Por que você precisa conhecer Caitlin Clark se é fã de basquete

Antônio Henrique Pires Collar | 22/02/2024 - 11:02

No último sábado (17), os fãs da NBA tiveram a chance de ver em ação Stephen Curry contra Sabrina Ionescu, um dos maiores talentos em atividade na WNBA, principal liga de basquete feminino nos Estados Unidos. Desde 2023 a jogadora do New York Liberty é recordista em torneios de arremessos, com 37 pontos, superando os 31 feitos pelo próprio Curry dois anos antes. Enquanto Sabrina segue encantando e quebrando barreiras, outro nome já desponta como futura estrela: Caitlin Clark, possível primeira escolha do Draft de 2024.

Se você gosta de esporte, é bom gravar este nome. Aos 22 anos, Caitlin Clark ainda não estreou como profissional, mas em quatro anos jogando por Iowa já colocou seu nome nos livros de basquete dos Estados Unidos. No último dia 11, tornou-se a maior cestinha entre as mulheres na história da Divisão 1 da NCAA, associação responsável por organizar as competições universitárias do país. Clark precisou de 3.528 pontos para chegar ao topo e quebrar a marca estabelcida por Kelsey Plum e que durava desde 2017.

Não são apenas os pontos que transformam Caitlin em sensação nacional. Veja a antiga detentora do recorde, Kelsey Plum. Mesmo já sendo bicampeã da WNBA e medalhista de ouro olímpica, nunca recebeu a mesma atenção da camisa 22 de Iowa. A chave para o sucesso aqui se dá pelo encantamento, típico de atletas cujo o impacto revolucionário se estende pelo esporte nas décadas seguintes.

Em casos como este, comparações se tornam tão difíceis quanto injustas. Mas se você está acostumado a ver basquete apenas na NBA, talvez lembre bastante do próprio Stephen Curry ao assisti-la jogar. Não tanto pelo estilo, Caitlin tem um domínio maior das ações com a bola do que o astro dos Warriors, mas pela capacidade de arremessar de longa distância.

Neste ano, por exemplo, Curry chuta em média 12 vezes do perímetro. Caitlin o faz 13.5, com uma taxa de conversão de 40% – 5.4 bolas de 3 pontos por partida. E, para ela, quanto mais longe melhor: em 2023, acertou 43% das tentativas entre 25 e 33 pés (algo entre 7.6m e 10m, na conversão para metros). Curry, conhecido pelas bolas do meio da quadra, acerta 42% nessas situações.

O fenômeno em quadra

Desde que chegou ao nível universitário, ela melhora um pouco todos os anos. Seus números de pontos e assistências subiram temporada após temporada, e hoje lidera a NCAA nos dois quesitos, com 32.8 e 8.5 de média. Nenhuma outra jogadora na categoria chega aos 30 pontos, e quem mais se aproxima disso é JuJu Watkins, caloura de USC, com 27.5.

Em 2023, Caitlin levou Iowa pela primeira vez à disputa do título nacional. Conseguiu eliminar as atuais campeãs de North Carolina no Final Four, mas ficou com o vice-campeonato após derrota para LSU de Angel Reese na decisão. Pelo caminho, colecionou feitos históricos: tornou-se a primeira mulher a conseguir um triplo-duplo na decisão da Big 10 (28 pontos, 15 assistências e 10 rebotes) e foi a primeira atleta entre feminino e masculino com dois jogos seguidos de 40 pontos nas quartas e semifinal do torneio nacional.

Também foi a única mulher na história Divisão 1 a terminar uma temporada com pelo menos mil pontos e 300 assistências, além de ter sido a pessoa (de novo, entre masculino e feminino) mais rápida a chegar em 1.500 pontos na carreira universitária nas últimas 20 temporada. Como prêmio individuais, recebeu os troféus de Jogadora do Ano pela Associated Press, o Naismith Award e o Wooden Award, as três das principais honrarias à disposição.

O efeito Caitlin Clark

A história do basquete feminino universitário dos Estados Unidos não começa em Caitlin, longe disso. Nomes como Cheryl Miller (USC, 1982 a 1986), Lisla Leslie (USC, 1990 a 1994), Diana Taurasi (Uconn, 2000 a 2004) e Candance Parker (Tennessee, 2004 a 2008) ajudaram a pavimentar o caminho hoje trilhado pela estrela de Iowa. Nenhum destes nomes citados, no entanto, atraiu tanta atenção quando a garota de 22 anos. Confira algumas estatísticas:

  • Com Caitlin Clark em quadra, Iowa quebrou o recorde de público em uma partida de basquete feminino, com 55.646 pessoas no Kinnick Stadium, casa da equipe de futebol da cidade. O jogo era amistoso, de pré-temporada.
  • Dezessete dos 19 maiores públicos na história dos jogos de Iowa aconteceram nos últimos três anos. Os outros dois foram na década de 1980.
  • Trinta dos últimos 32 jogos de Iowa como visitante terminaram tiveram ingressos esgotados e/ou recorde de público dos mandantes
  • Segundo a Associated Press, equipes que recebem jogos de Iowa têm um aumento de 150% do público em comparação com a média no restante da temporada
  • Segundo balanço divulgado pelo site Vivid Seats, os cinco jogos mais procurados do basquete feminino na temporada foram de Iowa. Ainda de acordo com a empresa, o valor dos ingressos subiu 224% desde que ela entrou na universidade, e a distância que os fãs viajam para ver o time jogar aumentou em 34%.
  • Segundo o site Fantics informou à CNN dos Estados Unidos, Caitlin Clark é a atleta universitária com mais produtos comercializados entre homens e mulheres desde que isso se tornou permitido, em 2022.
  • Entre os principais parceiros comerciais, estão empresas como Nike, Gatorade e State Farm.
Escrito por Antônio Henrique Pires Collar
Formado em jornalismo pela PUCRS e em Basketball Analytics pela Sports Management Worldwide. Com passagem de 6 anos e meio pela editoria de Esportes do jornal Zero Hora e do portal GZH, de Porto Alegre.