Tudo o que você precisa saber sobre o All-Star Weekend da NBA

Antônio Henrique Pires Collar | 14/02/2024 - 15:00

Acontece a partir da próxima sexta-feira (16), em Indiana, nos Estados Unidos, mais uma edição do NBA All-Star Weekend. O final de semana das estrelas, em bom português, coloca frente a frente os melhores jogadores em atividade na liga. Criado no início dos anos 1950, o evento passou por diversas mudanças de formato ao longo dessas mais de seis décadas, mas se manteve sempre como um momento tanto de celebração quanto de promoção do jogo.

Se você não está acostumado com o All-Star da NBA e está curioso para ver LeBron James e Stephen Curry enfrentando Jayson Tatum e Giannis Antetokounmpo, aqui explicaremos tudo o que você precisa saber sobre o passado e o presente.

A história do All-Star da NBA

Reunir os melhores nome do esporte em um confronto amistoso foi uma criação da MLB, principal liga norte-americana de beisebol, ainda na década de 1930. Em 1951, a NBA resolveu adotar um modelo semelhante como forma de se divulgar. A ideia partiu de Walter A. Brown, então proprietário do Boston Celtics, que ofereceu sediar a partida entre os selecionados das conferências Leste e Oeste.

Em 2 de março de 1951, o jogo ocorreu no antigo Boston Garden e teve vitória por 111 a 94 para o Leste. Ed Macauley, dos Celtics, terminou com 20 pontos efoi eleito o primeiro MVP. Mais importante do que qualquer resultado dentro de quadra, foi o sucesso fora dela, com presença de mais de 10 mil pessoas no ginásio, número muito superior a média de público da temporada, que ficava na casa dos 3 mil.

Foi o suficiente para que o evento fosse renovado para o ano seguinte, no mesmo local. De lá para cá, o All-Star só não foi disputado em 1999, em decorrência de um lockout que atrasou o início da temporada para fevereiro daquele ano.

Como funciona a escolha

Entre 1951 e 1974, os nomes eram escolhidos por jornalistas que trabalhavam na cobertura da liga. A partir de 1975, a seleção passou a ser feita através dos votos dos fãs. Este modelo causou polêmicas históricas, como em 2003, quando o chinês Yao Ming teve mais votos do que Shaquille O’Neal e deixou o pivô do Los Angeles Lakers no banco de reservas. À época, Shaq vinha de três títulos consecutivos, mas a popularidade de Yao no continente asiático pesou ao seu favor.

A partir de 2017, a NBA resolveu incluir também jogadores e jornalistas na escolha dos quintetos iniciais. Atualmente, a participação dos fãs equivale a 50%, enquanto atletas e analistas se dividem com 25% de peso para cada um. Os reservas 14 reservas, sete para cada lado, são escolhidos pelos 30 treinadores da liga.

Os formatos ao longo dos anos

O formato mais tradicional é o que temos hoje, que repete a forma proposta lá em 1951: Leste x Oeste. Na década passada, no entanto, buscou-se uma forma de tentar recuperar a intensidade do evento, que com o tempo transformou-se muito mais em uma demonstração de talento do que em competição. A sugestão foi definir dois capitães, um de cada conferência, e eles escolheriam seus times nome a nome, quase como em pelada de rua.

Isso aconteceu seis vezes, entre 2018 e 2022, com LeBron James tendo sido capitão em todos os anos. Ele enfrentou equipes montadas por Stephen Curry (2018), Kevin Durant (2021 e 2022) e Giannis Antetokounmpo (2019, 2020 e 2023). Foram cinco vitórias e uma derrota (2023, contra Giannis) para o Rei. Em 2024, o modelo original foi remotado, voltando com a disputa entre conferências.

A origem do torneio de enterradas no All-Star

Um dos momentos mais aguardados pelos fãs, o Slam Dunk Contest teve origem fora da NBA. A ideia partiu da American Basketball Association, a ABA, organização que fazia frente à NBA entre as décadas de 1960 e 1970. Em 1976, Julius Erving, o Doctor J, sagrou-se como o primeiro campeão do torneio de enterradas da ABA.

