhões por três temporadas), D’Angelo Russell (36 milhões por duas temporadas) e Gabe Vincent (33 milhões por três temporadas).

O problema é que os Lakers não parecem dispostos a perder Reaves. Não faz muito que a diretoria se recusou a envolver o armador em um negócio por Kyrie Irving. Além disso, ele voltou a performar em alto nível desde que foi deslocado para a segunda unidade. Vindo do banco de reservas, Reaves teve médias de 14.7 pontos e 5.1 assistências em 15 jogos na temporada regular, além de uma atuação de 28 pontos na final da Copa NBA. No período, foram 12 vitórias e quatro derrotas para o time de Darvin Ham. Nada me parece que exista motivo de pressa para realizar qualquer troca por lá.

Chicago Bulls melhor sem Zach LaVine?

Os Bulls são, definitivamente, diferentes sem Zach LaVine. A ausência do All-Star abriu espaço para jogadores com características diferentes, como Torey Craig, utilizado em 10 minutos do último período e 3 da prorrogação contra os Bucks, na segunda-feira. Mesmo Ayo Dosunmu, que virou motivo de piada por ter terminado com 0 pontos, 0 rebotes e 0 assistências, foi o segundo jogador dos Bulls que mais contestou arremessos contra os Bucks, com seis.

A defesa fica naturalmente mais forte e, com a bola nas mão de DeMar DeRozan, o ataque fica mais coletivo. Desde que LaVine se machucou, os Bulls disputaram cinco partidas e venceram quatro. Com ele nesta temporada, foram cinco vitórias e 13 derrotas em 18 jogos. Com LaVine, os Bulls marcam média de 106.4 pontos. Nos últimos cinco compromissos, esse número subiu para 121.0. No mesmo período, Coby White teve médias de 26.0 pontos (16.3 jogando ao lado de LaVine) enquanto DeRozan anotou 28.5 pontos e 8.5 assistências (22.6 e 5.3 antes).

Como Zach Lavine se encaixaria nos Lakers?

Aqui, só podemos fazer projeções. O impacto da possível chegada de LaVine à Crypto Arena vai depender também do negócio arranjado por Rob Pelinka e seus assessores. Me permitirei a imaginar cenários em que os Lakers consigam concluir a troca sem abrir mão de Austin Reaves. Neste caso, salários como os de D’Angelo Russell, Gabe Vincent e Rui Hachimura teriam de ser envolvidos.

A presença de LaVine forçaria uma reformulação no sistema ofensivo de LA, que deixaria de contar com um armador de ofício. O mais provável é que nesta configuração a bola ficasse mais tempo na mão de LeBron James, já que LaVine, embora suas 4.9 assistências na temporada, nunca foi conhecido pela sua capacidade como playmaker.

A principal característica ofensiva no jogo de LaVine é o seu drive. Ou seja, o ataque conduzindo a bola em direção ao aro. Ele tem média de 10.5 drives por partida, resultado em 6.6 pontos e 0.8 assistências. Apenas LeBron James (10.4 drives, 8.0 pontos) tem números semelhantes aos seus na equipe angelina. O que mais se aproxima disso é Austin Reaves, com 7.8 drives e 5.0 pontos. Uma das características que faz com que seja mais eficiente vindo do banco de reservas.

Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.