NBA: Um irmão novo (caçula) nos Warriors pode salvar os Splash Brothers

Eduardo Barão | 17/02/2024 - 17:06

Quando falamos da dinastia do Golden State Warriors, começamos lembrando do título em 2015 e do início incrível na temporada seguinte, com recorde de 73 vitórias e apenas 9 derrotas.

Pois hoje, quase uma década depois, às vésperas do All Star break de 2024, algumas das principais peças daquele time ainda estão por lá: Steph Curry, Klay Thompson, e Draymond Green. 

Com o tempo, os joelhos e tornozelos não são mais os mesmos. A qualidade de Curry segue indiscutível. Mas parece que algumas defesas pela NBA já encontraram o caminho para anular pelo menos um dos Splash Brothers. 

Chegou a hora de colocar Klay Thompson definitivamente no banco?

Com 34 anos completos no último dia 8 de fevereiro, e em seu último ano de contrato, o ala-armador conta com 4 anéis da NBA e foi 5 vezes selecionado para o All-Star Game. Mas está tendo sua pior temporada desde o primeiro título, com “apenas” 17.3 pontos por jogo (em 2016/2017, sua melhor temporada, anotou em média 22.3PPJ). Steve Kerr tem optado com certa frequência por não manter Klay em quadra nos minutos finais das partidas, e o próprio jogador já externou sua frustração com o momento ruim.

Depois da vitória dos Warriors contra os Nets quando Klay foi pro banco faltando 7:19 para o final da partida – substituído pelo brasileiro Gui Santos, que até então tinha 61 minutos de experiência na liga, ele desabafou no vestiário ao ser perguntado sobre terminar o jogo do lado de fora:

“Está brincando comigo? Partir do ponto onde era um dos melhores jogadores… É difícil para qualquer um”.

No jogo da última quinta-feira (15), o “namoro” de Klay Thompson com a segunda unidade finalmente deu match. O ala começou o jogo no banco de reserva, fato que não acontecia há 12 anos e 727 jogos. A última vez que o jogador começou uma partira como reserva foi em 11 de março de 2012, contra o Los Angeles Clippers. Naquele Jogo, o jovem Klay de apenas 22 anos saiu do banco para anotar 11 pontos e duas assistências.

12 anos depois, contra o Utah Jazz, Thompson liderou a segunda unidade  do time do norte da Califórnia, anotando 35 pontos, e seis rebotes, terminando o duelo como o cestinha do time mesmo saindo do banco.

Lesões e suspensões também trazem oportunidade 

As eventuais ausências de Andrew Wiggins, Gary Payton II, Moses Moody e Chris Paul por lesão, mais a suspensão de Draymond Green forçaram Steve Kerr a buscar novas opções na rotação, dando mais minutos principalmente para Jonathan Kuminga. A torcida já fala que ele será o caçula que pode manter o time em destaque.

O jovem congolês de 21 anos está em sua terceira temporada na liga, mas seus números dos últimos jogos impõem respeito num elenco cheio de estrelas.

Veja os números dos últimos jogos de Kuminga nos Warriors:

  • 13 PTS, 5 REB, 83% FG
  • 13 PTS, 8 REB, 46% FG
  • 14 PTS, 2 REB, 40% FG
  • 21 PTS, 5 REB, 50% FG
  • 18 PTS, 2 REB, 56% FG
  • 18 PTS, 6 REB, 50% FG
  • 28 PTS, 10 REB, 50% FG
  • 16 PTS, 4 REB, 50% FG
  • 29 PTS, 6 REB, 73% FG
  • 26 PTS, 7 REB, 58% FG
  • 22 PTS, 9 REB, 50% FG
  • 31 PTS, 3 REB, 63% FG
  • 25 PTS, 9 REB, 100% FG

Kuminga tem 189 jogos de temporada regular na carreira, e anotou mais de 20 pontos e de 9 rebotes em apenas 5 deles. Quatro dessas 5 vezes foram neste temporada.

Não me parece coincidência que o inicio dessa série aconteceu na mesma noite que Green voltou da suspensão – e o retorno do veterano mostrou que a dupla Kuminga-Wiggins pode realmente funcionar na segunda metade da temporada.

Kerr parece disposto a finalmente investir mais tempo na renovação dos Warriors: na dura derrota (na prorrogação) contra o Atlanta Hawks, quase metade dos 265 minutos disponíveis foram disputados por jogadores com 23 anos ou menos. E o técnico aceita que alguns erros são perdoáveis no processo.

— Queremos que ele (Kuminga) entenda que ele pode continuar correndo a quadra e indo direto pra cesta, que nós estamos dispostos a aceitar alguns erros defensivos e outras coisas para ele seguir evoluindo — disse Steve Ker, técnico dos Warriors.

Nova rotação, novo jogo, muitos pontos

Muito se fala sobre a revolução que o Golden State teria causado no basquete, com as cestas de 3 crescendo em número e em importância. A imagem que os fãs mais velhos da bola laranja carregam do pivô também mudou muito, não há mais espaço pro grandalhão plantado no garrafão, que não contribui com pontos (Shaq teria vaga hoje?).

Porém Klay Thompson sempre pôde contar com o pivozão de referência: foi assim com Andrew Bogut, Zaza Pachulia, JaVale McGee e até Kevon Looney em 2022. Mas o time já não vem jogando com um 5 tradicional há tempos. E nesse novo formato, Klay Thompson também precisou se adaptar, saindo da 2 e indo pra 3, posição que exige mais versatilidade e leitura, mas também pede que ele jogue mais perto da cesta do que está acostumado. 

Com isso vemos um desempenho com altos e baixos do ala-armador: na noite da última quinta-feira, Klay fez a sua melhor partida da temporada, anotando 35 pontos saindo do banco, e causando impacto muito positivo na vitória contra Utah, com um plus-minus de 7, um dos maiores entre seus companheiros.

Do fim do janeiro até aqui, o Golden State Warriors perdeu apenas dois dos seus últimos 10 jogos. Quando tudo funciona, vemos um estilo de jogo que dá ao Golden State a segunda maior média de pontos do Oeste, com 119.7 pontos por jogo, atrás apenas do líder OKC, que anota 120,8 PPJ. O “problema” parece ser na outra ponta da quadra…

Números ofensivos dos Warriors:

TimeVitóriasDerrotasPontos a favorPontos contra
1Oklahoma City (1)3916120,8113,6
2Golden State (10)2726118,9118,2
3Dallas (7)3223118,7117,2
4LA Clippers (3)3617118,5112,7
5Sacramento (8)3123118,117.9

Para tranquilidade de Kerr, muitas peças nos Warriors têm total capacidade de manter o time competitivo no ataque, seja no time titular, seja no banco. Mas uma campanha de 27 vitórias e 26 derrotas até aqui e a amarga 10ª colocação no Oeste reforçam a frase de Phil Jackson: “Ataque ganha jogos, defesa ganha campeonatos”.

Escrito por Eduardo Barão
Eduardo Barão é jornalista, radialista, escritor e palestrante brasileiro, com mais de 20 anos de experiência. Atualmente, é correspondente internacional do Grupo Bandeirantes de Comunicação nos Estados Unidos. Apaixonado por esporte, cobriu nos ginásios as últimas finais da NBA.