Mais tarde naquele ano, ABA e NBA se fundiram, o que resultou na extinção da outra liga. Quatro times da ABA passaram a fazer parte da National Basbetball Association: Denver Nuggets, San Antonio Spurs, Indiana Pacers e New York Nets – time de Doctor J, hoje o Brooklyn Nets. A partir daí, resolveu-se incorporar também um torneio de enterradas.

Isso aconteceu 1976-77, mas de maneira pouco convencional. Em vez de uma noite de competição com poucos atletas, como é hoje, cada equipe determinava uma jogador como seu representante ao longo da temporada, com apresentações feitas no intervalo dos jogos. Como era de se esperar, o plano não foi pra frente e durou apenas um ano.

O Slam Dunk Conteste voltaria à NBA em 1984, agora de maneira oficial. Agora, as apresentações seriam com cerimônia oficial, com os jurados dando as notas e definindo o vencedor na mesma hora – bem como acontece hoje em dia.

Foi também o primeiro ano em que o evento passou a ser organizado em três dias diferentes, o que se mantém até os dias atuais. Na sexta-feira, o Legends Game apresentava uma partida de ex-jogadores. No sábado, o campeonato de enterradas. Por fim, o domingo era encerrado com o jogo das estrelas.

Nomes como Larry Nance, Doctor J, Dominique Wilkins e Michael Jordan ajudaram a consolidar o sucesso da disputa nos anos 1980.

O torneio de 3 pontos

Se os homens mais atléticos da NBA tinham seu espaço reservado no final de semana das estrelas, era preciso criar também um momento para os arremessadores. E não demorou muito para isso acontecer. Em 1986, em Dallas, foi introduzido o torneio de 3 pontos.

Oito atletas participaram, e o vencedor foi Larry Bird, ídolo dos Celtics. Bird ainda venceria em 1987 e 1988. Ele e Craig Hodges (1990, 1991 e 1992) são os únicos tricampeões da história.

A partir de 2014, foram incluídas as chamadas “money balls”, que valem mais pontos. Dos cinco carrinhos espalhados pela quadra, quatro contam como uma bola especial e um deles, à escolha do arremessador, é composto por cinco money balls.

Desafios de habilidades, Rising Stars e mais

Em mais de seis décadas de All-Star, eventos acessórios foram se tornando comuns na grade do final de semana. O mais tradicional deles é o Rising Stars, que surgiu em 1994 sobre o título de Rookie Challenge. Entre o surgimento até 2011, o jogo reunia os melhores calouros da temporada em uma espécie de jogo das estrelas de novatos.

Em 2012, a mudança para o Rising Stars passou a incluir também jogadores que estavam em seu segundo ano. A seleção de nomes era feita por ex-jogadores, como Shaquille O’Neal e Charles Barkley (2012 e 2013) e depois Chris Webber e Grant Hill (2014). A partir de 2015, uma nova mudança passou a dividir os garotos entre Time Mundo e Time Estados Unidos.

Entre 2022 e 2023, os times passaram a ter novatos, segundanistas e atletas da G-League. Este ano, a disputa contará com quatro times e haverá disputa de semifinais e final para decidir o ganhador da noite.

Duas novidades surgidas no início dos anos 2000 também serão repetidas: o primeiro é o Jogo das Celebridades, que desde 2003 põe em quadra ex-jogadores consagrados com famosos dos mais diversos meios. O Brasil já foi representado duas vezes, sendo a primeira por Oscar Schmidt, em 2017, e a segunda pelo apresentador Marcos Mion, em 2023.

Também surgido em 2003, o desafio de habilidades testa profissionais em seus fundamentos – drible, passes e arremesso, em uma dinâmica que o vencedor é quem concluir todas as etapas de maneira mais rápida. O evento se mantém até hoje, com algumas variações de formato de um ano para o outro.

Programação do All-Star Weekend de 2024

Sexta-feira

Jogo das Celebridades
NBA Rising Stars (semifinais e final)

Sábado

Desafio de habilidades
Torneio de 3 pontos
Stephen Curry x Sabrina Ionescu (desafio de 3 pontos especial)
Torneio de Enterradas

Domingo

All-Star Game: Leste x Oeste

 

Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.